"Uma tentativa de suicídio malsucedida terminou com o óbito da suicida. Policiais no local, em uma primeira análise, disseram que a mulher possivelmente tentou se matar com uma pistola e desabou da sacada do prédio. Ainda não está claro se foi proposital ou acidente, já que partes do revólver foram encontrados na avenida junto aos restos mortais da vítima, o que pode indicar que a queda não foi premeditada. Entretanto, a perícia ficou de fazer mais diligências junto à polícia local. Vizinhos disseram que se tratava de uma funcionária da emissora (in)Certa que chegou a aparecer na festa da casa, e recentemente protagonizou um barraco num programa de televisão da emissora, há relatos de que teria sido supostamente desligada da emissora momentos antes de despencar daquela altura" – O câmera deu um close na sacada do prédio, tirando o foco do repórter que acabara de falar.
A torrada praticamente entalou na goela de Adam assim que ele viu a matéria do canal vizinho – às escondidas, claro – e ouviu a menção da própria emissora seguido da inconfundível sacada do apartamento de Aline.
Nem bem se passou um mísero minuto e uma das estagiárias estava batendo à porta da sua sala:
— Chefe, chefe, você não vai acreditar! – Ela batia veementemente e repetia.
Adam correu para a porta, ainda engasgado, olhos esbugalhados e a mão puxando a gravata. Destravou a porta.
— É a Aline, ela morr...
— Eu se-sei... – Falou, com dificuldade – bate, bate... – e apontou as próprias costas.
— Ai meu deus, engasgou-se?
Adam Forreta a fuzilou com o olhar, tossiu.
— Calma, calma! – E então a garota começou a bater nas costas dele até desengasgá-lo. – Acabaram de ligar da polícia chefe, e depois o pessoal do estúdio também confirmou: Aline morreu!
— Eu vi a matéria! – E apontou para a televisão onde a foto da loira estava estampada – Preciso falar com Eva. EVA! EVA! – Começou a gritar como o mais louco do manicômio
— Pois não, seu Forreta? – A moça respondeu, surgiu no corredor tão logo ouviu a voz do patrão, ao seu lado estava Hector, ambos com um pequeno copo de café nas mãos.
— Corra, reúna a todos, sala de reunião! Urgente! Sala de guerra! Urgente! Todos! Todos! – Ele gritava tão desorientado quanto um amante em fuga pelas janelas.
Hector e Eva se entreolharam. "Que será que ele quer?" – Ele ouviu Hector indagar tão logo se afastou da dupla pra fazer justamente o que acabou de pedir aos dois. Aos gritos pelos corredores ele foi direto pra sala de reuniões incendiando um grupo de funcionários deslocados e confusos.
Alguns até já cientes do que vinha pela frente, afinal... merda fede e o odor se espalha velozmente. Entrou na sala e começou a andar em círculos ao fundo, como um pião desgovernado, ao passo que as pessoas começaram a lotar o salão de reuniões.
— Feche a porta! – Anunciou, e Eva Mendes foi com os braços cruzados num mudo protesto cumprir a ordem. Parecia não entender o porquê do desespero.
— Ai que horror! – Carmen foi logo criticando ao empurrar a porta na direção contrária à que Eva forçara – Não está vendo que eu ainda não havia chegado à sala menina? – Eva se limitou a revirar os olhos quando a outra passou por ela.
Carmen fez uma cara de desdém ao ver Hector próximo a moça, como se estivesse realmente cogitando que eram mais do que apenas colegas de trabalho. De certo modo parecia se gabar da ideia de que foi a primeira a supostamente "descobrir" o affair. Tratou de questionar Forreta, afinal a aparência do outro era a pior possível:
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Watch-Pad: O reality show de papel
Ficción GeneralPara escapar da falência, a emissora (in)Certa decide lançar um reality show exótico que promete agitar o país. Participantes exóticas, uma mansão comprada a preço de banana, um farol que permite acessar a outra dimensão e um grupo de peças de um qu...