PROGRESSÃO ARITMETICA

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— Tirando o óbvio, alguém sabe dizer o que é isso na tela? — Pergunta Medeiros com cautela.

Almeida olha à investigadora e volta sua atenção para o monitor. Sua ansiedade o impede de responder.

— A contagem regressiva pode ser qualquer coisa. — Fala o irmão. — E esse número aqui em baixo — Rafael aponta para outros números que não param de crescer, no lado direito do monitor, e lembram um contador digital que há nas bombas de combustíveis. —, são as pessoas se conectando e aguardando o início da transmissão.

"Puta merda!" — Fala Medeiros bem baixinho.

— Faltando dez minutos para o início, já tem meio milhão de pessoas esperando a transmissão? Então significa que haverá no mínimo, duas pessoas por aparelho. — Ela olha para tela do monitor. — Almeida, devemos esperar uma audiência com progressão aritmética inicial de dois.

O delegado coloca sua mão direita no rosto. Rafael batendo a ponta do lápis na cabeça responde:

— Exatamente minha irmã! Quando começar, Éris terá possivelmente mais de quatro milhões de pessoas de audiência.

— E se estamos todos aqui, é porque não temos como localizar a transmissão. — Afirma Medeiros olhando para o irmão, sentado na frente do monitor.

Rafael vira-se demonstrando cansaço através do olhar e responde:

— E o pior é que já tentei rastrear o IP de origem, de onde está vindo o sinal, mas a criptografia está bem acima dos recursos que temos disponíveis atualmente. — Comenta desolado.

— Certa vez eu vi num filme, que se você criar um número binário simples, transformá-lo num Cavalo de Tróia, e associá-lo à um satélite, depois jogá-lo no primeiro IP, ele vai seguindo pela rede, igual uma célula pelo sangue, até achar a origem. — Fala Nayra de forma simples, com um pirulito de uva na boca, encostada na parede atrás de todos.

— E depois em Código Moss: "Superman socorro"— Diz Laureano sorrindo, fazendo alusão à cena de Louis Lane no filme "Batman versus Superman.

Rafael olha para Nayra, sorri e diz:

— Nayra você é demais! — Rafael joga o lápis na mesa e fricciona as mãos. — E me deu uma ideia! — Medeiros olha para Nayra que dá com os ombros, e volta observar o irmão que começa a digitar rapidamente.

— Parabéns menina. — Diz Almeida cruzando os braços e encostando-se na parede.

— Se você pudesse chutar — Medeiros começa a formular uma pergunta para o irmão —, qual a maior distância do primeiro sinal de IP falso, para a fonte origina?

— Caralho! Um chute? Porra minha irmã... pergunta qual o bicho de amanhã.

— Uma estimativa? Apenas uma estimativa.

— Bem... acho que um raio de setenta quilômetros para cada uma dessas direções. — Rafael aponta no monitor às mais variadas direções, dentro de um círculo vermelho, a partir do sinal inicial.

— Almeida, quantos helicópteros estão no pátio? — Medeiros pergunta sem tirar os olhos do monitor.

— Acho que os três. — Almeida levanta as sobrancelhas ao ouvir a pergunta.

— Rafael vamos aumentar o áudio e separar os sons em vários canais, talvez possamos identificar quando o helicóptero sobrevoar o local.

— Como é? — Almeida não acredita no que escutou. — Sobrevoar o local?

— Como a transmissão será ao vivo, podemos colocar cada nave numa direção, e torcermos para captarmos o som quando um dos helicópteros sobrevoar o local! — Conclui a agente.

— Exatamente! Podemos fazer isso sim. Mas não temos três agentes agora. — Responde Afonso.

— Não precisa. Eu vou com o piloto em um, e as outras duas naves irão somente com os pilotos. Se o som do helicóptero sair pelos canais... você sabe como proceder. — Medeiros fala para Almeida que não gosta da ideia, de ter sua agente voando em meio uma tempestade.

— Medeiros, O Cavalo de Tróia foi lançado. Vamos esperar. — Pede o delegado. — Além do mais a chuva está engrossando.

— Cada minuto que passa, é um gol contra.

— Pessoal o contador digital aumentou a velocidade! — Avisa Rafael com a voz apreensiva.

— Como? Por que? — Pergunta Medeiros.

— Acredito que se o número de espectadores, chegarem a um milhão, Éris deverá liberar as imagens antes do prometido.

— Almeida, vou para o helicóptero. Se você escutar o som de um deles, durante a transmissão pede para sinalizarmos.

Medeiros sai apressadamente, partindo na direção dos helicópteros.

Almeida fica na sala pensativo. É muito arriscada a operação. O delegado sabe que a chance dos três homens saírem vivos é mínima.

Ele também sabe que Medeiros não vai dar viagem perdida. Ela tem um faro... se acreditasse em alguma coisa, diria que a investigadora tem um sexto sentido ou um terceiro olho.

Mas Almeida é ateu. Ele sabe que a moça é sagaz; inteligente. E o pior é que não tem medo do perigo.

— Contador disparou! — Avisa Rafael novamente. — A qualquer momento vai está começando a transmissão!

— E o Cavalo de Tróia? — Pergunta Laureano.

— Pulando de localização igual uma árvore de natal.

— Puta merda. — Almeida xinga puxando uma cadeira e colocando o headset para contatar os helicópteros.

— Almeida... Olha para isso. — Rafael bate no ombro de Almeida chamando-o.

— Almeida, A transmissão começou? — Medeiros pergunta apreensiva pelo rádio do helicóptero Carcará.

Sim. Éris está vestida com roupa de Gala, na cor preta.

— E logicamente de máscara.

Ela está usando uma máscara de caveira, com um símbolo estranho onde deveria ser a boca.

— Poderia dizer-me como é esse símbolo? — Pergunta Medeiros.

Na forma mais simplista possível... uma circunferência de onde saem varias setas.

— O símbolo do Caos! E se está localizado no lugar da boca... O caos será revelado, realizado, uma boca sangrenta. — As palavras saem pausadas e pesadas na voz de Medeiros.

Boca sangrenta?

— É quem tem prazer de matar. Preparem-se para ver um banho de sangue ao vivo. — Responde Medeiros olhando à chuva que açoita sem piedade o helicóptero pelo lado de fora.

A investigadora sabe que as possibilidades de salvar um dos três homens são mínimas, mas, ela torce para ter seu momento frente à frente com Éris.

A Língua de Deus - COMPLETO - 30/10/2019 - +18 Anos. SEM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora