CELEBRIDADE

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John Lennon acompanha pelo noticiário local, o falecimento do jornalista J.J. Ele gargalha até engasgar-se com a própria saliva.

A ironia da vida o faz sorri. O jornalista morreu enquanto dormia. John pensa nas várias vezes que pediu essa dádiva de morrer enquanto dormia, e nunca aconteceu.

Ele sentia-se um amaldiçoado. Preso ao que não queria. Acorrentado a ter que viver.

— A::: Vida::: parece::: que se::: agarrou::: a mim::: — Seus olhos marejam. — impregnando::: meu corpo.

Porém, com a mesma facilidade que o sorriso veio, ele foi embora. Os olhos marejam, não porque ele está sentimental com a morte do pai de Medeiros, mas, pelo fato de não consegui morrer.

Das gargalhadas para o choro foi um pulo. John chorava copiosamente. Ninguém queria lhe tirar a vida, e nem isso ele podia.

— Homem::: de sorte.  — A enfermeira do plantão entrou no quarto. Por causa do aumento dos batimentos cardíacos, ela recebeu o aviso, pelo monitor, que algo não estava bem com o paciente do quarto duzentos e vinte dois.

— John? — Ela para diante dele e olha para a televisão pendurada na parede. — O pai da sua amiga... entendo agora o porquê do seu coração está tão acelerado.

— Me deixe::: paz.

— Pediram-me para ver se você está bem.

— Foda-se.

— Você quer dar uma voltinha? Sair um pouco do quarto?

— Não! — Ele pensa que talvez, se for mais ríspido, a enfermeira vai embora.

— Tem certeza?

— Quero::: morrer::: tenho dinheiro — Respiração. — Pode::: fazer isso?

— E eu tenho juízo. Não sou uma assassina, e nem quero ir presa. — John continua olhando para televisão.

— Vai embora::: ficar sozinho. — Ele traga o ar, que ventila pelo pescoço, ajudado por uma das máquina. A enfermeira dá um passo para frente. Entrando forçadamente no campo de visão de John.

— Sua amiga parece ter um amuleto, não acha? — John Lennon levanta uma das sobrancelhas e sorri. — Eu admirei sua obra. — A enfermeira olha para ele. — Verdade! Todas aquelas mortes. Uau! Embora não possa dizer isso para as demais, mas você é minha fonte de inspiração. Eu estou vendo um sorriso ou me enganei?

— Obrigado.

— Por que você está me agradecendo? — A enfermeira volta seu olhar para televisão. — Se fosse você ainda não faria isso. Mas, estou dizendo a verdade! — John continua sorrindo. Ela vira-se para olhá-lo — Porém deve continuar sendo nosso segredo. Cadê o dedinho mindinho para formalizar nossa amizade? — A voz é de pura ironia e maldade, — Ui! Esqueci que não você pode mexer o bracinho.

— Gostei::: de você:::

— Eu já disse para não criar boas expectativas. Eu não sou flor que se cheire.

— Como?::: dois lugares?

— Eu sou uma deusa! Esqueceu?

— Independente::: resultado::: — O sorriso dele está maior. — Eu::: vou morrer::: Obrigado. — Éris escuta aquela frase e sente sinceridade no agradecimento.

— Bem, se isso lhe deixa feliz... você tem toda razão! — Éris aproxima do rosto de John. — E aí? Vamos ou não vamos passear?

— Para::: onde? — Os olhos de John brilham.

— Você sabia que é feio ser curioso? Mas, hoje a noite, a pessoa mais importante, chama-se John Lennon.

— Demorou::: eu::: celebridade.

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A Língua de Deus - COMPLETO - 30/10/2019 - +18 Anos. SEM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora