— Puta que pariu! — Grita Rafael jogando seu corpo para trás, e quase caindo da cadeira quando ver o vídeo do padre Luís Azevedo abusando das suas vítimas.
— E os números? — Almeida pergunta aflito, procurando saber quantas pessoas a mais estão assistindo.
— Só crescem... — Responde Rafael quase sem voz. — a cada segundo mais pessoas começam a assistir a transmissão. São mais de três milhões pontos conectados.
— Nove milhões de pessoas? Por baixo? — O delegado fala o número "nove" chocado.
— E o seu Cavalo de Tróia? — Pergunta Medeiros pelo rádio.
— Ele circula o mundo, vai de um lado para o outro e nada. Parece um zangão. Ainda não tenho um padrão.
— Não acredito que você vai ser superado. — Medeiros alfineta o irmão.
— Minha irmã... para tudo há uma primeira vez. — Comenta Rafael sem piscar os olhos. — Que cadeira é essa Almeida?
O delegado pede com um gesto na mão para que Rafael amplie.
— O que vocês estão vendo?
— É uma cadeira elétrica. — Almeida afasta-se da mesa. — Ela vai eletrocuta-lo ao vivo. — O delegado respira pausadamente, na verdade, o cansaço da impotência.
Medeiros no helicóptero pega o celular e tenta acessar a transmissão. Ela olha para o piloto e pergunta:
— Não temos Wi-Fi? — O piloto olha para o lado franzindo o cenho e responde:
— Esse não tem.
Medeiros fica estática uns dez segundos que parecem anos. Ela passa a visão pelos inúmeros botões, ponteiros e luzes que estão amostra no painel. Seu coração acelera com raiva.
A chuva fica mais forte. Intensa.
— Caralho... e por que você não pegou... — Medeiros não termina a frase.
"Ele não tem culpa. Eu simplesmente entrei no helicóptero que não tem Wi-Fi." — A agente olha para seu celular e grita em seus pensamentos:
"CARALHO! PORRA! PUUUUTAAAA QUE PAAARIL! É FODA, FODA E FODA!"
— A senhora sente-se bem? — Pergunta o piloto ao ver que as pontas dos dedos da agente estão brancos de tanto apertar o celular. Medeiros olha para ele e responde:
— Sim. Obrigada. Eu estou apenas apreensiva com tudo isso. — O que mais está acontecendo? Por que pararam de falar? — Medeiros pergunta.
Almeida e Rafael estão vendo o homem idoso levar uma surra. Éris está com soqueiras e a cada golpe desferido, o sangue jorra abundante.
— Medeiros... o padre Luís está sentado numa cadeira elétrica.
— Isso eu já ouvi, click.
— Ela pegou um maçarico. — Avisa Almeida. — Ela está o testando.
Medeiros fica ainda mais chocada com o que vai sendo narrado pelo delegado. A agente está impactada.
Ela sente uma ira encher sua alma. Medeiros não viu as imagens dos abusos feitos pelo padre, mas, a barbarie que está escutando ser narrada, e que milhões de pessoas estão assistindo... Éris mostra nesses atos que é um caminho sem volta.
Medeiros detesta pedófilos, estupradores, abusadores de qualquer tipo. Foi bandido ela não suporta... Mas, a agente também sabe que um ato desse pode encorajar as pessoas a fazerem justiça com as próprias mãos.
"Éris não entende que essa atitude pode piorar a situação contra nós mulheres." Pensa a agente.
Medeiros vai escutando o que Éris está fazendo com o padre e como a barba dele fora puxada por completa e com extrema violência, depois da metade ter sido rasgada pelo calor do maçarico.
— Por que vocês pararam de falar? Click
— Medeiros... o padre acaba de ser eletrocutado. O homem está parecendo uma imensa tocha humana. Ela não molhou os cabelos dele, nem seus extremos.
A agente olha para o imenso painel colorido à sua frente. Ela não está vendo a cena, mas imagina o homem ardendo em chamas enquanto grita agonizando.
Almeida lhe diz mais algumas coisas. Inútil. A sua mente está lá fora... caindo abraçada com a chuva.
Os " e se..." começam a ganhar mais força na cabeça de Medeiros. Ela saiu à procura de um lugar onde não tem a mínima ideia onde fica, e com a esperança que o "Cavalo de Tróia" pudesse funcionar.
Porém, a realidade, é que não está funcionando. Talvez essa música nas alturas, que Medeiros escutou pelo rádio, foi propositalmente feita para que ruídos externos não sejam identificados pelos peritos em áudios.
A Irmandade com certeza pensou em tudo. E o que aflige o coração de Medeiros é essa impotência diante de um fato:
A Língua de Deus sempre está um passo à sua frente.
A cabeça dela vaga agora para um outro lado escuro... Almeida está lhe escondendo informações. Aloísio nunca faria isso... Nunca faria mesmo.
Mais ideias vão cercando sua alma.
Aloísio poderia está irado, revoltado com as suas atitudes, mas ele nunca escondeu-lhe nada... nenhuma informação... e ainda ajudava-lhe nas tomadas de decisões.
Medeiros começa a achar que agiu precipitada ao ter colocado os helicópteros no ar. Sim. Isso mesmo. Ela tem certeza que agiu errada.
Porém a imagem de Aloísio lhe vem à mente. Ele parado diante dela, que estava arrasada, por ter errado o local onde a vítima deveria está... esse erro custou a vida do seu amigo, morto na armadilha de John Lennon ( Essa história é contada em Assassino dos Dedos), perguntando-lhe:
"— Você é piruá ou Pipoca?"
— Eu... sou... pipoca! — Medeiros responde para si, quase como uma prece, mas com confiança.
— O que você disse? Não entendi.
— Eu sou a porra de uma pipoca! — Responde Medeiros ao piloto.
Little_Poetess parabéns pelo seu aniversário (26/09/19)!!!!!!!
Que Deus possa a cada dia te abençoar cada vez mais em toda sua vida.
E atendendo a seu pedido de aniversário, o capítulo que sairia somente na segunda-feira, saiu hoje. É simples o presente, mas é de coração.
Obrigado
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A Língua de Deus - COMPLETO - 30/10/2019 - +18 Anos. SEM REVISÃO
Bí ẩn / Giật gânA língua de Deus tem 9 prêmios incluindo o de protagonista, sinopse, vilão e melhor suspense. Numa manhã ensolarada na Pedreira Lagoa Azul, cinco jovens depois de fazerem rapel, encontram um corpo de um homem caucasiano, nu, boiando com sua face en...