"O número sete representa a perfeição, a perfeita integração entre os mundos físico e espiritual. É visto como um número de grande espiritualidade e consequentemente o símbolo do universo em transformação. Representa os sete dias da semana, as sete cores do arco-íris, os sete pecados capitais, os sete selos bíblicos, os sete mares, as sete vidas dos gatos, as sete notas musicais, sete..."
— Ora, ora, meu irmão. Não acredito que dá atenção a estas loucuras... numerologia, bah. O mundo se faz no concreto! – Vicente bateu na mesa da sala presidencial e se levantou. – Francis, francamente, você é presidente da corporação... papai e mamãe não...
— Não fale! – Francis ergueu o dedo – Papai e mamãe estão mortos, e você sabe muito bem disso... alguma coisa os matou!
— Irmão, você está fora de si. A presidência requer autocontrole, estabilidade... papai e mamãe morreram em um terrível acidente aéreo.
— Conveniente, não? Um acidente do qual ninguém achou um dedo do corpo Vicente, nada! Nada! E eu sou o louco da família?
— Não foi o que eu quis dizer
— Mas foi justamente o que me disse! – Francis se ergueu da sua espécie de trono. Vicente definitivamente não o compreendia.
— Carina deve vir a reunião este mês. O que acha que ela vai pensar quando souber que o guardião do maior patrimônio da família tem se comunicado com sabe Deus lá que espécie de lunático que enviou uma carta anônima, mensagens enigmáticas e um livro maluco?
— Ela não vai pensar em nada, contanto que as ações continuem se valorizando. E Alana e Denis votam comigo, Vicente.
— Está fazendo isto aqui parecer uma disputa. – O outro reclamou cirandando pelos lados da grande mesa de reuniões principal.
— Eu realmente espero que não seja mesmo. – Francis respondeu, partindo para um duelo de olhares com o irmão gêmeo cinco minutos mais novo.
Se tinha uma coisa que ele nunca absorveu completamente, foi a morte dos pais, pessimamente explicada com um acidente de avião que, para todos os efeitos, "tecnicamente" deve ter caído por falta de combustíveis após ter se perdido no radar. Pelos estatutos da empresa, o filho mais velho assumiria o comitê diretivo e consequentemente a presidência, desde que não houvesse uma renomeação por maioria no grupo controlador, ou seja, os outros quatro filhos, visto que controlavam juntos a quase totalidade da empresa.
Desde que aquela correspondência estranha falando sobre estas teorias conspiratórias, portais, entidades e uma espécie de elo deste mundo com uma realidade mais ampla. Francis se viu absorto em investigar mais, e a comunicação com agente X – como quem consigo se correspondia se autointitulada – começou. O ponto de virada foi a informação daquela propriedade que simplesmente nunca entrou nos registros da família Rochedo, tampouco das empresas deles: as corporações mega. Isto era uma incógnita, já que quase toda a cidade em si pertencia a eles direta ou indiretamente. Por que os pais – os melhores investidores e prospectores de quem tinha ciência – não teriam comprado aquele casarão e a grande propriedade onde se encontrava? Por que nenhum banco manteve a propriedade consigo?
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Watch-Pad: O reality show de papel
General FictionPara escapar da falência, a emissora (in)Certa decide lançar um reality show exótico que promete agitar o país. Participantes exóticas, uma mansão comprada a preço de banana, um farol que permite acessar a outra dimensão e um grupo de peças de um qu...