CAPÍTULO 13

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Parei de frente à porta de madeira, com uma pequena janelinha em mosaico, e uma placa com o nome 'Senhorita Summers'. Passei muitos dias questionando se eu deveria mesmo fazer aquilo, e cheguei a conclusão que sim; após não conseguir dormir um dia sequer sem olhar por todos os lados do meu quarto, e me certificar de que estou sozinha.

Essa história toda de ameaça em bilhetinhos e um anel que seria capaz de me livrar de um suposto perigo, deixou-me mais do que atordoada. Eu estava prestes a bater, quando, por incrivel que pareça, Louis saiu de lá. A garota quase perdeu o fôlego ao me ver ali, mas tentou disfarçar e me ignorar, saindo às pressas da minha visão. Estava prestes a desistir da idéia, então, girei os calcanhares, mas fui pega de surpresa outra vez.

- Tenho uma nova visitante? - Ouço a voz da conselheira e me viro com um sorriso amarelo. - Venha!! A sala está vazia! - A mulher fez um sinal com a mão para que eu entrasse, e me deu espaço para isso.

A sala era pequena, mas passava a impressão de conforto. Havia duas estantes com livros, uma mesa grande e três cadeiras confortáveis, sendo a maior delas para a dona do lugar.

- Sente-se , querida! Fique à vontade.

Ainda sem dizer nada, segui suas instruções, na verdade eu gostaria muito de sair dali correndo, mas tinha também completa noção de que já era tarde demais.

A srta. Summers se sentou de frente para mim e colocou as mãos sobre a mesa, me dando um sorriso amigável.

- Então...como se chama?

- Alice... Alice Clark!

- Posso te chamar de Alice? - questionou, com uma expressão suave.

- Claro, Alice está bom. - Agarro meus próprios dedos sobre minhas pernas.

- Então, Alice!! Pode me chamar de Lena. Eu sou uma amiga acima de tudo, então não precisamos de formalidades. - Assinto, pressionando os lábios um ao outro. - Então você quer começar me contando como decidiu chegar aqui?

Demorei um pouco para abrir a boca, e, quando abri, só consegui dizer:

- Eu não sei...

Eu sabia, claro que sim, só não havia encontrado coragem de me abrir para alguém que acabo de conhecer. Lena percebe meu conflito e então recosta em sua cadeira e diz:

- Bom, ninguém te encaminhou até aqui, e eu fico feliz que tenha vindo até mim, porque eu sei que posso te ajudar. - Ela endireita seus óculos e sorri outra vez. - Posso ficar aqui com você até que se sinta à vontade para dizer o que está te afligindo. Temos tempo, bom, eu tenho!!

De fato, ela era uma mulher bondosa, considerando que há tantos adolescentes problemáticos por aqui, eu não conseguiria manter a calma perante mais uma que, ainda por cima, parece ter perdido a voz.

- Sabe, eu já fui adolescente, claro. Já passei por situações constrangedoras e desafiadoras também. Na idade de vocês é muito comum se apaixonar, se iludir, infringir algumas regras e ficar de castigo. Não que seja certo infringir as regras, o. k.?! - diz ela, fazendo-me rir baixinho.

- É normal que um amigo vá embora e deixe todos agoniados sem saber onde ele está? - O sorriso se vai, dando lugar à tristeza em mim.

Lena volta a se inclinar, me analisando de vez. Ela é realmente boa, porque agora pareço ter tido coragem para contar tudo que é necessário.

- É sobre o garoto do último ano, não é?! Harry?

- Sim... É sobre ele. - Sinto meu nariz arder. Mas a falta do Harry não era o meu maior problema. Ou era?

ENCONTRE-ME -  OS LOBOS (LIVRO 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora