15 anos antes...Narradora
Laysa acessou a internet do seu notebook e por chamada de vídeo, tentou contato com seu irmão na Holanda. A sua cunhada atendeu e mostrou como os filhos haviam crescido e contou que todos por lá sentiam a falta da enfermeira.
Felipe foi para seu plantão noturno e deixou Laysa aos cuidados de Luíza, uma enfermeira cuidadora, que depois de muita insistência a amada aceitou a companhia da senhora.
Laysa estava tomando medicamentos além de ter uma dieta rigorosa para não ingestão de sódio. E sentia também outros desconfortos gerados pelo final da gravidez, para preocupação de Felipe.
Jonathan acabou de fazer o que o estava ocupando e chegou frente ao notebook para falar com a irmã praticamente do outro lado do mundo.
– Você está melhor, minha irmã? – ele quis se atualizar sobre saúde da gestante de risco.
Laysa lhe contou um pouco de tudo e depois falou sobre suas suposições sobre as revelações de seus sonhos e quanto tudo isso afeta a felicidade dela e Felipe.
Jonathan ouvia a tudo e ficou pensativo. O irmão certificou de estar sozinho no quarto ao fechar e porta, ajeitou a câmera para que Laysa o visse melhor.
– Irmã, tenho algo a te dizer – Jonathan procurou dizer com a voz baixa – mas Jane não quer que eu te fale porque teme que você surte outra vez.
Laysa estranhou as atitudes do irmão, mas ficou curiosa se ajeitando na cama com sua barriga enorme.
O irmão lhe contou que quando ainda muito pequeno, ouviu a mãe deles e uma amiga conversarem.
Elas falavam sobre um tipo de feitiçaria que envolvia os pais dos irmãos. Selena como a mãe deles a chamava, a aconselhava se separar do pai deles. Diante da recusa, Selena disse que eles não teriam escapatória e seria questão de tempo.
Passou poucos dias, Jonathan e Laysa ficaram órfãos.
– Espere, Jonathan se foi isso que ceifou a vida de nossos pais, você quer dizer que eu herdei essa maldição? – Laysa procurava entender.
– Não posso ter certeza, minha irmã – Jonathan ficou preocupado com a expressão confusa de Laysa – eu só quero te ajudar.
– Não se preocupe, você está me ajudando – Laysa procurou manter-se calma – são muitas coincidências, meu irmão.
– Lembro-me de algo a respeito de fazer boas ações para quebrar o feitiço ou algo assim não estou bem certo disso – Jonathan levou a mão a cabeça bagunçando os cabelos.
Laysa se despediu e agradeceu ao irmão pela informação e ele teve um certo arrependimento por ter decidido a contar para a irmã, mas ela precisava saber da história dos pais.
A enfermeira então começou a juntar todas suas coisas e colocava-as na mala. Luíza chegou no mesmo instante e tentou contê-la. Como não conseguiu fazer Laysa desistir de embora da casa, a senhora ligou para Felipe.
O médico chegou em minutos em sua casa. Laysa já estava na varanda e se preparou para falar com Felipe.
– Eu não posso mais ficar aqui – ela disse com lágrimas nos olhos.
Felipe desceu do carro e a segurou pelos braços perguntando o que havia acontecido e Laysa lhe contou sobre a maldição que herdou.
– Isso é loucura, pense um pouco. Eu não posso te perder por um surto novamente – Felipe já começava a se desorientar.
– Solte-me Felipe, você precisa me deixar ir – Laysa chorava desesperada – eu não quero que nada de ruim aconteça com você.
– Meu amor, olha para mim! – Felipe mostrou seu corpo e a muleta em seguida – o que mais pode me acontecer?
Felipe segurava os braços de Laysa e não queria deixá-la sair da casa pelo estado que ela se encontrava, quando seu telefone tocou e ao atender era a mãe de Lígia dizendo que ela já iria ter o bebê.
– Vou com você – Laysa se prontificou para ajudar.
– Não você vai ficar aqui e me esperar voltar – Felipe foi taxativo.
– Já disse eu posso ajudar – a enfermeira insistiu entrando no carro com Felipe.
Eles chegaram na casa da mãe da publicitária e Lígia já havia entrado em trabalho de parto antes mesmo que pudessem levá-la para um hospital.
Felipe examinou a Lígia e viu que o bebê já estava a caminho, então se posicionou para um parto ali mesmo na casa dela.
Laysa ajudou ao médico, organizando o espaço e pedindo para que Lígia respirasse corretamente e que fizesse força no momento certo. O parto seria humanizado mesmo que ninguém ali o esperasse.
Heitor não demorou sair num misto de dor e alegria na expressão de Lígia e todos ali que presenciaram o milagre da vida. Lígia segurou no braço de Laysa e agradeceu por ter ajudado no parto.
Laysa sorriu e se afastou para que os familiares se aproximassem de mãe e filho. E como total naturalidade, Heitor já procurou se alimentar nos seios da mãe. Felipe estava muito emocionado, porque a muito tempo esperava por aquele momento.
A enfermeira observava a todos sorrirem pela vinda de Heitor, mas preferiu não incomodar quando sentiu algumas pontadas na barriga.
Ela sorriu de longe para Felipe e foi para o banheiro da casa. Mas, as contrações vinham cada vez mais fortes e não teve como senão pedir por ajuda.
– Felipe... Felipe – ela perdeu as forças e desmaiou dentro do banheiro.
O médico estranhou a demora de Laysa e quando foi atrás de enfermeira a encontrou deitada no chão e ela estava tendo convulsões.
Levaram Laysa para a emergência do hospital de Felipe. Ele segurou na mão de seu amor e repetia diversas vezes para ela não o deixasse.
Ele entrou com Laysa no centro cirúrgico e os médicos obstetras tiveram que fazer uma cesariana de emergência. A parturiente estava já em quadro de eclampsia.
Felipe estava desnorteado enquanto os médicos corriam contra o tempo para salvar mãe e filha. A placenta deveria ser retirada o quanto antes para a melhora do quadro clínico de Laysa.
Valentina nasceu calada e os pediatras a reanimaram.
Felipe olhou para filha por pouco tempo e voltou para Laysa e os sinais vitais que caiam vertiginosamente. Ele segurou a mão de sua amada e pedia pela a vida dela todo tempo.
Laysa parte variando e parte lúcida pediu a Felipe que ele não se culpasse e nem culpasse a Valentina pelo ocorrido.
– Fica comigo meu amor – Felipe pediu ao ver Laysa revirar os olhos.
Os demais médicos e equipe olhavam para Felipe com pena, mas o ajudariam até o último recurso. Então, o médico cardiologista assumiu a paciente com parada cardíaca e tentaram fazer manobras de ressuscitação por um bom tempo.
E assim Felipe compreendeu a fragilidade e impotência humana diante de uma fatalidade. O que era estranho e ainda duvidoso, não poderia negar pois havia algo de errado no destino de Laysa.
O médico entregou a vida de Laysa nas mãos do colega cardiologista Guilherme e deixou o centro cirúrgico ensanguentado e debilitado, estava certo de que não queria ver a amada dar seu último suspiro.
No berçário sorriu e chorou com Valentina dizendo que ele seria o melhor pai que a pequena poderia ter.
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No Tempo Certo
RomantikO amor é constantemente colocado à prova e frente aos desafios é preciso ter preservada a sanidade. Sendo assim, tudo que parecer contrário, transformará em aprendizado para a vida. Laysa é uma principiante na enfermagem e junto aos desafios profiss...