Quase um ano depois...
Felipe
Via ao longe as montanhas envoltas pelo oceano. O sol de verão, brilhava quente trazendo seu reflexo na imensidão azul. O vento batia forte refrescando meu corpo, junto as ondas que se movimentavam calmamente.
Eu poderia ficar por horas vislumbrando com a paisagem que parecia ter saído de um quadro pintado à mão e ainda com a tinta fresca. Gostava de ficar sozinho e pensando em como melhor aproveitar minha segunda oportunidade de vida.
O tempo passava rápido demais e nem parecia que há mais de um ano atrás eu estive entre a vida e a morte. Mas, também fazia um ano que o destino resolveu me separar de Laysa.
Aquela chamada de vídeo que ela recebeu de forma indiferente pouco antes de ir para Holanda, fez com que meu coração doesse e eu percebi naquele momento que nada mais seria como antes. Ela parecia distante e muito confusa.
Jonathan pediu que eu tivesse paciência por causa da confusão mental da irmã e que os medicamentos da clínica ainda faziam efeitos no organismo dela a deixando dopada. Ele fez a promessa de assim que Laysa estivesse melhor mandaria notícias do outro lado do oceano. Eu sorri fraco de ironia, só de pensar que não veria o meu amor tão cedo na minha vida.
Meu corpo não estaria tão perfeito como era antes e em muitas coisas rotineiras do dia-a-dia eu tive que me adaptar. O pior de tudo foi ter que mudar o que ainda sentia por Laysa, já que por ela eu já havia sido deletado de seu coração.
Um garoto que fazia castelo de areia próximo a mim, me olhava curioso enquanto tentava manter as paredes arenosas de seu castelinho de pé.
- Molhe um pouco mais a areia - eu o incentivei.
- Você pode me ajudar? - o garoto disse me olhando espremendo seus olhos devido ao brilho do sol.
Eu deixei minha muleta de alumínio tipo canadense para trás e me arrastei até o menino que me observou até chegar perto dele.
Enquanto ele me observava eu comecei a ajudá-lo com o castelo.
- Eu já fui muito bom nisso - eu me referi a brincar na areia quando criança.
- O que houve com você? - o garoto apontou para meu corpo ainda com cicatrizes e restrição dos movimentos das pernas.
- Foi um acidente - eu sorri sem jeito ao ver os olhinhos arteiros ainda me olhando - Mas, eu faço muito mais coisas boas agora.
O garoto sorriu sincero e foi chamado pela mãe que me olhou indiferente.
- Obrigado, Felipe. Você é muito legal - o garoto disse antes de se despedir.
Larissa ajudou a me levantar da areia, até que eu conseguisse escorar em minha muleta e seguimos para o barco onde Fernando e a esposa Verônica nos aguardavam, juntamente com a minha mãe Sônia.
Na proa do barco o vento batia ainda mais forte em meu rosto.
Antes eu teria a sensação de que deveria ter vivido de forma diferente a vida como se eu pudesse controlá-la, muito pelo contrário, era ela quem seguiria o curso exatamente da forma como tinha que ser ou de acordo com minhas escolhas. Não temos como voltar atrás e fazer diferente, então o melhor a fazer seria seguir em frente.
Eu senti saudades de Laysa há alguns meses e ao chamá-la em uma chamada de vídeo, fiquei decepcionado ao ver que atrás dela havia um rapaz que ela o chamou de Johnny. Eu não a culpo ela estava tentando recomeçar.
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No Tempo Certo
RomantizmO amor é constantemente colocado à prova e frente aos desafios é preciso ter preservada a sanidade. Sendo assim, tudo que parecer contrário, transformará em aprendizado para a vida. Laysa é uma principiante na enfermagem e junto aos desafios profiss...