Catarina me ajudou a levantar do chão. Eu estava devastada e ela me trouxe um copo com água. Ainda estava trêmula, mas conseguia me atentar melhor para o que dizia a TV.
Depois do intervalo comercial, atualizaram as notícias: "... Um dos carros de passeio com três pessoas abordo tentou uma ultrapassagem irregular, fazendo com que a carreta batesse com outro carro de passeio que foi arremessado da rodovia para uma estrada de chão"... Um arrepio percorreu todo o meu corpo.
- Catarina, eu vi isso, eu vi... - comecei a me desesperar de novo.
Ela me abraçou e pediu que eu fosse forte.
"... Os três ocupantes do veículo morreram na hora, o motorista da carreta teve ferimentos leves e da nossa cidade, o médico cardiologista Felipe Ferraz do carro arremessado para fora da rodovia, foi socorrido por uma UTI móvel e se encontra internado em estado grave no hospital local..."- Continuou o noticiário.
- Eu tenho que ir vê-lo - Já ia sair do mesmo jeito que estava somente de pijama.
- Vem. Eu te ajudo a se arrumar. Eles não vão nos deixar entrar no hospital de qualquer jeito - Catarina disse já me empurrando para o banheiro.
Enquanto fazia minhas higienes pessoais, eu me olhei no espelho, estava horrível minha aparência e não queria que Felipe me visse daquele jeito, mas ele não iria me ver ainda. Os meus pensamentos estavam desconexos, tinha medo de estar pirando.
Catarina me deixou no hospital e disse que me esperaria do lado de fora e como eu tinha o crachá de acesso, entrei pela entrada de funcionários.
Busquei informações com algumas pessoas que fiz estágio durante o dia e me disseram que o doutor estava no centro cirúrgico em cirurgia. Tomei mais uma pontada no coração que já estava todo machucado.
Eu subi a rampa de acesso ao Centro Cirúrgico e fui barrada na recepção.
- Mesmo que você seja funcionária do hospital, você não pode entrar no setor, sinto muito - disse um rapaz moreno que fazia o controle do mapa cirúrgico do dia.
Eu insistia com minha voz rouca e fraca, quando Elisabeth pareceu por trás de mim e escutou o assunto.
- Oi, minha querida. Você é parente de Felipe? - Ela encostou nas minhas costas e eu a odiei ainda mais.
- Eu...eu, trabalho com ele - ela olhou para meus olhos vermelhos e inchados.
- Desculpe-me, mas só parentes aguardam notícias aqui - ela deu um sorriso maldoso - inclusive a esposa dele e os familiares já estão na sala de espera e você não leu as normas do hospital?
Elisabeth me olhou de canto de olho e se dirigiu ao recepcionista para pegar a lista de pacientes que seguiriam para a UTI geral. Eu não tive como revidar e de forma humilhada saí da presença de meus colegas de trabalho.
A não ser pela própria boca de Felipe para dizer quem seria eu na vida dele, na verdade não teria nenhuma relação com ele, infelizmente. Nenhum parentesco e nem nada, totalmente estranha. E isso destruiu o resto de mim.
Ao longe vi a Adriane que não estava abatida e nem se quer havia chorado por ele. Tive vontade de ir lá, bater-lhe na cara só pelo fato dela ser a mulher oficial e ter todos os direitos enquanto ele estivesse vulnerável.
Antes de sair do hospital, pedi ao recepcionista do Centro Cirúrgico para me passar notícias do caso de Felipe.
- Por favor, é importante - ele se negou a princípio.
Eu apontei para Adriane que sorria com outros na sala de espera e disse para ele comparar o estado emocional das duas mulheres e que ele se colocasse no lugar de Felipe. Ele nos olhou e anotou o número do meu celular. Suspirei aliviada que pelo ao menos isso sobrava para mim.
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No Tempo Certo
RomanceO amor é constantemente colocado à prova e frente aos desafios é preciso ter preservada a sanidade. Sendo assim, tudo que parecer contrário, transformará em aprendizado para a vida. Laysa é uma principiante na enfermagem e junto aos desafios profiss...