TERCEIRA

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— Senhores como disse, esse vídeo vai mostrar os acontecimentos que antecedem a tudo isso que estamos vivendo hoje.

Rafael se adianta caminhando até à TV, mandando a informação que está no seu celular, via Bluetooth.

— Eu vou tirar o áudio e deixar somente as imagens. — Almeida ainda está sem entender, porém escuta Medeiros atentamente e ao que tudo indica, Rafael está com nova evidência do Caso Kali e vai começar a mostrar.

— Nós veremos imagens por câmeras distintas... As imagens são fortes.

Os três homens se ajeitam na cadeira.

— Posso começar? — Pergunta Medeiros.

— Sim. Nós suportamos o que você tem para nos mostrar. — Avisa Manuel.

O filme começa.

A primeira imagem vem de uma câmera que está fixada na parede externa de um viaduto próximo à fábrica.

Karina correndo usando tênis vermelhos e roupas de malhas na cor preta. A barriga está à mostra. Ela vem correndo suave. Ritmo constante. Está escutando musica no que parece ser um iPod preso ao braço esquerdo.

Os homens se entreolham.

Medeiros está ao lado da TV.

Almeida está com as duas mãos fechadas em punhos, na frente da boca.

As imagens continuam passando:

Karina olha para o relógio. Acelera as passadas. Pega a estrada de asfalto que vai dar direto à fábrica. Ela reduz a velocidade antes de passar por baixo do viaduto.

A imagem é cortada para uma câmera que pega da saída da fábrica, até a placa dianteira do carro de Karina.

Os três homens estão conversando. Um puxa o cigarro e acende. O que está no meio pega o cigarro do outro, joga no chão e pisa em cima. O terceiro que usa uma camisa amarela gargalha pela situação inusitada. O homem que pisou no cigarro aponta numa direção. Todos estão olhando no mesmo sentido. Depois ele dar um tapa na cabeça do fumante. Logo em seguida reclama com ele. Os três andam apressadamente no sentido do carro.

— E dai por diante vocês já sabem o que aconteceu. — Afirma Medeiros olhando para o trio.

— Nós já vimos essas imagens. — Firmino informa com tranquilidade.

— A senhora deveria pegar o processo que foi arquivado e ler — Fala Carlos levantando em seguida —, até por que não ficarei aqui vendo os vídeos que já vimos. Nós estamos aqui pelos nossos filhos. E não tenha dúvidas que vocês vão receber as visitas dos nossos advogados.

— Senhores eu ainda não liberei vocês. Acho que não entenderam a gravidade da situação.

Almeida recua na cadeira olhando para Laureano. A agente Medeiros continua:

— A mulher que matou seus filhos, momentos antes de tirar a vida contou o que supostamente vocês fizeram.

Firmino levanta-se junto com Manuel para ir embora:

— Senhor delegado, aguarde notícias nossas.

"O que vocês querem?" — O áudio com uma mulher gritando desesperada começa junto com as imagens inéditas.

"NÃO! POR FAVOR NÃO!"

Medeiros vendo os homens parados, estáticos, sem reação, volta a falar enquanto as imagens vão passando:

— Essas imagens estavam guardadas no HD do computador de Karina. Acho que vocês se reconhecem nas imagens. — A voz da agente não está amigável. Os homens se veem praticando o estupro. — Vocês devem está se perguntando que câmera é essa? Aonde estava? Rafael você poderia explicar?

— Sim. No dia dez de agosto de dois mil e onze, Karina teve ser carro arrombado e levado o som do carro dela. — A imagem do Boletim de ocorrência aparece. — Ela então ligou para empresa de vigilância que fazia a segurança da fábrica e pediu para colocar uma câmera "Cateyes", ou "Olhos de gato", no poste do lado oposto ao que o seu carro ficava. Porém ao que tudo indica, nem o esposo sabia da existência dessa câmera.

Rafael conclui a fala com a imagem mostrando os três cercando Karina para estupra-la.

Medeiros desliga a TV.

— Acho que é desnecessário seguir adiante com as imagens. Porém o que me deixa mais confusa é que tipo de marido não apoiaria a esposa e não ficaria do lado dela, numa situação tão grotesca igual a essa?

Almeida ainda está se sentindo estranho com o áudio que escutara.

Mesmo sendo acostumado a quase tudo, escutar os gritos de uma mulher grávida pedindo clemência pela vida dela e da criança era muito doloroso de ouvir.

— Senhores... Eu acho que Thomas Werner não acreditando que a criança era dele, achou essa forma de vingar-se da mulher. Então ele pagou a vocês para fazerem essa atrocidade.

— Você é louca! - Grita Carlos.

— Há uma transferência de vinte mil reais para cada um, depois de seis meses do ocorrido. - Explica Rafael. — Então, acho bom vocês irem pensando no que vão dizer à justiça.— Terminado de falar, Medeiros começa lendo os direitos dos três homens.

— Isso não pode está acontecendo! — Grita Firmino para Medeiros.

— Senhores, — Começa Almeida. — Por favor queiram ligar para seus advogados. Vocês estão sendo presos por estupro e assassinato qualificado com requintes de crueldade.

A Língua de Deus - COMPLETO - 30/10/2019 - +18 Anos. SEM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora