Medeiros depois de improvisar rapidamente uma tipoia, vai correndo na resistência do corpo até próximo a casa onde ela acredita está Éris.
Realmente parece um local abandonado, e poderia até passar desapercebido, se a Pajero não estivesse parada ao lado da mesma, e não houvesse um gerador improvisado com duas baterias de caminhões trabalhando.
O automóvel está em baixo das copas das duas mangueiras.
Medeiros fica parada no escuro. Observa a movimentação do local. O breu da noite rapidamente ilumina-se com faíscas que saem do gerador adaptado. A máquina está funcionando na carga máxima.
Ela corre e abaixa-se atrás da Pajero.
Como quem sai de dentro no nada, uma mulher aparece com uma arma munida de silenciador, na diagonal onde Medeiros encontra-se. A loira está usando uma roupa tática na cor preta.
A agente abaixa a cabeça, e move-se sentido anti-horário, ficando exatamente do lado oposto da assassina, posicionando-se pela frente do pneu traseiro da Pajero.
Ao olhar por baixo do carro, ela percebe que a mulher vem na direção dela. Mas sem pressa. Andando normal. Medeiros entende que não fora vista.
Ao colocar a mão no bolso esquerdo, com a mão direita, tira a faca tática Karambit. Com os joelhos juntos, e sobre os calcanhares, Medeiros prepara-se para o ataque.
— Luma! A mestre chama! — Grita uma outra mulher que saiu de dentro da casa. — Ela vai começar a fazer o Senador. E vai precisar da nossa ajuda.
— Mas quem vai ficar de prontidão? — Luma responde com audácia, mas segue na direção da mulata, que também está usando roupas táticas pretas.
— Quem você acha que consegue nos encontrar? — As duas entram na casa pintada pelo mofo.
Com extremo cuidado a agente move-se pelo lado da lataria do veículo. Medeiros olha tudo novamente que está ao seu redor. A dor dos dedos que estão quebrados aumenta. Os dedos latejam juntamente com sua cabeça.
Vendo que não há mais ninguém, ela segue com a Karambit pronta. Não quer fazer barulho disparando contra uma delas, mesmo que seja uma bala na cabeça.
Com extremo cuidado abre a porta e vê um imenso corredor, iluminado com lâmpadas vermelhas. Há três portas à sua esquerda e uma à sua direita, já no final do corredor.
Medeiros abre a primeira porta. É um banheiro fétido. Imundo do piso ao chão. O vaso que um dia fora branco, agora esborra uma água preta e gordurosa. Ao lado dele, tem uma banheira que está despregada do piso e Medeiros percebe que o cheiro podre, vem de dentro dela.
Com muito cuidado, Medeiros abre a segunda porta. Embora ela esteja escutando o som que sai das caixas vindas em baixo da casa, tocando a Banda Sepultura nas maiores alturas, a agente mexe-se furtivamente dentro do cômodo.
O local da segunda porta está vazio. Porém, depois que ela se vira para sair do quarto, percebe algo escrito nas paredes.
Medeiros fecha a porta por dentro. Ela tira seu celular que está no "Modo Silencioso", e bate fotos das quatro paredes.
"Porra Medeiros... que merda você está fazendo? Se alguém ver esses flashs?" — Pensa. "Já foi. Agora é tarde."
Novamente com cuidado, ela sai do segundo quarto e abre o último. Nesse, Medeiros consegue identificar que há uma cama de ferro, cheia de sangue pisado e algemas. Vários tipos. É uma serra com mais de dois metros de comprimento.
Ao olhar para frente, as luzes psicodélicas vindas lá de baixo, borram em coloridos a parede da escada. Porém antes que ela toque na maçaneta da última porta, ela abre-se de vez.
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A Língua de Deus - COMPLETO - 30/10/2019 - +18 Anos. SEM REVISÃO
Mystery / ThrillerA língua de Deus tem 9 prêmios incluindo o de protagonista, sinopse, vilão e melhor suspense. Numa manhã ensolarada na Pedreira Lagoa Azul, cinco jovens depois de fazerem rapel, encontram um corpo de um homem caucasiano, nu, boiando com sua face en...