Capítulo 35. Nossas almas se procuram

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Laysa

É estranho imaginar que quanto mais queremos nos ver longe dos problemas, mais os atraímos para que eles venham até nós. E desta vez, era Felipe quem estava pirando se eu não o deixasse entrar no meu apartamento.

– Eu não quero falar mais sobre isso, Felipe – eu disse ao atender o interfone do meu apartamento.

Ao que parece Felipe tomou o fone das mãos do porteiro do prédio e aparentava estar embriagado pela insistência e tom de voz.

– Eu quero falar é de nós, por favor Laysa, autorize para que eu possa subir – o médico falou engasgado, como alguém que engole o próprio choro.

Dentro do meu peito destruído ainda pulsava um coração apaixonado por Felipe e eu não resisti ao deixar a porta aberta mais uma vez para ele entrar na minha vida e fazer seus estragos como um furacão sem destino certo.

Felipe subiu de elevador e ao vê-lo diante de minha porta, percebi o quanto ele estava destruído, havia tomado toda a chuva da tarde pelas roupas molhadas e cabelos grudados em seu rosto, estava bêbado e pelo jeito havia levado um pé na bunda de Lígia. Estava muito longe de ser o doutor que havia conhecido e me apaixonado perdidamente.

Ainda assim, o vendo naquela situação, eu o acolhi em meus braços. E como eu sentia falta daquele abraço. O mesmo que havia me custado terapias, lágrimas, brigas, mágoas, quase morte e tudo isso porque eu queria tanto a Felipe.

– Eu amo você, Laysa – ele repetiu docemente aos meus ouvidos depois de me beijar intensamente.

– Eu também te amo, Felipe – eu o abracei forte, fazendo minha roupa ficar molhada, assim como o piso do apartamento.

Como o doutor estava em péssimo estado, com a pele rosada e fria, eu o levei para um banho. Deixei que a água morna do chuveiro, caísse bastante sobre seu corpo para lhe trazer um pouco de lucidez, enquanto eu lhe fazia um chá quente.

Eu ajudei Felipe a se vestir com algumas roupas dele, que eu ainda guardava no cantinho reservado do guarda-roupas. Talvez fosse mesmo a esperança de tê-lo aqui comigo novamente.

Felipe se sentou na minha cama escorada na cabeceira da mesma e me pediu desculpas pelo trabalho e eu respondi que não me importava em cuidar dele, em seguida, eu cobri com edredom as pernas dele, pois a noite estava fria.

– Tome um pouco de chá vai te fazer bem – eu estendi a caneca na direção dele.

Felipe pegou a caneca e me olhou por alguns instantes de baixo para cima.

– Eu sinto muito a sua falta – ele disse depois degustar o chá da caneca.

Eu dei às costas para ele, pois não queria demonstrar meus sentimentos e disse que talvez ele estivesse confuso por ter brigado com Lígia naquele dia.

Ele colocou a caneca na mesinha ao lado da cama e alcançou meu braço me puxando para junto dele. Eu coloquei a minha cabeça em seu peito e ouvia as batidas ritmadas de seu coração.

– Eu tenho certeza do que sinto, nunca me esqueci de você, Laysa – eu sentia suas palavras penetrar em minha alma.

Eu não conseguia ainda encarar ao doutor e uma lágrima quente rolou pela minha face. Havia tanto tempo que esperei ouvir aquelas palavras que eu fiquei por algum tempo absorvendo, sem reação.

Ele me apertou contra seu peito em um abraço forte e cheirou os meus cabelos, como se fosse um viciado naquele cheiro que tanto sentia a falta.

Eu fechei meus olhos e ergui meu corpo sobre o dele, encostando meu nariz e face pelo caminho do seu corpo até seus lábios, onde pude sentir seu perfume e sua pele como também vício daquele cheiro que ficou gravado em minha mente.

Os meus pensamentos estorvantes pediam para não me entregar tão facilmente, ao mesmo tempo que meu corpo o desejasse muito.

