CAPÍTULO 34

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Dylan não apareceu no colégio, não respondeu minhas mensagens e nem sequer aceitou minhas ligações. Eu me preocupei, mas ao ligar para o tio Michael,  ele me disse que Dylan estava em casa, mas que havia pego um resfriado muito forte. Só não entendi porque isso não o permite de digitar um: eu estou vivo!.

Sentei-me ao lado de Stewart na hora do almoço, ele me olha de um jeito assustado por eu ter surgido do nada.

—  Que cara é essa? Brigou com o Dylan?

—  Por que sempre que estou séria, você me pergunta se briguei com o Dylan?

—  Porque sempre que está seria, é porque brigou com o Dylan. — respondeu como se fosse óbvio.

Acabei assentindo em concordância, ele meio que tinha razão.

—  O que houve dessa vez?

—  Não sei te dizer. —  Torço os lábios.

—  Vou me encontrar com ele hoje, posso convencê-lo a repensar sobre o que quer que seja.

—  Como é que é? —  Levantei-me com as mãos na cintura, encarando Stewart que parece outra vez assustado. —  Como assim você vai se encontrar com ele? E o resfriado?

—  Que resfriado? —  Ele parece confuso o que me deixa ainda mais nervosa.

—  Eu sabia!! Eu sabia!!

Pego minha bolsa e saio a passadas largas até os portões do colegio,  agarro a grade e coloco meus pés sobre ela na intenção de escalar, mas antes que eu suba, Stewart me puxa pela cintura, colocando-me de volta no chão. Antes que eu gritasse com ele, Stewart me olhou de forma severa, o que incrivelmente acabou funcionando e me fez perder a fala.

—  Pode explicar?

—  Por que ele está mentindo pra mim? —  questionei-o com a voz embargada.

—  Por que  está dizendo que ele está mentindo pra você?

Stewart me segura pelos braços e me olha de forma suave.

—  Porque ele não responde minhas mensagens e ligações, até inventou um resfriado pra não me ver. —  Suspiro.  —  Ele está fugindo de mim.

Stewart me olha com pena, e talvez com arrependimento também, afinal, ele estragou os planos do amigo mentiroso.

—  Eu te levo pra lá depois da aula, pode ser?

—  E se ele ficar bravo comigo?

—  Eu assumo a culpa e digo que te arrastei até lá.

—  Você faria isso?! —  Ele sorri de canto.

—  Claro! Só me espere aqui na saída, ok?

—  Ok! —  Ele ameaça voltar para trás, mas seguro sua mão. Ele me olha esperando que eu diga algo.

—  Valeu, Stewart!!

—  Sempre que precisar, Lice! —  Soltou uma piscadela.

(...)

Chegamos na casa do Dylan, Stewart desceu e eu desci logo atrás. O dia estava nublado, algumas gotas de chuva começavam a cair, mas não importava, o dia ainda permanecia quente.

Ele bateu na porta enquanto eu permaneci encostada no jeep, Dylan abriu, não havia nenhum traço de resfriado, ele parecia incrivelmente bem, estava usando uma bermuda escura, sem camisa e os cabelos bagunçados. Ele nem havia me notado ainda, parecia sério e disse algo a Stewart que não consegui entender. Então, ele se virou, havia algo em suas costas. Estava vermelho, havia um desenho... Uma tatuagem. Senti meu corpo gelar por inteiro, Dylan estava diferente, parecia mais duro em seus sentimentos, não havia a mesma suavidade e inocência em seu rosto.  Stewart se virou para mim, ele parecia estar em choque e preocupado com o que quer que seja.

Dylan se virou outra vez e seguiu a visão do nosso amigo, foi então que ele me enxergou. A chuva se intensificou de forma inexplicável, Dylan me olhava como se estivesse com raiva, ou algo parecido.

Minhas roupas já estavam encharcadando, mas não me importei porque naquele momento eu estava preocupada, caminhei até ele sem nem me dar conta, encarei seus olhos agora escurecidos, os meus estavam banhados com lágrimas e eu nem sabia direito o porque, ou talvez não quisesse admitir.

—  Lice, vamos embora! —  Stewart pega em meu braço e tenta me levar de volta, porém finco os pés onde estou. —   Alice, por favor!!

Dylan que carrega o celular em sua mão, aperta-o com força, uma força que seria capaz de destroçá-lo em pedaços. Continuo olhando em seus olhos, esperando que o Dylan que conheço, apareça.

Mas não, não há nada nele que me faça enxergar meu amigo outra vez.

—  O que você está fazendo, Dylan? —  perguntei entre soluços.  —  O que tem nas suas costas?

—  Alice, vamos embora!

—  EU NÃO VOU EMBORA ATÉ ELE DIZER A VERDADE!! —  Retirei-me do aperto de Stewart sem desviar meus olhos de Dylan. — FALA DYLAN! CHEGA DE ESCONDER AS COISAS DE MIM.

—  Eu não tenho mais nada para falar com você, Alice! Escute ele e vá embora!!

—  Por quê? —  questiono em um fio de voz.  —  Por que está fazendo isso comigo, Dylan? —  Sinto as lágrimas descerem com força.

Dylan desvia seus olhos de mim, parece ter medo de acabar cedendo, de acabar se deixando levar por meu pranto de desespero agora. Empurro seu peito com força, mas ele não sai do lugar. Dylan continua olhando para o lado, incapaz de olha para mim outra vez.

—  Dylan, fala comigo... Por favor!! — Empurrei-o outra vez.

Stewart me segura por trás e me coloca em seus ombros, levando-me de volta para o carro. Dylan joga o aparelho que está em sua mão para longe, deixando-o cair no meio fio da calçada. Deixo de me esforçar para descer e observo Dylan caminhar de um lado para o outro enquanto bagunça o cabelo freneticamente. Eu vejo sua tatuagem, não posso decifra-lá daqui, mas sua forma me deixa preocupada, com medo, a semelhança precisava ser uma coincidência, ou então, tudo estaria mesmo perdido.

Stewart me coloca no chão, olhando-me nos olhos, ele está preocupado.

—  Eu vou te levar pra casa, ok? Ele não quer conversar agora, só espere até amanhã, por favor.

Assinto enquanto algumas lágrimas ainda rolam por meu rosto. Stewart abre a porta para que eu entre e dá a volta no carro. Antes de me sentar, olho para Dylan que está olhando atento para o outro lado, ele está amedrontado, eu sei que está. 

Olho para o chão, lá está seu aparelho parcialmente quebrado, abaixei-me e o coloquei no bolso da calça a tempo de não ser vista por ninguém, e então, entro no carro, por fim, fechando a porta.

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Dylan está com problemas será?
Espero vocês amanhã 💋

ENCONTRE-ME -  OS LOBOS (LIVRO 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora