A Língua de Deus - COMPLETO - 30/10/2019 - +18 Anos. SEM REVISÃO

TROCANDO AS ROUPAS

— Você consegui alguma coisa? — Medeiros pergunta para Gregório, que vem voltando de dentro do armazém.

— Nada... e por mais estranho que pareça, o único odor diferente que havia no local era floral.

— Floral? — Medeiros surpreende-se com a resposta. — Droga... perfume floral é o que mais tem no mercado.

— Verdade. Mas não é floral de fragrância. Eu me expressei errado. A pessoa tomou banho com ervas florais, usadas para elevação ou limpeza espiritual.

Medeiros olha para o lado, fixa-se olhando num semáforo que está mostrando em ordem regressiva, quanto tempo falta para abrir.

— Éris queria está limpa diante de Álvaro. — Medeiros volta a olhar para Gregório. — Um ritual de purificação.

— Exato.

— Então o que será que Álvaro escondia? O que ele estava fazendo? Por que a purificação foi para ela e não para ele? O disco contém a resposta.

— Talvez ela acreditasse que Álvaro não merecesse a redenção. — Gregório vira-se e vê Nayra andando rápido na direção deles. — Acho que não vai demorar muito para termos a resposta. — Avisa Gregório com o semblante fechado.

A legista entrega um celular para Medeiros.

— O que foi?

— É melhor... você mesma ver.

Medeiros inicialmente não entende as imagens entrecortadas. É um vídeo pornô.

A câmera vira de ângulo pegando o rosto do abusador. Depois a cena é cortada para que Medeiros tenha a real ideia do que está acontecendo:

Álvaro está com uma criança.

Ela fica zonza e vomita.

Gregório ampara Medeiros, que entrega o celular para o companheiro.

Ele o ver a cena, esmaga o celular ao fecha-lo na mão.

— Está na internet! — Medeiros fala desesperada. — Éris jogou na Rede. Eu preciso falar com minha irmã. Meu Deus que horrível. Tenho que falar com Juliana.

Gregório vê o desespero nos olhos do seu amor, e culpa-se por nunca ter percebido nada. Uma pessoa igual a ele, nunca deveria ter baixado a guarda.

Medeiros começa ligar para Juliana e seu nervosismos aumenta. A irmã não está atendendo.

— Vamos mana... atende essa ligação. — Ela olha para os dois parados na sua frente. — Gregório preciso ir para casa. — Novamente a agente pega o celular e liga para Almeida.

— Almeida... — Gregório acompanha Medeiros, enquanto ela vai falando com o delegado, que lhe diz:

— Pela sua voz, você já está sabendo que o vídeo vazou. Sinto muito. O que você vai fazer?

— Eu estou indo para casa. Preciso falar com minha irmã.

— Sim, faça isso. Nós estamos tentando identificar as famílias das vítimas.

Almeida desliga o celular. Ainda não se recuperou das imagens. E o pior que um sentimento de impotência toma-lhe conta.

Mesmo ele tendo pedido para Rafael embaçar a maior parte das imagens, os rotos das crianças não saiam da sua memória.

Almeida abre a terceira gaveta da sua mesa. Pega o uísque, e com um farto gole, bebe na boca da garrafa.

Depois limpa a boca com as costas da mão e levanta-se e vai até aonde Rafael se encontra.