E os beijos de Felipe ao mesmo tempo que me sustentavam, eles doíam em mim e eram como se atingissem meu coração com frechas. Aquele arrepio na pele que o doutor conseguia me provocar, fazia acender o desejo de novamente senti-lo dentro de mim.

Nós não queríamos pressa, existia a necessidade de sentir cada toque, cada carinho, como se o tempo pudesse ir devagar.

Felipe ergueu minha blusa de tecido fino e beijava com carinho a Valentina que pareceu sentir o carinho do pai e se mexeu estremecendo meu ventre.

Depois ele me olhou detalhando meu rosto, ao deslizar suas mãos de forma delicada pela minha face e dizendo mais uma vez o quanto me amava. Ele repetia a frase de carinho como se o medo de me perder fosse outra vez o atingir.

Eu alcancei seus lábios novamente e mordi a parte inferior. Ele se acendeu diante da minha possível entrega e tirou toda a minha roupa, tocando cada parte sensível ao contorce de meu corpo e gemidos, em seguida ele beijou meus seios que era como se o hipnotizasse puxando-o para eles.

Já quase o implorava para que nossos desejos fossem consumados, então desabotoei a calça jeans e o deixei também nu, fazendo primeiro um carinho especial nele.

Ele me deitou de frente ao seu corpo enquanto me beijava de forma intensa e então me satisfazemos sem culpa ou se julgados formos, seremos por amar demais.

O desejo e o prazer daquele momento não eram maiores do que o amor que sentíamos. A necessidade de estarmos juntos, quase se comparava ao ar que respirarmos para viver.

Eu não quero perdê-lo outra vez e ele fez questão demonstrar o quanto me amava e que queria somente a mim na vida dele.

Nossos corpos molhados de suor sucumbiram ao ápice do prazer e com gemidos sincronizados ficamos extasiados pelo momento.

Felipe

Eu acaricio os cabelos dela com seu rosto encostado no meu peito desnudo, enquanto assistimos a uma série na TV.

Laysa era maravilhosa na cama, ela sabe dominar e ser dominada como ninguém. A nossa química era inexplicável e eu nunca amaria tanto a uma mulher como amava a ela.

O meu medo de perdê-la era incalculável. E como se eu estivesse pisando em ovos, precisava escolher melhor as palavras ao me referir a Lígia diante dela, não queria que ela ameaçasse se afastar de mim outra vez. Laysa, Valentina e Heitor são minhas razões de viver agora.

Lígia e eu discutimos devido à crise de ciúmes dela e sem pensar duas vezes, a deixei. Mas, ela era uma pessoa vingativa e poderia me punir usando nosso filho. Aquela seria a minha maior preocupação quando decidir ficar com Laysa.

A enfermeira nem pode sonhar que meu celular está desligado e recebendo na caixa postal inúmeras ligações e mensagens de Lígia.

Eu procurava falar sobre coisas interessantes para nós dois e outras, caso fosse inevitável para não a chateá-la.

– Você vai comigo na festa de aniversário de minha mãe? – eu disse e ela se levantou para me olhar de frente.

– Ah, mas... Lígia vai estar presente – eu deixei que ela falasse primeiro na publicitária.

– Ela vai com certeza, mas não comigo – Laysa sorriu de canto como se comemorasse no seu íntimo.

– Certo, poderei ir em respeito à sua mãe, mas ainda não com você – ela me olhou triste – Está muito recente o seu término com Lígia.

Não que eu me importasse com a opinião alheia, mas Laysa tinha razão e ainda mais em respeito aos meus filhos que nem mesmo vieram ao mundo e já seriam julgados pelos os meus atos.

Eu abracei a mulher da minha vida, fiz carinho na barriga dela e ela sorriu quando Valentina saltou novamente em seu ventre. Então, comecei a cantar para minha filha uma canção que minha mãe cantava para mim quando criança. Laysa não se continha e se emocionou ao assistir a cena.

Depois de um tempo, Expectra pulou sobre a cama e nos assustou, ela se aninhou nas minhas pernas, nos fazendo rir.

Eu beijei os meus amores e fiz questão de demonstrar que não poderia ser mais feliz, senão ao lado delas.

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