Uma Noiva Para Apollo

Uma criança que cativa

*Apollo*

  Maira era uma criança que chamou minha atenção, naquela semana a observei mais algumas vezes. Os dias estavam se tornando mais quentes, sinal de que o verão estava tendo seu pico e eu ocupado com meus afazeres.

  — Apollo. — chamou Hera na porta de meus aposentos.

  — O que deseja? — perguntei me levantando para a observar.

  — Foi à Delfos de novo? Conseguiu o livro, infelizmente eu devia ter tido mais cuidado quando fui lá com Zeus, mas se me entende é meio difícil. — comentou ela, sabia que tinha deixado lá e obviamente esqueceu porque estava com Zeus, mas fora muito descuidada.

— Tudo bem, apenas tenha mais cuidado. — afirmei indo até a varanda.

  — Está inquieto, vejo que ultimamente não comes, não quer nem a companhia de uma ninfa Apollo. — contou. Hera tinha certo jeito de ser muito audaciosa, isso garantia a ela o lugar que possuía no Olimpo.

  — Não é nada demais. — respondi e ela deixou o quarto. Da varanda pensei na pequena Maira, queria ver seus olhos novamente. Ela tinha um jeito simpático e era brincalhona.

   Olhei pelos meus aposentos a procura de algo, afinal Maira nem ao menos possuía brinquedos, só bonecas feitas de milho, não tinha nada para pintar ou colorir.
No canto da estante achei uma pequena bola, pensei em como poderíamos brincar com ela.

  — Talvez a alegre. — falei à mim mesmo.

   Peguei a bola de couro e um pequeno saco de tecido brilhante para guardar. Sai de meus aposentos carregando o saco, passei pelo quarto de Artemis e ela afiava uma faca, raramente conversávamos, ela dizia que eu era muito fútil para ter conversas com ela.
Passei por Tânatos e ele estava aos beijos com as ninfas, como sempre nunca o imaginei sendo um deus que possuísse uma única mulher.

   Me aproximei da sala das escravas que tinham de limpar o Olimpo, uma delas Ária, fazia costuras e talvez pudesse me ajudar com algo à mais para Maira.
Entrei em seu pequeno ateliê enquanto ela costurava, tinha olhos cansados e seus cabelos já eram grisalhos a alguns meses.

— Senhor Apollo. — falou surpresa se levantando e ajoelhando.

  — Não precisa fazer isso. — pedi a ela. — Gostaria que fizesse um pedido especial para mim.

    Espero que ela não fale nada aos demais, eu pedindo uma boneca para uma serva era algo que a chacota estaria a solta e levantaria perguntas.

  — Em que posso ajudar você meu senhor? Qual seu pedido. — disse ela com um olhar de ternura.

  — Preciso de uma boneca, você pode fazer? — perguntei sem jeito para falar, na verdade meu medo era ela contar aos outros.

  — Claro, tenho até pronta meu senhor. — disse pegando uma boneca de tecido e me entregando. — Pode ficar tranquilo o senhor não esteve aqui para mim.