"Quem inventou o amor?
Eu ouço alguém perguntar.
Um sentimento bom, algo a ser vivido, que surpresas a vida nos reserva?
Um sentimento que se aproxima do ódio ou eles caminham tão próximos que quase não se consegue defini-los.
Traz a felicidade ao mesmo tempo que nos prega peças traiçoeiras do destino.
Nos faz sofrer com o inevitável. Nos faz ter medo do desconhecido e quase não deixa nos entregar de cabeça novamente.
Contudo nos faz forte, inabaláveis. Ah! o amor e suas diversas formas de amar.
Amor difícil de amar, amor a distância, amor inesquecível, amor sem limites, amor por toda vida.
Amor verdadeiro, amor ausente, amor fugitivo, amor abrigo, amor amigo".
Laysa
Eu coloquei minhas malas no canto do quarto e dei uma última olhada em minha volta. Não poderia passar daquele dia, porque finalmente eu iria embora da Holanda.
Johnny não veio até a minha casa para se despedir de mim. Ele estava extremamente chateado com minha decisão de ir embora para o Brasil e pela minha frieza ao terminar o nosso namoro numa noite fria de Amsterdã.
E mais uma vez eu me via determinada a tomar uma decisão, mesmo que machucasse outras pessoas somente pelo fato de se envolverem comigo ou por estarem perto de mim.
Eu não andava me sentindo bem longe da minha terra, mesmo acostumada com alguns dos costumes europeus. Precisava voltar, o que chegava a me sufocar quando outros tentavam inutilmente me convencer do contrário.
Eu aceitei ir com meu irmão para a Holanda por estar doente mentalmente. Ainda me incomodava o fato de que tinha transtornos de ansiedade, vivendo praticamente para os ansiolíticos e antidepressivos, coisa que não queria nunca mais em minha vida.
Eu queria a minha velha rotina de volta, meu apartamento organizado ao meu gosto, Expectra me pedindo sua comida, dias de lixo com Catarina e sobre tudo que mais desejava desse universo inteiro, ter Felipe de volta na minha vida. Mesmo que tudo que eu havia abandonado, não estivesse exatamente como antes, mas eu o queria viver o novo se fosse o caso também.
Jonathan conseguiu um tempo no trabalho e me acompanhou até o aeroporto.
– Eu vou sentir muito a sua falta minha irmã – meu irmão me deu um beijo demorado na testa.
– Espero que não demore tanto desta vez para vê-lo novamente – eu o respondi não contendo as lágrimas – eu te amo muito meu John – o abracei ainda mais forte.
Ainda na fila do check-in via Jonathan se afastando com um último aceno para mim e voltando para a família que ele formou na Holanda e suas rotinas do dia-a-dia.
Eu enviei uma mensagem para Catarina do horário que provavelmente chegaria ao aeroporto do Brasil.
"Peça a Felipe para ir com você" – eu digitei pensando em apagar a mensagem logo em seguida, mas Cath visualizou rápido.
"Não vou garantir, mas posso convidá-lo sim"
Desliguei meu celular e sentia o meu coração pulsar forte, mesmo falando às vezes por chamada de vídeo com Felipe, seria diferente vê-lo pessoalmente depois de tanto tempo. Só de pensar no possivelmente me aguardava, me faltava o ar, as minhas pernas tremiam e as expectativas queriam me matar de ansiedade.
Eu procurava então me relaxar na poltrona do avião, olhando as poucas luzes na imensidão do céu escuro pela pequena janela e mais tarde da noite, tentaria dormir um pouco.
Felipe
Lígia estava sensual em seu biquíni minúsculo ao sair da piscina do seu condomínio. Eu a observava enquanto bebia ao meu vinho preferido. Diante da minha recusa em entrar na água morna, ela me jogou um beijo de longe e saltou de volta para a piscina.
Ela era uma jovem linda e atraía muitos olhares para seu corpo bem definido. Eu não sei como não consigo sentir ciúmes dela, muito pelo contrário, me sentia sortudo por tê-la ao meu lado.
