Capítulo 26 - Nosso Reencontro

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E lá estava ele, tão lindo quanto a última vez que eu o havia visto.

Felipe estava magro, porém não debilitado como a última vez que meus olhos se encontraram com os seus. O dia que eu quero apagar para sempre da minha memória, esse dia em que minha sanidade mental me afastou do meu amor.

Ainda ao longe, ele me olhava apreensivo e não esbouçou seu lindo sorriso, pelo contrário ele estava de cenho fechado e molhava constantemente os lábios de nervoso, o que me deixou sem graça ao desfazer o meu sorriso de empolgação ao revê-lo.

Catarina estava ao lado de Felipe e ela sim sorria bastante ao me ver, correu e abraçou-me por longos segundos. Eu também estava com muitas saudades da minha então amiga, agora morena. E sentir o cheirinho de xampu caro exalando de seus cabelos novamente, não havia preço que pagasse por tudo aquilo.

Catarina pegou minha bolsa de mão e eu me aproximei devagar de Felipe que já nos observava, de onde ficou parado um pouco atrás de Catarina, pois ela havia corrido até mim.

Ele escorou em sua muleta prateada e tinha certa dificuldade para se movimentar. Parece que eu o amei mais ainda e como não poderia? Ele estava sempre muito elegante, com suas roupas de alta costura e aqueles cabelos claros e sempre bem cuidados.

Então, eu não consegui mais desviar meus olhos daqueles olhos verdes que me observava aproximar.

Quando nos vimos frente a frente, um "oi" pode ser ouvido de ambos os lados. Com um passo a minha frente, eu tomei a iniciativa daquele abraço que eu tanto desejava. Ele me abraçou forte, mas parecia que algo o incomodava, não o deixando à vontade ao se afastar de mim e olhar para trás. Eu sorri para ele para não ficar estranho e ele disse quebrando o silêncio:

- Que bom que você voltou, Laysa.

Ele sorriu fraco e em seguida abaixou a cabeça.

Catarina nos juntou em um abraço triplo dizendo coisas como estava feliz por nos reencontrarmos depois de tanto tempo. As mãos de Felipe na altura da minha cabeça fizeram com que seus dedos afundassem em meus cachos castanhos. Ele evitava me olhar, mas eu sentia a forte respiração dele próxima a mim.

Como eu havia sentido saudades daquele abraço, do cheiro, do carinho. Como eu sentia saudades daquele Felipe, mas ele estava estranho, o meu afastamento causou efeitos que levariam muito tempo para que eu conseguisse uma reversão de sentimentos.

- Deixe que eu a ajude com a mala - Felipe se afastou de nós duas e pegou a mala de rodinhas.

- Tudo bem - eu assenti ao desviar meu olhar confuso dele.

No corredor quase no portão do aeroporto eu cutuquei o braço de Catarina, deixando Felipe seguir a frente.

- Eu achei que ele fosse ficar feliz ao me ver - eu disse me entristecendo.

- Minha amiga, muitas coisas mudaram desde que você foi embora, você que se prepare - eu olhei para Cath que interrompeu a fala ao nos aproximarmos de Felipe.

O que parecia ser o novo carro de Felipe, havia uma jovem escorada na porta do mesmo e quando viu a Felipe deixou a sua diversão no aparelho de celular de lado e o beijou.

Eu quase morri. Não consegui disfarçar tamanha foi a surpresa ao assistir aquela cena. Felipe correspondeu a jovem e depois a trouxe até a mim e Catarina.

- Fica firme - Catarina disse entre os dentes perto do meu ouvido.

Eu desci meus óculos escuros que estavam em meus cabelos e respirei fundo, buscando pelo ar que me faltava naquele momento.

- Laysa, esta é a Lígia - eu sorri fraco e beijei-a no rosto.

Felipe abaixou a cabeça e não me olhava, enquanto a namorada falava algo sobre a Holanda, de onde eu de alguma forma me arrependia amargamente de ter saído. Catarina foi quem disse para então irmos embora diante da falta de assunto no momento.

Seguimos de carro até meu antigo apartamento. Lígia não parava de falar e a minha primeira impressão dela foi a de que ela seria simpática e muito comunicativa, porém eu a odiava do fundo do meu coração.

Felipe e Catarina me ajudaram com as malas, enquanto a jovem morena falava ao celular ao que parecia algo relacionado a trabalho.

O médico me deu um beijo no rosto e se apressou em ir embora, dizendo sobre algo a fazer e já dando as costas, ele saiu não chegando nem a entrar no meu apartamento, levando consigo a namorada que não desgrudava dele.

Eu mal olhei para meu apartamento empoeirado e entregue a traças, chorando muito ao virar-me para Catarina que me acolheu em um abraço.

Cath ajudou-me a sentar na cadeira suja assim como todo o apartamento.

- Eu não devia ter vindo - lamentei diante de minha amiga que tirava a poeira da mesa com um pano úmido.

- E você voltou somente por ele? - minha amiga fez-me pensar.

Eu disse a ela que gostaria que tudo fosse como antes e Felipe fazia parte das minhas boas lembranças do passado, assim como tudo ali.

- Se você decidiu voltar, se realmente era seu desejo. Então, se acostume com sua vida nova e não é só Felipe que faz parte dela agora - Catarina pareceu enciumada.

- É, tem a Lígia... - eu falei com a voz de desdém.

Catarina torceu o nariz e disse que a garota seria uma pessoa boa.

- E por que ele tinha que levá-la ao aeroporto? - eu questionei ainda não me conformando.

- Ela lê todas as mensagens do celular de Felipe, mas ao que parece ainda não sabe tudo sobre você - eu abaixei a cabeça chateada por alguns instantes.

- Mas, ela vai saber sobre mim - Catarina me olhou com a sobrancelha arqueada - eu não vou desistir de Felipe tão fácil - eu falei em tom de desafio.

- E o que pensa fazer? - Cath me pergunta diante do meu cenho fechado - espero que não faça bobagem - Catarina disse ao pegar alguns itens de limpeza.

- Eu sei que ele não me esqueceu, vi nos olhos dele! - eu verdadeiramente não queria estar errada sobre aquilo.

Catarina deu de ombros depois de balançar a cabeça em sentido negativo.

- Vamos, trabalhe que espairece a cabeça e eu não posso vir outro dia te ajudar - Cath me convocou a limpeza entregando-me um rodo.

Nós começamos a faxinar o apartamento para eu não dormir feito uma porca e mais tarde nos deitamos exaustas no sofá ao esperarmos pelo café que pedimos pelo aplicativo de smartphone.

- Eu preciso buscar Expectra - lembrei-me da gatinha e a falta que ela me fazia.

- Então você vai ter de entrar com pedido de guarda - eu ri da minha amiga, mas Catarina pareceu que realmente falava sério.

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