ÁLVARO

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— Você vai querer ou não? — Pergunta Álvaro falando com alguém ao telefone, quando deixa apressadamente o elevador do prédio onde mora.

A negociação vai seguindo mesmo depois dele sair do imóvel e continuar andando até um edifício garagem que fica a poucos metros de sua residência.

— O que tenho é de primeira. Eu recebi ontem... Lógico que eu vi... Você confia em mim? Eu estou te falando que vai surpreender muita gente... Eu passo no seu trabalho e deixo as coordenadas para entrar no catalogo.

Ele para diante de um sinal para atravessar a rua.

— Meu amigo é totalmente seguro... Nada de link. Eu vou te dar uma senha e um login... Você já ouviu falar na Deepweb?

O sinal abre e Álvaro volta a andar.

— É totalmente seguro. Eu garanto... Lógico que você não vai ter problemas. Eu sei que você tem muita coisa a perder.

Ele entra numa cafeteria local, chamada Via Paralela, segue direto ao balcão para fazer seu pedido.

— Sr. Álvaro bom dia. — A balconista começa a falar com ele. — O senhor vai querer o de sempre?

— Por favor Elza. Isso mesmo... — Álvaro volta sua atenção na ligação: — Cara você é muito estressado. Se estou falando que é para ficar tranquilo, pode ficar. A minha rede de contato é muito vasta.

A moça o entrega dois croissant de queijo e um copo de 500ml com café puro.

— Elza muito obrigado.

Álvaro agradece, segue até o caixa para pagar e sai da cafeteria.

— Tenho clientes em todos os lugares e em todas as esferas que você possa imaginar... Eu só estou repetindo isso para você saber que além de haver sigilo, há total segurança no negócio.

O noivo de Juliana prende o celular entre o pescoço e o rosto para continuar falando, abre o lacre do copo do café e o bebe.

— Tudo pode ser rastreado, mas nem tudo pode ser provado. O meu caminho é seguro. E posso lhe dar total garantia. Ninguém nunca saberá! Temos um negócio?

Ele sorve mais do café.

— Maravilha então. Você não vai arrepender-se de fazer negócio comigo. O senhor ligou para a pessoa certa.

O rapaz desliga o telefone.

— Mais grana na conta. — Fala com um sorriso entreaberto. — O casamento está chegando e preciso de dinheiro.

Com uma postura confiante, ele vai atravessando o edifício garagem.

Álvaro pega a chave do carro no bolso esquerdo e aciona o chaveiro para desligar o alarme.

Ele pisca os olhos três vezes.

Sente um leve desconforto.

Uma leve tontura.

A vista fica um pouco embaçada. Ele esfrega os olhos apressadamente.

Ele sente as pálpebras ficarem leves e teimosas. Elas estão insistindo em fecharem os olhos dele.

Álvaro entra no carro, senta-se e liga o som. Pelo Bluetooth do celular coloca musicas da banda The Ramones.

A música que começa a tocar é Pet Cemetery.

Seus olhos piscam mais que deviam. A sua vontade de permanecer acordado vai sendo sobrepujada.

Álvaro liga o carro.

O ar condicionado acerta-lhe suavemente os olhos. Ele não consegue mais lutar contra o sono e arreia seu corpo sobre o banco de couro preto do Camaro branco.

Ele é vencido. A porta para um sono profundo é atravessada.

Uma van branca sai calmante de onde está parada. O motor silencioso tem sua aceleração lenta e constante.

Quatro pessoas saem de dentro do carro e uma continua na direção.

Elas abem a porta do Camaro, e com habilidade iguais um polvo, suas mãos catam o homem.

Álvaro é levado para dentro da Van, que segue preguiçosamente em direção à saída do edifício garagem, saindo à esquerda e continuando desfilando garbosamente pela rua.

A Língua de Deus - COMPLETO - 30/10/2019 - +18 Anos. SEM REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora