Between Gods

18. O Pai do ano

Enquanto caminhavam até o escritório da diretora Irene percebeu o quão nervosa Yeri estava.

- Yeri, não espere muita coisa dele. - Irene começou a falar devagar. - Ele não é nenhum exemplo de pai ou ser humano.

Yeri não falou nada apenas concordou com a cabeça.

Ao entrarem no escritório encontraram Ares de pé olhando para uma pintura na parede.

A pintura era de Zeus invocando um raio. Os olhos dele eram assustadores e pareciam de verdade. 
Irene não gostava daquela pintura. Mas não sabia dizer o motivo exato.

Ares emanava um aura de ódio. Apenas segundos perto dele já fazia com que Irene sentisse todos os sentimentos ruins de uma vez.

Ele estava usando uma enorme armadura dourada, parecia pronto para uma guerra. Com certeza era uma armadura toda de ouro. O capacete deveria pesar uns 100kg. Uma espada do tamanho de Irene estava em sua cintura.

Irene revirou os olhos. Exibido como sempre.

Olhou pelo canto dos olhos para verificar como Yeri estava. Ela parecia a mesma.

Ares demorou a notar a presença delas. Apenas quando Irene limpou a garganta para chamar atenção dele que o mesmo virou.

- Ah! Aqui estão minhas filhas. - Ele falou isso enquanto tirava a espada da cintura e a cravava no chão do escritório da diretora. Ela com certeza não iria gostar nada de ver aquilo.

Yeri deu dois passos para trás, claramente assustada com a ação de Ares.

- Olá Ares. - Irene falou com uma voz entediada.

- Ainda não me chama de pai, huh? - Ele observou seriamente. Virou-se para Yeri. - Então você é a nova sensação! Mas é tão pequena... Ainda menor que minha filha número um aqui. - Ele indicou Irene.

- Eu ainda sou adolescente, ainda vou crescer. - Rebateu Yeri.

- Adolescente... Eu sempre esqueço que vocês mortais tem essas coisas estranhas. - Ele falou. - Mas isso não é desculpa, pois nasci empunhando uma espada e procurando uma batalha!

Ares soltou uma gargalhada retumbante. Irene segurou a vontade de levar as mãos aos ouvidos para proteger.

- Bem, você não tem como saber o que eu fiz assim que nasci... Já que não estava lá. Nunca esteve lá. - Yeri rebateu.

Ares parou de rir no mesmo momento. Percebeu que Yeri teria uma resposta para tudo.

Irene olhou para Yeri. Queria rir, mas se conteve. Ares definitivamente não esperava por isso.

- Você que está ensinando a pequenina a ser insolente assim? - Ares perguntou olhando para Irene.

Irene deu de ombros.

- Qual o motivo da visita? - Irene perguntou.

- Vim ver como estão meus filhos, soube do ataque que sofreram...

- Está muito tempo atrasado.

- Sabe como é... A vida de um imortal é muito cheia.

- Atena esteve aqui no mesmo dia e levou a filha para o Olimpo para ser tratada lá. - mentiu Irene.

- Ah Atena é muito molenga com os filhos dela. - Ares respondeu irritado. - Meus filhos jamais me fariam passar essa vergonha.

Ele olhou severamente para as garotas.

- Você... - Irene começou a falar, mas Ares fez um movimento com a mão e ela se calou.

- Chega! - Ele bradou. - Eu vou falar agora e vocês me escutarão.

A mais velha tentou falar mas sua boca não a obedecia. Irene olhou para Yeri. Ela estava visivelmente indignada também.

- Há uma profecia antiga que diz que uma filha de Ares irá despertar poderes tão grandiosos quanto o magnífico Ares. Mas essa filha também poderá trazer caos e trevas para o mundo. Corre boatos que esta filha já nasceu e é você, Yeri. - Ares falou isso muito rápido, Irene quase não conseguiu entender nada. - Pode ser que esse boato tenha se espalhado demais e meus inimigos ficaram sabendo, pode ser também que eu tenha sido o responsável por falar o seu nome Yeri aos quatro ventos... - Irene e Yeri gesticulavam furiosamente para ele. - Eu sei, eu sei. Mas vocês sabem... Por essa vida nós bebemos um pouco demais e a língua fica solta.

- Eu nunca fui de acreditar em profecias... - Ele continuou. - Mas de acordo com o relatório que li sobre você, Yeri, é realmente possível que seja você... Nenhum outro filho meu apresentou o nível de seu poder. Nem mesmo Fobos e Deimos. - Ele puxou a espada do chão. - Inimigos poderosos estão atrás de você. Sei que meu outro filho Eros está perseguindo vocês, ele e eu temos um velho ressentimento mas sei que não me trairia, recentemente soube que ele foi capturado por algum inimigo meu, por esse motivo ele queria Yeri, iria trocar a vida dele por ela. Eu não sei como ele deixou-se ser capturado mas irei fazer um esforço para tentar ajudá-lo.

Irene gesticulava sem parar ainda. Yeri apenas desistira e agora estava sentada em uma poltrona. Seu olhar estava perdido.

- Vou deixar você livre para falar, Irene, mas não teste minha paciência. - Ele fez o mesmo movimento anterior com as mãos e ela finalmente conseguiu falar.

- Você vai ajudar o Cupido mas e quanto à Yeri? - Perguntou Irene. - Se nem Cupido conseguiu se proteger dos seus inimigos você acha que meros semideuses conseguem?

- Não se coloque para baixo desse jeito, minha filha! Você é a melhor desse acampamento e Yeri... bem Yeri é portadora do caos e trevas, ela ficará bem. - Ares deu sua risada horrenda de novo. - Eu preciso fazer essa missão de resgate de Eros para que eu mesmo o mate, afinal de contas é meu filho e somente eu tenho o direito de matá-lo. Nesse meio período vocês so precisam sobreviver!

- Você deveria receber o prêmio de pai do ano! - Irene falou. Sua raiva subindo de uma vez. Sentia seu corpo quente.

- Obrigado! Eu também acho. - Respondeu Ares batendo a espada no peito.

Deuses eram péssimos para entender sarcasmo.

- Você tem mais alguma coisa para nos informar? - Yeri perguntou.

- Não, isso era tudo.

Yeri assentiu e saiu da sala. Deixando uma Irene furiosa e seu pai a sós.

- Não precisa voltar para ver como estamos quando terminar seu resgate. Ficaremos muito bem sem você. - Irene falou.

- Irene...

- Você nunca foi muita coisa, mas agora se superou. - Ela se encaminhou até a porta.

- Cuide de Yeri. Não deixe que ela se entregue ao caos e trevas. - Ele falou com seriedade.

Irene segurou a vontade de xingar e apenas saiu de uma vez de lá.