Capítulo 38. O fruto do nosso amor

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***OBS.: Atenção a passagem de tempo de 15 anos, continuem a leitura dos capítulos.


Hoje, ‡ 16 de janeiro, 2019

Felipe

- Valentina, minha filha já acabou aí? - ela se virou para mim com um sorriso que herdou da mãe.

- Não, pai! O blog diário de minha mãe só contou até os sete meses de gravidez - eu engoli em seco diante da jovem loira dos olhos verdes - como vamos terminar esse livro?

Depois dos sete meses de gravidez de Laysa, ela só piorou seu estado e a por causa de sua pressão arterial alta, culminou em eclampsia.

Ela não respondia mais aos medicamentos e eu como médico me sentia impotente e meu coração doía só de relembrar aqueles momentos terríveis que passei ao lado do meu amor.

Valentina fechou a cara e esperou pela minha resposta. Ela se parecia muito com Laysa até na teimosia em terminar o que havia começado.

- Depois pensamos nisso. Lígia, Heitor e Rodolfo já esperam por você no carro deles - Valentina virou os olhos e pegou sua mochila depositada em cima da sua cama.

- Lígia sempre espera, né pai? - eu sabia bem o que ela insinuava - e quem é esse Rodolfo?

Eu ri fraco a querendo repreender e ela me deu um beijo demorado na bochecha, me fazendo derreter.

Rodolfo seria o novo namorado de Lígia, pois ela não conseguia se relacionar por muito tempo com ninguém, muitos diziam ser por minha causa.

- Essas férias não serão as mesmas sem você, papai - Valentina disse emocionada.

- Nós já conversamos sobre isso e Lígia prometeu cuidar bem de vocês - eu dei-lhe um beijo na testa - vai dar tudo certo.

- Mas, o Heitor é um chato! - a garota cruzou os braços com a cara amarrada - deve ter puxado a Larissa rabugenta.

Eu não permiti que o ódio se instalasse no coração de minha filha e disse a ela que a história da mãe que ela reescreveu ainda não havia acabado e eu com certeza poderia dar continuidade a ela. E todos envolvidos, inclusive a prima dela mudaram bastante a opinião delas em relação a Laysa.

- Pai, eu queria ter conhecido a minha mãe - uma lágrima correu na face de Valentina.

Eu fiquei engasgado de emoção e abracei forte a minha filha dizendo que aonde quer que Laysa estivesse estaria cuidando bem dela.

Levei Valentina até o portão da casa vintage e Lígia a recebeu com um beijo no rosto. Ela é a mãe que minha filha não teve a oportunidade de ter.

- Você está muito bem, doutor Felipe - ela me encarou de costas para seu novo namorado.

- Posso dizer o mesmo de você - eu sorri de canto para minha ex-namorada.

Ela corou as faces, talvez pensasse coisas e se apressou em levar a todos para uma cidade turística, onde irão acampar, escalar morros, rapel em cachoeiras, entre outras atrações.

Eu sorri e acenei para meus filhos, como adolescentes rebeldes que eram não acenaram de volta com as caras fechadas e cada um com um celular smartphone nas mãos.

Eu subi mais devagar os degraus da casa segurando no corrimão e apoiando na muleta, minha amiga de sempre.

Fernando queria me submeter a uma cirurgia corretiva na coluna, o que teria me negado a ficar novamente internado e dependente de medicamentos. Esse ainda é um trauma na minha vida, só não é maior do que a noite que Valentina nasceu.

Eu fiz um café e peguei o notebook de minha filha para acessar o livro e para manter a originalidade eu precisava dar continuidade conforme teria sido escrito, ou seja, aos olhos de Laysa como tudo aconteceu.

Eu começo a rir sozinho quando vi que Valentina teria me comparado fisicamente ao ator Sueco Bill Skarsgård. Eu acho pouco parecido, mas ele com certeza estaria em melhor forma.

🍁

- Quinze anos se passaram Felipe e você não se ajeitou com outra mulher? - Fernando chegou na varanda de sua casa e interrompeu meus pensamentos.

- Eu estou bem sozinho - ele se sentou ao meu lado - além do mais Valentina já ocupa bastante meus dias de folga.

- Ela é bem intensa, não é? - Fernando me fez lembrar de Laysa.

Larissa chegou com o namorado Alessandro, deu um sorriso amarelo para o mim e o pai e seguiram para o jardim para comer carne assada no churrasco da família. Lembro-me da noite no hospital do nascimento de Valentina, onde minha sobrinha me pedia perdão aos prantos e eu fiquei paralisado, sem reação.

Minha mãe também chegou ao churrasco e me abraçou forte, fazendo aquelas perguntas de sempre dos cuidados maternos. Ela estava forte e após o tratamento do câncer esbanjava saúde. Por onde quer que passasse arrancava sorrisos das pessoas.

Dos meus irmãos gêmeos, Fábio resolveu ficar no Brasil e me ajudou muito a passar por essa fase da minha vida. Ele veio até mim e me arrancou sorrisos das suas piadas sem graça.

Eu estava aparentemente tranquilo, mas por dentro me consumia de ansiedade, como se esperasse por algo importante que já estava para acontecer e Fiquei quieto observando os Ferraz entre amigos se divertindo e sendo felizes à maneira deles.

Catarina veio sorridente até mim e cumprimentei a Ricardo que chegou ao seu lado.

- Hoje você está com o semblante sereno, doutor - Catarina me elogiou ao me abraçar.

- Tenho muitos motivos, Cath - respondi a loura que deu uma piscadela antes de se juntar aos demais.

Todos esperavam por um Felipe desmotivado e trancado em uma caverna, como se o mundo estivesse acabado para mim.

Eu confesso que nos primeiros dias que Laysa nos deixou foi muito difícil, ter que assumir minha filha com os dois papéis e cuidar para que tudo ficasse bem. Mas, depois me arranjei e criei Valentina com muito orgulho da formação do caráter dela.

Valentina desde pequena guardava cada objeto que encontrava da mãe e na própria cabeça dela, ela criava a imagem da figura materna de Laysa que nem chegou a conhecer. Até entrevistas com a família ela fazia para seu acervo.

Valentina era a neta preferida de dona Sônia, que não a veria por que naquele momento devia estar se divertindo no acampamento que eu havia planejado já alguns meses antes para as férias dela.

Esperava que Heitor e Valentina não brigassem outra vez. Eles desde criança disputam a minha atenção, são praticamente gêmeos pois nasceram no mesmo dia, porém em situações adversas e mamães diferentes.

Eu amo meus filhos. Eu amo Laysa que permanecepara sempre em meu coração.

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