CAPÍTULO 9

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Sentada na arquibancada, tento encontrar em mim razões para ter cedido ao pedido irritante de Lucy para estar aqui. O mascote do time parecia tão entediado quanto eu, visto que estava praticamente parado com os braços cruzados boa parte do tempo. As líderes de torcida estavam a todo vapor, balançando os pompons e gritando o nome do novo capitão. Ele é bom no que faz, mas o treinador estava aos berros , parece que o time sem o Harry não é tão bom assim.

—  Vai, Tigers!! — Lucy grita ao meu lado.

Encaro seu rosto, e ela apenas dá de ombros, me ignorando. A noite estava realmente quente e eu precisava tomar um ar, longe de tanta gente.

Quando finalmente desci, tive a chance de contemplar a lua e sentir o ar fresco em meu rosto. De longe, eu ainda podia ouvir as lideres gritando BlueTigers, e me pergunto: como elas conseguem manter a voz no dia seguinte?

Antes de vir, mandei uma segunda mensagem ao Dylan, pedindo que viesse também, mas ele negou até o último segundo para poder jogar videogame com o pai. Sei que na verdade ele não quer estar aqui, pois é realmente difícil pisar num ambiente onde seu irmão era tão reverenciado. No fim das contas , seus amigos nem pareciam tão fiéis, já que não demonstram sentir falta alguma dele.

—  Você também detesta jogos? —  Ouço alguém me perguntar.

Quando me viro, encontro Stewart com os cabelos bem arrumados, calça jeans e camiseta preta. Em seu pescoço, havia um cordão com um desenho difícil de decifrar no escuro.

—  Não, eu só preciso tomar um ar no silêncio. — Coloco as mãos no bolso e o vejo se aproximar e encostar na grade, ficando ao meu lado.  —  Mas se você detesta jogos não devia estar numa quadra. 

Ele me sorri outra vez e assente.

—  Achei importante vir aqui e tentar me misturar!

—  Entendo! — Observo a lua mais uma vez, e permaneço presa contemplando seu brilho.

—  Ela está incrivelmente linda hoje, não é?! Adoro lua cheia!!

Era só o que faltava! Achei que ele tivesse entendido a parte onde eu quero tomar um ar fresco no silêncio.  Olho para ele outra vez, que mantém o rosto erguido para o céu.

—  Você não tem nada melhor para fazer? —  questiono, com o cenho franzido.

Ele me olha um tanto surpreso por minhas palavras, mas permaneci da mesma forma, aguardando sua resposta.

—  Desculpe, você não quer companhia. — deduz, meio sem jeito.

O certo seria dizer que sim , mas não seria justo bancar a malvada para um garoto perdido.

—  Tudo bem, pode ficar. — Ergo os ombros.

—  Você é o mais próximo de uma amizade, que tenho por aqui.

— Você está mesmo muito deslocado. —  desdenho, mas não o vejo nem ao menos sorrir.  — Tá, desculpe... É que eu não sou muito boa com essa coisa de amizades novas.

Bom, também era verdade.

—  É! Hospitalidade não é muito bem o seu forte. Mas gostei de você!

Crispo os olhos sobre ele,e vejo um sorriso travesso surgir em seu rosto.

—  Tá legal... —  Estico os lábios.

—  A gente pode marcar de sair algum dia, você pode me apresentar algum lugar legal da cidade!

—  Vou ficar te devendo!! Mas conheço uma menina que pode te ajudar com isso.

ENCONTRE-ME -  OS LOBOS (LIVRO 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora