ENCONTRE-ME - OS LOBOS (LIVRO 1)

CAPÍTULO 35

Seguro o aparelho em minhas mãos, a tela está toda trincada, mas ainda consigo ver algumas coisas. Sei que a invasão de privacidade seria horrível, mas se fez necessário encontrar algum número que eu pudesse ligar e encontrar Harry. Precisava contar a ele o que estava acontecendo, eu direi tudo o que sei e o risco que corremos. Harry  precisa fazer alguma coisa, o Dylan não pode se tornar um daqueles caras, ele não é mau. Ele é bom, não posso ver meu amigo se perder desta forma. Conheço o  Dylan, e ele não é nenhuma criatura da qual o sr. Soyer tem falado, ele jamais esconderia algo tão importante de mim. 

Dylan pode ter sido obrigado a fazer aquilo, esta seria a única explicação para aquela tatuagem.

Não há nenhum número com o nome do Harry, começo a ficar desesperada até ir ao histórico das últimas chamadas. Há duas ligações para o número Emergência, abro o contato e vejo um número de celular desconhecido.

Aperto o nome e levo o aparelho até minha orelha, são dois, três, quatro toques até alguém atender. Reconheço sua voz e respiro aliviada por ter conseguido.

—  Alô? Está  tudo bem, Dylan?

—  Harry?

Silêncio.

—  Harry, eu sei que está me ouvindo, olha só! Eu preciso muito que você venha até aqui. Por favor, tem alguma coisa acontecendo e eu não sei o que fazer...

—  Calma, Alice! O que houve? Onde você está?

—  Eu estou em casa... Por favor, Harry, venha até aqui. O Dylan precisa da sua ajuda!

—  Chego aí em um minuto!!

—  Espera!! Eu acho melhor nos encontrarmos lá no antigo clube, pode ser? 

—  Tá... Pode ser! Te vejo lá.

—  Tudo bem.

Apanho meu celular, pego meu guarda-chuva e desço os degraus com pressa. Tia Liza chegaria a qualquer momento e eu não podia arriscar trazer Harry até aqui outra vez, ele não quer ser visto por ninguém, nem mesmo pelo próprio pai. 

A chuva tem acalmado um pouco, mas as gotas finas são insistentes. Chego ao clube e entro no campo. O lugar está vazio há anos, é um bom espaço para manter o segredo dele.  O lugar está parcialmente escuro, apenas as luzes da rua e do meu celular ligado, iluminam onde estou.

Ouço um barulho vindo do lado das árvores e, então, Harry surge de lá. Está usando uma camiseta e uma calça jeans escura. Seu cabelo está molhado, assim como seu rosto.

—  Você veio andando? —  Franzo o cenho.  —  Achei que não estivesse morando por perto.

—  O que você quer tanto, Alice? —  Impaciente ele muda de assunto. 

Continuo olhando em volta, mas não há nenhum meio de transporte que eu consiga ver. Também, vindo do meio das árvores, ele precisaria no mínimo de uma bicicleta.

—  Anda, Alice! Você me deixou preocupado.

Olho para ele, balançando a cabeça para os lados.

—  O Dylan fugiu de mim o dia todo. Depois quando fui vê-lo, ele... ele estava diferente... ele tem...

—  Sério que me chamou até aqui porque brigou com o Dylan?

—  Mas eu nem...

—  Eu corri feito um louco até aqui com medo de ter acontecido algo grave...