A primeira coisa notável em mim são as minhas pernas, que não tinham mais a firmeza habitual para a sustentação do meu corpo. Por mais que as pessoas se disfarçassem, elas sempre me observavam andar com a muleta, outras perguntavam sempre em como poderiam me ajudar. Eu procurava ser simpático com todos e agradecido pela vida, independentemente de como cada pessoa reagiria.
Lígia não se importava com algumas necessidades básicas minhas e aparentemente eu a fazia feliz por estar ao meu lado.
Meus pacientes mais assíduos também não comparam a minha deficiência com minha capacidade e confiavam em mim, o que seria muito bom para minha estima. E eu correspondo sendo o melhor profissional possível no tratamento cardiológico.
Lígia se aproximou e segundo ela não gostava de ficar por muito tempo longe de mim.
– Você vai ficar todo marcado do sol desse jeito – ela me aconselhou ao dar-me um beijo de selinho.
– Não tem problemas, minha linda – eu a puxei de volta para outro beijo quase a fazendo cair por cima de mim.
– Não faça isso, seu louco! – ela esbravejou querendo sorrir – ou eu não me respondo por mim nesse local público.
– Depois que eu acabar o vinho, então nós vamos para seu quarto – eu sugeri diante do sorriso safado dela.
Enquanto a publicitária foi para o vestuário se lavar de ducha, eu admirei o cair da tarde. O sol lentamente ficou poente no horizonte.
O condomínio afastado da cidade e ecologicamente correto em alguns aspectos, além de bonito era bem confortável. Oferecia um parque arborizado de frente ao portão principal, um salão de festas de respeito, academia completa, playground, quadra de esportes, piscina com bar, as casas espaçosas e separadas por jardins no melhor estilo americano. E o mais importante de tudo, um sistema de segurança espetacular.
Lígia veio até mim com o roupão sobre o seu biquíni e me levou até sua casa, como já começamos a nos beijar assim que ela abriu a porta, seguimos em direção ao seu quarto nos pegando de forma quente pelos corredores do imóvel.
Ela me pressionou contra a parede com uma das mãos no meu peito e mordeu meu lábio, eu gritei e queria descontar a dor sentida nela. Como Lígia era mais rápida do que eu, correu para a cama dela já arrancando toda a sua roupa e me esperava para assim me provocar. O que ela fazia muito bem porque eu ficava louco para possuí-la.
Eu tirei também as minhas roupas satisfazendo as vontades dela e as minhas consequentemente, sempre de forma mais bruta como gostávamos e vinha dando certo até então. Depois de um tempo alcançamos o ápice do sexo e caímos exaustos sobre a cama.
O meu celular vibrou e eu me esforcei-me para alcançá-lo ainda deitado. Eu havia recebido uma mensagem de Catarina e Lígia deitada ao meu lado acabou lendo junto comigo:
"Laysa está chegando amanhã pela manhã no aeroporto e pediu para que você e eu fôssemos buscá-la"
Eu dei uma olhada para Lígia que logo quis saber quem seria Laysa, eu disfarcei quando senti as batidas do meu coração se acelerarem e disse que ela era apenas uma amiga.
Lígia sorriu para mim e deixei o celular de lado. Eu a abracei de forma que ela não visse a minha face e tentei me concentrar ao olhar perdido para o teto da casa.
– Eu te amo, Felipe – Lígia disse ouvindo o meu coração bater forte dentro do meu peito e depois me beijou suavemente em meu rosto suado.
Eu não conseguia encará-lae nem a respondê-la como seria o certo e ela ficou visivelmente chateada.
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No Tempo Certo
RomanceO amor é constantemente colocado à prova e frente aos desafios é preciso ter preservada a sanidade. Sendo assim, tudo que parecer contrário, transformará em aprendizado para a vida. Laysa é uma principiante na enfermagem e junto aos desafios profiss...