Capítulo: 39

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Natalie é pega de surpresa com a pergunta e reação de Ana Paula, respira fundo, segura as mãos a menina, a olha nos olhos e fala:

- Olhe para mim – Ana olha para Priscilla com o rosto molhado por lágrimas que ela já não conseguia conter – Eu era muito nova – fala pausadamente tentando conter sua emoção – Sei que você não acha que isso é uma desculpa para o que eu fiz com você, mas sei que quando você ficar maior entenderá. Eu amava o seu pai biológico mais do que a minha vida, fazia planos de casar e ter filhos com ele, mas infelizmente todos os meus sonhos foram destruídos quando ele me violentou sexualmente, me bateu deixando-me cheia de machucados.

Eu passei a odiá-lo a partir daquele dia. Quando descobri que estava grávida dele, fiquei com mais ódio, não queria ter você porque você me faria recordar de tudo que passei com ele, e isso me machucava muito.

Eu não te odiava meu amor – acaricia o rosto de Ana Paula limpando as lágrimas – Eu só não estava preparada para ser mãe, era muito imatura, estava machucada, não sabia o que fazer, mas depois, conforme eu fui crescendo fui me dando conta do que eu tinha feito. Dei-me conta do monstro que eu havia me tornado por tê-la abandonado no momento em que você mais precisava de mim. Por muitos anos fui uma pessoa triste, não somente pelo que o seu pai me fez, mas também pelo que eu fiz com você. Eu não sabia o que pensar, ao mesmo tempo em que eu te queria, tinha medo de te fazer sofrer.

 Natalie limpa as próprias lágrimas que molham todo o seu rosto, olha para o rostinho de Ana que também está chorando e segue falando:

- Contratei um detetive para te procurar, queria te encontrar de todas as formas para pedir perdão por tê-la abandonado. Quando descobri a alguns meses que você era a minha filha entrei pânico porque você esteve ao meu lado esse tempo todo. Fiquei com raiva dos seus avos e de seus pais por terem escondido isso de mim, mas parei um pouco para pensar e vi que na verdade eu não tinha que ficar com raiva, pois você cresceu com a sua família biológica, foi amada por todos, inclusive por mim. Mas sei que nada disso justifica o que eu fiz – abaixa a cabeça – Espero que um dia você possa me perdoar e volte a me amar como antes.

-Você não me odeia por agora ter descoberto que eu sou sua filha?
– pergunta Ana Paula.

-Como eu posso te odiar meu amor? - sorri Natalie – Eu te amo como Ana Paula, minha sobrinha querida e sapeca, e te amava como minha filha perdida. Tenho sorte por as duas crianças que eu mais amo na minha vida sejam a mesma pessoa.

-Você vai me tirar do papai e da mamãe? – pergunta – Vai me obrigar a morar com você e a tia Priscilla?

- Claro que não bonequinha. Eu jamais faria isso, por mais que quisesse tê-la comigo, jamais obrigaria você a nada, muito menos te tiraria das pessoas que são seus pais verdadeiros, pois pai e mãe são os que criam que dão amor, e zelam por seus filhos. Eu tive a minha oportunidade para ser sua mãe e a desperdicei – fala Natalie, abaixando a cabeça – Eu só quero que você me perdoe.

-Mas... Você é minha mãe – fala Ana confusa – Você não me quer outra vez? – pergunta desabando em um choro sofrido.

☆Nᴀᴛɪᴇsᴇ☆ ✓ ⱧɆ . ₳Ⱡ . ł₦₲Onde histórias criam vida. Descubra agora