Diante da faixada rica em detalhes do hospital particular, vejo a realização de um sonho ao exercer minha profissão. Nesse dia de estreia no hospital, estou me sentindo realizada e contando nos dedos os dias de conclusão de meu curso.
A enfermagem me conquistou desde criança e enquanto ainda tinha aos meus pais. E é por eles que persisti em estudar até passar no vestibular para a área da saúde e estudar por cinco longos anos.
Era inevitável, mas não havia esquecido que foi por omissão de socorro que meus queridos pais morreram numa estrada sozinhos e agonizando de dor. O motorista que jogou o carro deles para fora da rodovia nunca mais foi visto.
Na época, diziam ser um carro fantasma pois não havia nem sinal de batida entre carros e nem mesmo passagem pelos pedágios de outro veículo naquelas redondezas. Outros já diziam que seria uma pessoa fugitiva da polícia e que entrou em alguma plantação qualquer para se esconder. Eu ainda era muito nova para entender de entressafra, mas aquele era o período.
Espero que assim como eu que não guardei rancor em desfavor do meu próximo e que futuramente jurarei em minha formatura que salvarei vidas, que a pessoa envolvida no acidente de meus pais tivesse a consciência e no mínimo o arrependimento de não ter chamado o resgate para socorrê-los, o que poderia ter evitado de deixar a Jonathan e eu, órfãs.
Na sala do administrativo do hospital, assinei os contratos de estágio no Recursos Humanos e estava enfim, empregada.
A carta de recomendação de Felipe já estava no meio dos meus pertences, dos quais ele mesmo fez questão de entregar a mim pessoalmente. O médico estava realmente com muito medo de que eu fizesse alguma denúncia contra ele. No entanto, o doutor não estaria entendendo nada de minhas pretensões.
Eu esperava não ter que ficar me encontrando com o doutor pelos corredores do hospital, primeiro porque precisaríamos evitar falácias e segundo, que a nossa amizade de anos, no primeiro momento, chamaria a atenção dos olhares curiosos. Porém, por sorte os meus estágios seriam durante o dia.
Na primeira semana estagiei no pronto-socorro do hospital. Meu Deus! Eu me sentia exausta até o final do plantão de cada dia e aquele seria um setor que eu não gostaria de ficar quando efetivada, com toda certeza.
A todo momento chegavam pacientes graves na sua maioria casos de infarto ou acidente. Meu trabalho era o de auxiliar os médicos nos primeiros socorros, monitorar, medicar e ainda encaminhar cada paciente para o médico especialista ou para o setor de internação.
Aproveitavam tão bem dos estagiários que acabávamos tendo mais atribuições laborais que o próprio técnico em enfermagem. Ainda bem que faltavam poucas disciplinas para fechar o curso e no mais tardar já estaria livre desse martírio.
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Eduardo me chamou para sairmos no Sábado para dispersarmos um pouco do trabalho e estudos. O que eu não achei que fosse uma má ideia.
Às 20:30 Edu parou o seu carro frente ao meu prédio. Saímos e conforme combinado assistimos a última sessão de cinema no shopping, depois lanchamos e até brincamos no parque de diversões. E para saideira da noite paramos no bar refinado no centro da cidade onde tomamos alguns drinks.
Eu tentava demonstrar estar feliz na companhia do moreno, mas meus pensamentos se desviavam com tamanha facilidade do nosso momento presente e eu me pegava procurando o rosto daquele que insistia em permanecer nos meus sonhos. Maldita obsessão! Amor platônico que me consumia!
Eduardo tanto insistiu que eu aceitei que ele dormisse comigo em meu apartamento. Eu fiz chá para nós relaxarmos e depois quis dar uma última revisada em alguns trabalhos da faculdade antes de dormir. Eduardo se aproximou de minha mesa de estudos e me abraçou pelas costas começando a me beijar no pescoço.
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No Tempo Certo
RomanceO amor é constantemente colocado à prova e frente aos desafios é preciso ter preservada a sanidade. Sendo assim, tudo que parecer contrário, transformará em aprendizado para a vida. Laysa é uma principiante na enfermagem e junto aos desafios profiss...