Capítulo 23 - Nossos Recomeços

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Felipe

Então, finalmente eu retornei ao trabalho após as férias em família. Diante da faixada do hospital respirei fundo e com pensamentos positivos de que tudo seria melhor daquela vez. Foi muito gratificante estar de volta porque eu já sentia falta de meus plantões noturnos na UTI Coronariana.

A equipe de enfermagem estava quase toda diferente, foi preservado ainda como coordenador do setor o enfermeiro Gustavo. A enfermeira substituta de Laysa há quase um ano, se chamava Stella e muitos rostos novos como técnicos em enfermagem.

Quando cheguei na minha sala havia balões decorando as paredes com faixas escritas "bem-vindo" e de "parabéns" pela recuperação recente.

Então vieram também alguns dos funcionários da UTI Geral que acompanharam minha luta, Thiago e Rafael estavam entre eles. Abracei e agradeci a todos pela recepção e por poder contar com todos no nosso trabalho diário.

Eu suspirei aliviado e animado ao me sentir útil quase que de corpo inteiro, se ainda não dependesse de minha companheira metálica.

Meu plantão de estreia foi tranquilo e sem nenhuma intercorrência. Stella me ajudou bastante na minha reinserção no trabalho. Ela era uma mulher tímida de fala baixa, porte médio, com cabelos castanhos cacheados e volumosos. E para aproveitar sua concentração ao me mostrar seu trabalho, eu procurava vê-la assim, como colega de trabalho e nada mais, para que não ocorresse problemas como antes. Eu não deixei de observar alguns atributos da enfermeira calada, mas dei de ombros. Profissionalismo era o que ela apresentava ou eu esperaria que fosse.

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Na parte da tarde cheguei em meu apartamento. Expectra se aproximou carinhosa como ela sempre foi. Eu a coloquei no meu colo e acariciava, compensando o tempo que estive fora de casa e depois a alimentei, pois ela já não se aguentava de fome.

O meu apartamento era pequeno, mas acolhedor. A minha casa, assim como outros bens estavam nas mãos da justiça, para a divisão deles após a separação com Adriane. Se ela não tivesse feito o que fez para me afastar de Laysa, por mim, a advogada poderia ficar com tudo, bens materiais não são mais tão importantes. Mas, preferir deixar nas mãos da justiça, ela que respondesse também pelas barbáries que fez diante do juiz.

Liguei meu celular e havia algumas chamadas da Holanda, parecia ser algo sério, pois fazia tempo que Laysa não me procurava daquela forma. Eu ignorei a princípio. Estava tudo ocorrendo muito bem na minha vida e justo agora que decidi abandonar o meu passado.

Eu tomei um banho quente e precisei dormir um pouco, porque eu estava exausto.

Por volta das 11:00, acordei com meu celular tocando. Eu peguei o aparelho meio sonolento e me sentei na cama. Era uma chamada de vídeo da Holanda.

- Oi, não é uma hora boa, não é? - Laysa disse ao ver minha cara amassada.

- Oi, Laysa. Como vai? - minha voz ainda soou grossa.

Eu contei a ela que havia voltado aos meus plantões noturnos e contei sobre as rotinas e como estava diferente da época que trabalhávamos.

Eu notei que os olhos dela se encheram de lágrimas, principalmente quando ela viu Expectra subir em cima da minha barriga e miar faminta.

- Oi, meu bebê - ela disse chorando ainda mais - eu vou voltar viu? - eu fiquei de certa forma tocado ao olhá-la porque a fala dela pareceu sincera demais daquela vez.

O que será que havia acontecido? Eu não perguntei ao vê-la emotiva e deixei para que ela falasse o porquê de me procurar após todos aqueles meses passados.

Ela estava diferente, mais chorosa do que indiferente, sem aquela frieza de sempre quando eu a procurava. Enquanto eu estava pensativo, ela continuou a falar com Expectra, mas a gata tratou a enfermeira como ela tratava a nós dois anteriormente.

- Eu vou deixar vocês descansar - ela disse ao ver minha expressão de aborrecido.

- Tudo bem, depois eu te ligo - eu realmente não queria que aquela conversa se prolongasse.

Eu procurei não me iludir quanto as memórias de Laysa e nem seus sentimentos, afinal aquilo tudo já havia me feito sofrer muito.

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- Mais alguma bebida, doutor? - a garçonete sorriu ao me servir.

Sábado à noite, festa dos médicos e de parentes mais próximos, que acontecia no clube da cidade. Eu já me sentia deslocado por não participar de festas e o reencontro das velhas amizades foi bem sugestivo, pois eu havia sido abandonado por muitos deles.

Um amigo de meu falecido pai e agora amigo meu também, o doutor Alfredo pediu para se sentar na mesa em que eu estava e nos apresentou a sua filha Ligia, uma jovem publicitária. Com cabelos pretos, alta, de olhos azuis e de corpo magro.

Quando apresentada a mim, Ligia me encarou e eu sentir-me desconcertado naquele instante com seu olhar estonteante. Ela se sentou bem ao meu lado e sorria de forma linda com seus dentes branquíssimos.

- Doutor Felipe, meu pai me falou de você - ela disse de forma encantadora.

Ligia me falou um pouco sobre sua vida. Que gostava de correr em maratonas, de natação e detalhou sua profissão que tanto gostava. E eu admirava aqueles lindos olhos que pareciam já algum tempo querer me conhecer.

- E você está noivo? - ela apontou para o meu dedo com a marca da aliança do sol que tomei na praia.

- Não mais - eu fui direto ao encará-la e ser correspondido.

Eu a convidei para sacada do prédio, para ficarmos mais à vontade. Doutor Alfredo somente acenou em concordância de que eu levasse sua filha comigo.

Nós nos conhecemos um pouco melhor ao ar livre, enquanto olhávamos os prédios e luzes da cidade.

Ligia delicadamente repousou sua mão sobre a minha na proteção da sacada. Eu a olhei nos olhos e a beijei. Um beijo doce e tranquilo, assim como ela me parecia até então. Ela se afastou de mim por alguns instantes e me puxou para mais perto de seu corpo com firmeza e eu agarrei pela cintura, a beijando de forma mais quente. Ela depois de respirar fundo, puxou os meus cabelos e disse com certa urgência ao meu ouvido:

- Vamos sair daqui? - ela pediu e eu claro, não pude negar o pedido.

Ligia era bem comunicativa e me falava sobre várias coisas até chegarmos ao motel em uma das extremidades da cidade.

E de boa moça e menina doce, ela se tornou um furacão entre as quatro paredes. Eu me excitava ainda mais com as atitudes agressivas dela na cama.

Ela me mordia e dizia coisas obscenas que me incendiavam. E naquela vez fui eu que senti a necessidade de domá-la até que eu a satisfizesse e a fizesse virar uma gatinha mansa novamente.

Lígia me surpreendeu e parecia insaciável de costas para mim. Eu puxei seus fios escuros e suados na minha direção intensificando os meus movimentos contra o corpo dela fazendo-a gemer ainda mais para se cansar, pois eu já estava para ceder ao suar em bicas. Eu nem saberia dizer de onde havia encontrado tanto equilíbrio do meu corpo naquela posição de comando. Mas, se eu havia conseguido era o que importava. Depois eu caí quase desmaiado do lado dela, que ficou do outro lado da cama ofegante.

- Exatamente como eu te imaginava - ela disse depois de respirar fundo.

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