— De onde veio esse barco? — Perguntei para Zenit quando minha mente terminou de despertar.
— Consegui. — Ele respondeu, mas meu olhar inquisitivo pedia por mais informações. — Não se preocupe, não sobraram testemunhas. — Minha expressão curiosa deu lugar a uma cara de espanto. Ele tinha matado alguém para roubar aquele pequeno bote? — O que foi?! Ele já era velho! Uma hora ou outra ia acabar morrendo. Pare de me julgar e se concentre em nossa rota. Mudando de assunto... O que achou de minha saída triunfal?
— Você foi bem. Mas com a liberdade que você teve, eu teria escolhido um prazo maior. Trinta dias para conseguir dinheiro e um navio. Mais alguma segurança pessoal para nos proteger. É um prazo apertado.
— Vai dar certo. Essa belezinha aqui vai nos ajudar bastante. — Ele acariciou a cabeça de Robert.
Eu esperava que sim. Atracamos junto a um pequeno porto no lado sul da ilha e fiquei no bote enquanto Zenit se dirigia até o quartel da Ilha Flora, um pouco por conta de minhas roupas rasgadas, mas também porque queria evitar que meu rosto se tornasse conhecido pelos soldados da região. Não que pegar Robert fosse um grande feito. Ele era um corsário qualquer, que mantinha relações comerciais com parte do Império enquanto permanecia agindo fora da lei. Sua recompensa não deveria ultrapassar dois castiços.
Enquanto esperava, tirei o anel do dedo indicador e comecei a jogar para cima, um mau hábito adquirido em algum momento de tédio em meio ao mar. Daquela vez, antes de começar com os repetitivos movimentos, nos quais eu estava ficando infalível, girei o objeto perto dos olhos. Além da bela pedra avermelhada no centro, pude ver alguns arranhões na parte de dentro. Palavras escritas em caligrafia fina e desajeitada.
Dizia: "Y Nohtna Ê Vo Nuten". Algo em idioma desconhecido.
Zenit voltou mais rápido do que eu esperava, com um grande sorriso.
— Um castiço. — Disse orgulhosamente, exibindo a pequena moeda redonda.
— Sério? — Perguntei desanimado.
— Deixe eu terminar de falar: é um castiço imperial. — Então colocou a moeda em minhas mãos.
Impossível. Um castiço imperial tinha valor equivalente a dez castiços comuns. Eu nunca tinha visto um antes na vida. Em vez de uma, possuía duas asas entalhadas no metal folhado a ouro.
Parece que o Império estava pagando bem os caçadores de recompensa. "Não é a toa que três gigantes conseguiram se sustentar apenas com a entrega de cabeças por tanto tempo", pensei, lembrando de Tam. Ou talvez Robert tenha se tornado um problema maior para os grandes com o passar do tempo. Era a perspectiva mais otimista, pois garantia que nenhum general prejudicado com a sua morte viesse atrás de nós. Ao menos, era o que eu esperava.
Por hora, estávamos ricos. Não ricos o suficiente para sustentar uma grande tripulação, mas com dinheiro o bastante para comprar roupas, um navio, e, quem sabe um barco pesqueiro. Era a grande oportunidade de Zenit começar sua tão desejada empresa de pesca, em vez de tentar ganhar dinheiro com os peixes voadores. Meu capitão parecia pensar como eu.
— Se o Bob não quer montar a empresa comigo, eu o contratarei. — Ele riu, animado. — Vamos atrás de um bom barco e alguns empregados de confiança. Vamos fazer mais dinheiro!
No quartel Zenit também recolheu um jornal atualizado outros retratos de procurados pelo exército, para o caso de esbarrar em algum peixe grande. Entre muitos rostos desconhecidos, estava a forma humana de Tony valendo um castiço imperial, a carranca medonha de Lorde Tritão com a recompensa exorbitante de dez castiços imperiais e alguns dos rostos que eu vi com Robert no esconderijo em Cast, nenhum deles ultrapassando Lorde Tritão.
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Prisma
FantasySobrevivente de um naufrágio, o navegador Romeo, introvertido e covarde, se vê perdido em uma ilha desconhecida. Sozinho, ele precisará encontrar os próprios meios de localizar seu irmão mais velho, de quem foi separado durante a tragédia. Entreta...