Capítulo 36. Nós nos pertencemos

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"Que tudo que você faz, Do jeito que você faz

Me deixa pelo avesso, Só você me satisfaz

Que tudo que você tem, Do jeito que você vem

Devolve o meu sossego, Só você me faz tão bem..."

Meu Sossego
LS Jack

- Que lugar é esse, Felipe? - ele tapou meus olhos com suas mãos - estou curiosa!

O médico fez questão de que nada atrapalhasse sua surpresa, antes mesmo que eu saísse do carro, ele acionou por controle remoto o portão eletrônico. O que pude perceber que seria um condomínio de luxo.

- Calma, estamos chegando - ele respondeu, enquanto andávamos desengonçados.

Eu seguia na frente e Felipe pisando em meus calcanhares logo atrás de mim, o desiquilíbrio dele fazia nós dois ficarmos tropeçando, mas ele insistia para que eu nada visse ainda.

Pelas frestas de seus dedos eu via que se tratava de uma calçada de pedras muito bem assentadas de um jardim extenso e florido, pois eu sentia o cheiro das flores.

Eu ouvi som de água correndo de uma provável fonte, assim como também ouvi pássaros cantando bem próximo de nós. Que lugar maravilhoso eu imaginei mesmo sem meu sentido da visão, graças ao meu amor naquele momento.

Eu bati minha canela nos degraus da escada e nós quase caímos. Felipe riu do ocorrido, se apoiando em mim sem desvendar meus olhos, o que me fez sentir vontade de bater nele.

Diante da porta, Felipe enfim tirou suas mãos de meus olhos e se escorou em meu ombro. Mesmo eu vendo tudo embaçado, fiquei fascinada diante da beleza da casa no estilo vintage, com janelas grandes de madeira e vidraças antigas, porém conservadas.

As paredes em tom pastel, foi decorada com tijolinhos em contraste com algumas plantas penduradas e que sobressaíam os ramos dos vasos.

Olhei para trás de onde estávamos e eu paralisei pelo deslumbre do jardim, com ainda mais cores daquelas que eu havia desenhado na minha mente.

O interior da casa não poderia ser diferente, fiquei encantada.

Felipe me mostrou boa parte da casa. A branco dava o ar romântico, com alguns móveis vintage junto a outros de design modernos.

A cozinha tinha o piso mosaico e armários de marcenaria clássica em contraste com os eletrodomésticos que eram modernos.

Na sala de jantar, mesas e cadeiras com pés palitos lembrando outra vez o estilo vintage.

O bar no canto da sala, havia várias bebidas nacionais e importadas escolhidas a dedo, com taças penduradas de forma decorativa entre outros acessórios para preparo de drinks. Chamava a atenção um painel luminoso com quadro de carros antigos, provavelmente ideia de Felipe.

Enquanto eu admirava os detalhes da casa, o médico me confidenciou:

- Foi difícil convencer a Adriane de abrir mão dessa preciosidade, de todos bens que tínhamos, se fosse para eu ficar somente com essa casa, eu ficaria com ela e renunciaria a todo restante - Felipe disse escorado na parede da sala, se emocionando.

O que seria mesmo um milagre convencer Adriane, por ser uma víbora. No crime que ela mandou me espancar na porta do hospital, ela também se safou, fazendo os bandidos dizer em depoimento outra versão da história.

Eu me voltei para o doutor e deixei que ele se apoiasse novamente em mim e então me alegrei com ele.

- A casa é mesmo linda - eu disse olhando maravilhada em nossa volta.

Felipe pegou minha mão e eu o segui subindo as escadas da casa para o segundo andar, onde provavelmente ficariam os quartos.

Entramos em um quarto grande, que na verdade é uma suíte, mais linda do que muitos hotéis. Tudo previamente arrumado e limpo para nos receber.

O estilo vintage do quarto está nas Boiseries da parede de cor rosada, com alguns pontos de florais.

A cama com lençóis branquíssimos e cabeceira Matelassê. Com abajures decorando as duas escrivaninhas uma de cada lado da cama.

Eu não acreditei quando vi uma vitrola com alguns discos em uma parte do quarto com quadros também vintage.

Felipe se afastou de mim mancando um pouco da perna, sem nada dizer e ao abrir a gaveta da penteadeira, retirou do seu interior no meio de algumas roupas, uma caixa pequena e com um laço muito bonito.

Foi inevitável, mas quando revi aquele embrulho, eu levei as mãos na boca e comecei a chorar muito.

Parecia que eu não havia gostado da surpresa pela minha reação, mas pelo contrário, a lembrança daquela caixinha empoeirada nas mãos de Sônia da primeira vez que eu a tinha visto, reportou-me ao passado onde Felipe morria e eu sofria sem expectativas que nosso amor sobrevivesse aquelas tribulações.

Felipe sentiu o mesmo e chorou comigo ao colar sua testa com a minha.

Eu abri a caixinha e lá estava as alianças que significava para nós muito mais que somente um compromisso, desta vez não permitiríamos que nada e ninguém roubasse a nossa felicidade.

- Essa é a nossa casa - eu o olhei surpresa e os olhos de Felipe brilhavam diante da minha falta de palavras - a decore do seu jeito - eu dei alguns pulinhos e o beijei agradecida quase o derrubando.

- Mas, eu adorei a decoração, não vou mexer em nada - eu o respondi empolgada.

- Então decore o quarto de Valentina - Felipe sorriu lindamente ao dizer.

Depois passei meus braços pelo pescoço dele e sorrimos daquele momento somente nosso.

Felipe me ergueu ao alto e tentou rodopiar em torno dele, quando se desequilibrou e caímos na cama bem confortável do quarto.

- Não faça mais isso - eu bati no peito dele que sorria de canto.

Ele trocou de posição comigo me fazendo ficar por baixo dele.

- Vamos já estrear nossa cama? - ele me encarou com seus olhos verdes e sorriso safado.

Eu o olhei por alguns instantes e não estava acreditando que enfim poderia ser feliz com ele.

- Eu te amo, doutor Felipe - eu disse mais séria cariciando seu rosto e tocando sua covinha.

Ele se ajeitou por cima de mim e me beijou devagar como se quisesse sentir aquele momento por mais tempo.

- Quando você vai se mudar para minha vida? - Felipe pareceu se esquecer do mundo além de nós.

- Nós temos tempo, meu amor - eu respondi para não precipitarmos e termos mais cautela daquela vez.

Felipe levantou meu vestido e me tocou intimamente já ficando todo excitado, me amando logo em seguida e pela primeira vez em nossa casa.

No Tempo CertoOnde histórias criam vida. Descubra agora