Capítulo 5 - Os outros não nos Satisfaz

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Eduardo chegou com seu corpo forte e moreno, cabelos encaracolados e olhos castanhos claros, ele sabia mesmo ser atraente. Os seus braços bem malhados assim como os músculos do peito definidos demonstravam que ele não havia estado na "fossa", como eu imaginava com o término do namoro. Um cowboy daqueles!

Então, saímos na caminhonete com tração nas quatro rodas, rumo a mais um fim de semana maravilhoso na fazenda dos pais dele. Eu estava radiante - a irônica.

Eu conheci a Eduardo na Faculdade, o moreno fazia o curso de Engenharia Agronômica e quis muito me conhecer através de Rebeca que fazia o curso de enfermagem comigo. Não demorou muito para me atrair e ainda mais pela "pegada de jeito" em nossos momentos íntimos que ele possuía.

O problema de Edu era o seu temperamento, ele não media as palavras para ofender quem quer que fosse, caso fosse contrariado. A educação passava bem longe em suas atitudes.

Eu acreditava que por estar longe do doutor e a clínica, poderia ser mais fácil de me apegar a Eduardo e sua vida no campo. Imaginei que controlando a minha cabeça, o meu coração seguiria o mesmo destino e foi assim que errei, outra vez.

A mãe de Edu, Olga, nos recebeu bem e já havia preparado uma fornada de pão de queijo e um café passado no bule com cheiro agradável que só se sentia na roça.

- Que bom te ver bem - a sogra pareceu ter se preocupado com a última vez em que nos vimos.

O pai de Edu, Roberto, não se encontrava na casa, e sim com os peões da fazenda ajudando com a lida rotineira. Apesar de ser engenheiro agrônomo, o sogro gostava de "colocar a mão na massa" e "engordar os bois com os olhos".

Eu abri a janela do quarto preparado anteriormente a nossa chegada, quando veio aquele cheiro característico de bosta de vaca. Nada contra quem gosta, mas esse cheiro não me agrada de forma alguma. O meu olfato de certo estava bem apurado, sendo que o curral estava distante da casa da fazenda.

Daquele lugar a única coisa que me chamava a atenção era o tablado sob o rio que cortava as terras da família. Eu poderia ficar naquele lugar por horas ouvindo os sons da natureza e ficaria até mesmo sem me alimentar, o que aqui acabava sendo inevitável pela fartura de comidas caseiras, mas melhor para mim e não engordaria uns dez quilos de uma só vez.

Eles me chamavam de fresca por aquelas bandas, mas eu não me importava. O que precisava era da tranquilidade ao deitar-me no tablado e ouvir o som das águas passando por debaixo de mim. Sentir o ar puro e calmo a minha volta com sons de vários pássaros cantando. Eu suspirava e não conseguia evitar de pensar em Felipe. Os sorrisos raros do médico sempre se faziam presente em meus pensamentos.

- O que está fazendo aqui? - o meu momento sagrado foi interrompido por Eduardo.

E bastou a abordagem estúpida dele para estragar o resto do meu dia, piorou quando me falou que seus pais lhe pediram para não me deixar sozinha pela fazenda.

- O que é você uma espécie de babá? - eu já estava me sentindo indignada.

Ele se sentou comigo no tablado e me abraçou de lado.

- Todos aqui te querem bem, não se sinta excluída.

Eu suspirei e minha ira se acendeu ainda mais quando Eduardo não entendeu o porquê que eu gostava de ficar ali sozinha. Levantei-me do tablado e o abandonei, resmungando sobre mulher ser complicada ou coisas assim.

No almoço, uma comida gostosa, porém nada leve. Os pais de Eduardo falavam somente sobre casamento, o que me fez virar os olhos. Eduardo ficava sorrindo e concordando com tudo que seus pais diziam.

Na parte da tarde formos ver meu quase assassino cavalo, brincadeira - ele não tem culpa da anta que o montou. E então me ofereceram para me ensinar a controlar o animal na montaria e eu dizia estar agradecida, mas não voltaria a montar tão cedo em minha vida.

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