ENCONTRE-ME - OS LOBOS (LIVRO 1)

CAPÍTULO 10

Estou presa a uma árvore, sinto meu peito arder com o desespero que me toma. Tento com todas as forças me soltar , mas tudo o que consigo é me apertar cada vez mais. De longe, avisto uma criatura com olhos vermelhos e pelos claros, o luminar da lua os fazem brilhar. Acabo gritando na tentativa de alguém me ouvir , mas quando abro os olhos...

Percebo que foi apenas um pesadelo horrendo.

Sento-me às pressas em minha cama e encaro a sombra das folhas da árvore balançarem em minha parede. Aos poucos minha respiração vai se normalizando, mas o medo ainda se fez bem presente dentro do meu peito.

(...)

Aquele bilhete estava bem guardado dentro da minha gaveta ao lado da cama. Ainda não sabia se deveria de fato contar ao Dylan o que recebi. Acontece que eu não estou disposta a acabar com suas noites de sono assim como vem acontecendo comigo.

Às vezes me pergunto se tudo isso tem a ver com o Harry, e que talvez ele tenha sido pressionado, não encontrando outra escolha a não ser partir. Ou talvez estivesse mesmo fugindo de ameaças como essas.

O dia, como sempre, permanecia seco, o que nos obrigava a economizar nas vestes. Coloquei meu vestido azul claro e meu sapatinho branco. Prendi meus fios em um rabo alto e apanhei minha mochila.

O colégio estava em festa, o jogo de sexta-feira foi um sucesso, e o Jackson parecia uma celebridade de Hollywood sendo perseguido por fãs. Aposto que ele está se sentindo exatamente assim.

Antes de colocar os pés dentro da sala de aula, vejo Hunter se aproximar com uma pasta azul em mãos, antes que eu ignore sua presença, ele chama por mim, fazendo-me parar. Fecho meus olhos dramaticamente, e me viro para ele, forçando um sorriso.

— Sim, professor!! — Agarro meu livro um pouco mais forte.

—  Quero que você e a senhorita Evans, refaçam o trabalho que me entregaram! —  Com sua postura firme e expressões soberbas, ele me estende sua pasta. —  Vocês terão o prazo de uma semana. Espero que façam direito desta vez!!

Perdi as contas de quantas vezes abri e fechei a boca para respondê-lo, porém, foi como se minha voz estivesse escondida em algum canto de mim. Hunter apenas saiu a passadas largas, endireitando o casaco em seu corpo.  Nosso trabalho estava impecável, fiz questão de revisá-lo duas vezes antes de entregá-lo. Realmente não compreendo seus motivos.

Sério, obrigada mesmo, Tia Liza!

—  Aconteceu alguma coisa? —  Dylan perguntou ao chegar perto de mim.

Balancei a pasta no alto e entrei,  sentando-me em minha cadeira de costume. Dylan me seguiu e sentou ao meu lado.

—  E o que é isso? —  Pegou o objeto, com o cenho franzido.

—  Trabalho do professor de história. Parece que não estava agradável aos olhos da realeza. Me mandou refazer. —  Bufo baixinho após explicar a ele.