Laysa
Eu o acompanho com meus olhos, sua mão forte segura firme a agulha ao fechar suturando o pequeno corte no meu braço.
Felipe se concentrava e preparava para dar outro ponto na pele ferida. Ele viu minha expressão de dor e de seus lábios surgiu um pequeno sorriso de canto.
Eu não achei a mínima graça, mas ao ver o seu sorriso de tão perto, em outra ocasião não conseguiria resistir e então o beijaria sem nenhum pudor. A minha face corou pela ousadia de meus pensamentos e eu procurei culpar a dor pela minha timidez.
Não é hábito dele como médico, fazer pequenas cirurgias em seu consultório, mas para mim que sou uma de suas secretarias, ele abriu uma exceção.
O passeio na fazenda dos pais de Eduardo, meu namorado, teria sido melhor se eu, uma aventureira que sou, não inventasse de montar no cavalo. Eu me sentindo segura no que fazia precisamente e para provocar a Eduardo, comecei a cavalgar em alta velocidade. Logo em seguida, caí ao chão em um belo tombo me machucando muito após a freada brusca do alazão.
No entanto, sorte a minha cair nos cuidados de um anjo, o Doutor Felipe.
Eu fechei meus olhos sentindo dor, mesmo com a anestesia local aplicada no ferimento.
– Cadê, sua força Laysa? – aqueles olhos verdes pararam nos meus olhos castanhos surpresos e arregalados.
Ele ficou com o seu semblante sério quando eu o encarei e sua mão pesou sobre minha ferida costurada, o que foi inevitável se eu não gritasse de dor.
O celular de Felipe não parava de vibrar, ele já estava ficando nervoso pela insistência da pessoa do outro lado da linha. Provavelmente e pelo o que eu já presenciei por diversas vezes, a sua esposa Adriane não confiava nem um pouco nos plantões extras do marido.
Uma lástima dele tirar a atenção de mim, por alguns instantes para discutir com a mulher. Eu suspirei aborrecida.
– Desculpe-me – ele voltou para minha ferida já a finalizando – Está novinha em folha.
– Eu que peço desculpas pôr tê-lo incomodado no dia de Domingo – eu comentei em razão da ligação recebida por ele.
Ele sorriu e até então foi educado e atencioso comigo, diferente do ambiente formal da clínica onde ele é patrão e eu sou a empregada. Mesmo quando ele não estava em seus melhores dias, ele não deixava de ser elegantemente lindo.
E quanto a Eduardo me maltratou durante todo percurso da fazenda até a cidade, dizendo ele que eu nunca me adaptaria a uma vida no campo.
Felipe me olhou pensativo e parou os olhos desta vez em minha boca e molhou levemente os lábios dele, ao engolir em seco.
Como eu estava com corpo todo doído pelo tombo que tomei, tive dificuldades para descer da maca e Felipe se aproximou para me ajudar. Com o seu braço direito ele me segurou pelas costas e sua mão esquerda propositalmente deixou descansada na minha coxa. E ao se esforçar para me puxar em sua direção, os seus olhos pararam nos meus novamente e seguida na minha boca e ao ver ele molhar o lábio outra vez, eu aproveitei a aproximação dele, então o beijei de forma quente e o médico correspondeu fazendo os nossos lábios se colarem.
Ele me segurou pela cintura, no mesmo instante que se encaixou entre minhas pernas. Eu levantei a parte de trás do jaleco dele com meu braço bom e fiz um caminho de perto do bumbum até o meio das costas de Felipe, o fazendo arrepiar. Estávamos os dois ofegantes e nos perdemos naquele instante e no desejo que a muito tempo nos consumia.
Queríamos nos despir ali mesmo, se o celular dele não tivesse tocado outra vez, o desconcentrado e o fazendo parar para pensar no que estava acontecendo em seu consultório.
Ficamos os dois bem sem graça e sem saber o que dizer um para o outro. Nós nos olhamos quando distantes e ele ajeitou seus cabelos se sentando diante de seu computador de trabalho.
– Está tudo bem – eu tomei a iniciativa, mas eu não me arrependia de forma alguma do que havia acontecido entre nós dois.
– Vou te dar alguns dias de repouso – Felipe não conseguia me encarar ao digitar o atestado médico no sistema.
Eu o olhei decepcionada e nem pude imaginar o que se passava na cabeça dele e assim tudo o que sentia por ele poderia correr ladeira abaixo, como se dizia o ditado.
Eu agradeci mais uma vez a Felipe e ele com muito custo levantou sua cabeça para me olhar sair do consultório. Ele ficou visivelmente preocupado e agora até meu emprego foi posto em risco, eu pensei.
Depois de trânsito calmo e de dispensar Eduardo naquela noite. Cheguei cansada em meu apartamento, eu fui direto para o box do banheiro e permitir que água jorrasse morna pelo o meu corpo. Eu não sabia o que pensar de mim mesma, e pior o que Felipe estaria pensando naquele momento ao meu respeito. E aquilo parecia me enlouquecer.
Eu sentia ainda seu toque em meu corpo, o que me fazia estremecer de desejo. Aquele beijo, o seu cheiro, que delícia... como vou fazer para me controlar ao vê-lo no meu trabalho?
É errado, diz minha moral. É certo diz meu coração que tanto o ama.
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No Tempo Certo
RomanceO amor é constantemente colocado à prova e frente aos desafios é preciso ter preservada a sanidade. Sendo assim, tudo que parecer contrário, transformará em aprendizado para a vida. Laysa é uma principiante na enfermagem e junto aos desafios profiss...