SEDEX

65 19 53
                                    

Gregório estaciona o carro a duzentos metros do Armazém 31, e fala para Medeiros:

— Se quiser eu vou com você.

— Não precisa. Embora com o seu faro, poderia ajudar muito. Mas não posso depender disso. Nem sempre terei você ao meu lado.

— Mas eu estou aqui e agora.

— Porém amanhã você estará viajando para o Oriente Médio. Vai se encontrar com Aluísio e Thell.

— Você tem certeza que não vai querer minha ajuda?

— Lógico que não tenho certeza! Você sabe o que John Lennon me pediu? — Medeiros muda propositalmente a conversa, embora Gregório tenha percebido.

— É a minha vez de responder: Não. Mas deve ter sido uma pintura.

— Ele disse que ajudaria a encontrar Álvaro e o Senador, se eu desligasse a máquina.

Gregório cruza os braços e nada diz.

— O que foi?

— Meu amor... Eu acho que te pediria a mesma coisa, se estivesse na mesma situação que ele.

É a vez de Medeiros cruzar os braços.

— Eu tenho certeza que você não topou, mas se quiser, eu faço.

— Gregório eu paro por aqui. — Medeiros abre a porta do carro e sai.

— Eu vou falar com Almeida, se ele concordar, eu te chamo.

— Meu amor, pense na ajuda como uma forma indireta de não precisar de John Lennon.

A agente suspira e vai na direção da entrada do Armazém 31. Não é difícil de achar, haja vista, o local está cheio de policiais.

O Armazém 31 é o mais afastado dos outros.

Os armazéns no Porto do Recife, foram locais que serviram para armazenamento de grãos, especiarias, bebidas que saiam dos navios à capital pernambucana ou eram embarcados para Europa.

As estruturas existem desde a época do Império.

Hoje os armazéns viraram centro de artesanatos, hamburgueria de grifes, casa de show e tem alguns que continuam fechados.

Medeiros entra na mega estrutura amarelada, onde na parte de cima da entrada, dentro da letra "A", tem o número trinta e um. Ambos pintados de vermelho.

A agente caminha seguindo o fluxo. As luzes no chão também indicam a direção.

Mais à frente ela vê uma escada, com outros três lances de degraus feitos de ferro, que descem até uma passagem de metal.

— Boa tarde. — Medeiros segue descendo e cumprimentando os colegas que vão subindo.

As luzes continuam pelo chão a guiando.

Mais a frente ela vê um círculo. As luzes estão suspensas, sendo jogadas sobre eles e iluminando o local pelos dois lados.

Almeida percebe a presença de Medeiros e Laureano fala algo para ele.

Medeiros consegue fazer a leitura labial do final da frase:

"... tempo para desistir."

— Boa tarde pessoal.

O círculo não abre-se. As pessoas olham ao mesmo tempo para ela.

— O que temos aí adiante, que pode fazer Almeida desistir de me mostrar?

A Língua de Deus - COMPLETO - 30/10/2019 - +18 Anos. SEM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora