Capítulo: 24

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Ao chegarem à sala elas vêem que todos estão chorando, ao ver Natalie, Ângela corre em direção à filha e a abraça, mas o abraço não é correspondido, Natalie quase esmaga os dedos de Priscilla, pois os aperta com muita força, fazendo com que esta solte um gemido de dor e se contorça.  Ângela se afasta e olha dos olhos de Natalie que transparece magoa seus olhos  estava nublado, Ângela se assusta com aquilo e se junta novamente ao marido.

-Não quero ladainhas, quero que sejam claros e objetivos – diz séria – Quero que você me conte toda a verdade, e como a minha filha se transformou na minha sobrinha Ana Paula.

Todos se assustam com o semblante sério e sombrio de Natalie, todos só tinham visto ela assim há 10 anos atrás quando queria fazer o aborto e este lhe fora negado. Todos tinham medo de que Natalie entrasse em depressão novamente, que voltasse a ser aquela Annie triste que fora por anos.

-Vou lhe contar passo a passo tudo o que aconteceu – diz Paulo tentando controlar sua emoção
– Quando você me pediu a autorização para fazer o aborto, queria atendê-la rapidamente, cheguei a falar com o médico para que ele realizasse o aborto, já que você tinha sofrido violência sexual. Este me informou que o aborto era algo proibido e que enfrentaríamos muitas burocracias, e que se o juiz permitisse que fosse feito, poderia ser arriscado para você e para criança, pois geralmente essas coisas demoram, e talvez sua gravidez pudesse estar muito evoluída.

Fiquei pensativo, resolvi então falar a respeito de clínicas clandestinas, mas o médico disse que isso não deveria nem passar pela minha cabeça, pois colocaria a sua vida em risco, já que nessas clinicas os “MÉDICOS” parecem mais açougueiros do que profissionais da saúde. Assustado e não satisfeito, procurei outro médico, este se propôs a dar entrada em toda a papelada junto com o advogado da nossa família para que fosse feito o aborto, mas antes me esclareceu todos os riscos se algo ocorresse errado – pausa – Eram muitos riscos filha, quase todos para você.

Você poderia morrer, tinha a possibilidade de uma hemorragia, além de que se algo acontecesse você poderia ficar estéril. Conversei com sua mãe e ambos tomamos a decisão de não pensar em aborto, por mais que você nos odiasse por causa disso, não colocaríamos a sua vida em risco – respira fundo encarando-a - A gravidez também acarretava em riscos para você e para o bebê, já que você era novinha e seu corpo não estava totalmente formado para gerar uma criança. Deveríamos tomar o Máximo de cuidado com você e com o bebê para que nada de mal acontecesse. Como você foi morar com sua tia, deixamos nas mãos dela. Ela teria a tarefa de fazer você fazer todos os exames. Ela nos informava sempre a cada consulta sua o estado de sua saúde e a de seu bebê.

Quando você estava prestes a dar a luz – respira fundo – Mari e o marido me telefonaram falando que o bebê deles estava com um problema no coração, que teriam que fazer uma cesárea de emergência para tentar salvar a vida do bebê. Eu entrei em surto, não sabia para que país me dirigir. Se ia para a Inglaterra, ou se iria para os EUA.

Sua mãe e eu decidimos que eu iria ajudar você e que ela ficaria ao lado de Mari. Quando seu bebê nasceu pensei que você se sensibilizaria e mudaria de idéia e ficaria com ele, mas ao contrário do que pensei você rejeitou ainda mais a criança e pediu-me chorando que jogasse ela fora, que me livrasse dela, pois você a odiava – nesse momento Natalie estava abraçada à Priscilla chorando muito, ela lembrava perfeitamente de todas aquelas palavras, da rejeição, do ódio sentido por uma criança que não tinha culpa de nada, por uma criança que agora estava com a vida debilitada em um hospital, dependendo da sorte e de Deus. Paulo ficara calado por alguns instantes, mas ele tinha que terminar seu relato, tinha que terminar de contar a verdade para Natalie:

- Falei com a assistente social e pedi seu auxílio para saber o que fazer com a criança, pois você a rejeitara. Ela me disse que era para eu pensar bem antes de tomar qualquer decisão e que talvez você se arrependesse, e se isso acontecesse poderia ser tarde demais se a criança já tivesse sido enviada para a adoção. Liguei para sua mãe e ela me informou que a filhinha de MarI tinha falecido que não resistira à cirurgia.

☆Nᴀᴛɪᴇsᴇ☆ ✓ ⱧɆ . ₳Ⱡ . ł₦₲Onde histórias criam vida. Descubra agora