CAPÍTULO 22

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        Acordei com a respiração ofegante e me sentei sobre a cama logo quando percebi que o despertador estava ligado.  Meu coração ainda estava disparado mesmo depois de ter aberto os olhos e me dado conta de que tudo foi um sonho, ou melhor, pesadelo.

        Nesse incontável tempo de tortura, eu parecia presa a algo debaixo da água e não conseguia me desprender,  até que uma mão misteriosa me puxou para a superfície, com força, e, antes de poder enxergar seu rosto, acabei acordando.

—  Alice, desce logo para tomar café comigo, eu já estou de saída.

—  Já vou, Tia!! — grito de volta, sem abrir a porta.

        Depois de me aprontar, desci as escadas, segurando minha bolsa e sapato.

—  Também não precisa correr né, Alice. —  murmurou ela, colocando o chá na xícara.

—  Você que me pediu pra vir logo, tia. —  Ergo os ombros,  fazendo-me de inocente.

— Sabe, o dia que você descer rolando e quebrar os braços e as pernas, eu vou apenas sentar e rir.

—  Credo, dona Eliza. —  Sento-me de frente para ela, pegando a torrada.  —  Quanto ódio dentro desse coração!!

—  É, eu não estou nos meus melhores dias.

—  Deveria estar um pouco feliz,  Hunter não vai mais ficar na sua cola.

—  Tem razão... E, sobre isso  — Ergo meus olhos para ela, enquanto tomo meu chá. —  Não quero que esconda mais nada de mim, Alice! Por favor, de hoje em diante quero que me prometa que falaremos de tudo... Até sobre garotos!!

Reviro os olhos.

—  Tudo bem, tia. Mas não se preocupe sobre a última parte, não vai rolar papo sobre garotos com você. Não mesmo.

—  Por quê? —  pergunta, desapontada. —  Não confia na sua tia?

E ela voltou com seu drama!

—  Eu confio em você... — Penso um pouco. —  Não tanto, na verdade. Em relação ao sexo masculino seus conselhos não são válidos.

—  Ei!! — resmunga, fingindo estar ofendida.

—  Vai me dizer que não tenho razão? — Ergo as sobrancelhas e ela se cala, comprimindo os lábios. —  Obrigada.

        Tia Liza joga o pano de prato em mim, causando alguns risos. A manhã estava leve para nós, tudo parecia mais claro e mais vivo. Acho que eu estava enxergando as coisas de maneira diferente. Só agora sei dar o valor suficiente à minha paz.

(...)

       Dylan não foi ao colégio, alegando estar doente, achei estranho pois ficamos juntos a tarde passada e ele parecia perfeitamente bem.  O mais revoltante de tudo, é ver Stacey se divertindo com seus amigos sem parecer nem de longe preocupada.

       Depois das aulas, segui meu caminho direto para a casa de Dylan. Passando em frente a mansão, não pude conter a curiosidade em olhar. O lugar estava mesmo fechado e havia uma placa de venda na entrada, eu só precisava torcer para que aparecessem vizinhos normais.

        Cheguei a casa de Dylan e apertei a campainha várias vezes, eu estava prestes a ligar para ele quando a porta se abriu, revelando um amigo totalmente desarrumado e com as bochechas fortemente coradas.

—  Ei!

—  Alice, o que faz aqui? —  questionou, sem demonstrar nenhuma calma. Na verdade, Dylan parecia meio bravo.

ENCONTRE-ME -  OS LOBOS (LIVRO 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora