Parei de frente à porta de madeira, com uma pequena janelinha em mosaico, e uma placa com o nome 'Senhorita Summers'. Passei muitos dias questionando se eu deveria mesmo fazer aquilo, e cheguei a conclusão que sim; após não conseguir dormir um dia sequer sem olhar por todos os lados do meu quarto, e me certificar de que estou sozinha.
Essa história toda de ameaça em bilhetinhos e um anel que seria capaz de me livrar de um suposto perigo, deixou-me mais do que atordoada. Eu estava prestes a bater, quando, por incrivel que pareça, Louis saiu de lá. A garota quase perdeu o fôlego ao me ver ali, mas tentou disfarçar e me ignorar, saindo às pressas da minha visão. Estava prestes a desistir da idéia, então, girei os calcanhares, mas fui pega de surpresa outra vez.
- Tenho uma nova visitante? - Ouço a voz da conselheira e me viro com um sorriso amarelo. - Venha!! A sala está vazia! - A mulher fez um sinal com a mão para que eu entrasse, e me deu espaço para isso.
A sala era pequena, mas passava a impressão de conforto. Havia duas estantes com livros, uma mesa grande e três cadeiras confortáveis, sendo a maior delas para a dona do lugar.
- Sente-se , querida! Fique à vontade.
Ainda sem dizer nada, segui suas instruções, na verdade eu gostaria muito de sair dali correndo, mas tinha também completa noção de que já era tarde demais.
A srta. Summers se sentou de frente para mim e colocou as mãos sobre a mesa, me dando um sorriso amigável.
- Então...como se chama?
- Alice... Alice Clark!
- Posso te chamar de Alice? - questionou, com uma expressão suave.
- Claro, Alice está bom. - Agarro meus próprios dedos sobre minhas pernas.
- Então, Alice!! Pode me chamar de Lena. Eu sou uma amiga acima de tudo, então não precisamos de formalidades. - Assinto, pressionando os lábios um ao outro. - Então você quer começar me contando como decidiu chegar aqui?
Demorei um pouco para abrir a boca, e, quando abri, só consegui dizer:
- Eu não sei...
Eu sabia, claro que sim, só não havia encontrado coragem de me abrir para alguém que acabo de conhecer. Lena percebe meu conflito e então recosta em sua cadeira e diz:
- Bom, ninguém te encaminhou até aqui, e eu fico feliz que tenha vindo até mim, porque eu sei que posso te ajudar. - Ela endireita seus óculos e sorri outra vez. - Posso ficar aqui com você até que se sinta à vontade para dizer o que está te afligindo. Temos tempo, bom, eu tenho!!
De fato, ela era uma mulher bondosa, considerando que há tantos adolescentes problemáticos por aqui, eu não conseguiria manter a calma perante mais uma que, ainda por cima, parece ter perdido a voz.
- Sabe, eu já fui adolescente, claro. Já passei por situações constrangedoras e desafiadoras também. Na idade de vocês é muito comum se apaixonar, se iludir, infringir algumas regras e ficar de castigo. Não que seja certo infringir as regras, o. k.?! - diz ela, fazendo-me rir baixinho.
- É normal que um amigo vá embora e deixe todos agoniados sem saber onde ele está? - O sorriso se vai, dando lugar à tristeza em mim.
Lena volta a se inclinar, me analisando de vez. Ela é realmente boa, porque agora pareço ter tido coragem para contar tudo que é necessário.
- É sobre o garoto do último ano, não é?! Harry?
- Sim... É sobre ele. - Sinto meu nariz arder. Mas a falta do Harry não era o meu maior problema. Ou era?
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ENCONTRE-ME - OS LOBOS (LIVRO 1)
Hombres LoboAlice Clark é uma garota cuja vida gira em torno de seus amigos, não havia nada de intenso em seu modo de agir, sua vida sempre fora monótona demais. Mas em uma noite tudo muda, quando Harry Carson decide partir, deixando nas mãos de Alice a missão...