O dom da ingenuidade

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Chenle caminhava devagar pelas ruas onde se aproximava cada vez mais de casa, ele não queria encontrar Jisung tão cedo, estava o evitando, e se chegasse em casa cedo demais teria que explicar além do sumiço e do porquê fugiu, ele esperava que Jisung já soubesse das duas coisas.

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E Chenle ignorou todas elas.

Não demorou muito até chegar em casa, exausto e sem psicológico suficiente para discutir ou brigar com Jisung, então apenas abriu a porta do quarto sem fazer muito barulho e viu que não havia ninguém lá, então resolveu tomar uma ducha quente e dormir logo de uma vez.
E o fez. Assim que vestiu o pijama após secar os cabelos molhados, o garoto deitou na cama e simplesmente apagou.

E só acordou de madrugada quando ouviu um barulho estrondoso vindo da sala. Com o coração na mão, Chenle levantou da cama e marchou em modo lesma até o local, não se surpreendeu ao ver Jisung ao lado de um vaso de vidro quebrado tentando juntar as pequenas peças de vidro, se acidentando com alguns cortes.

— Jisung? – chamou baixo, mas foi o suficiente para o outro ouvir.

— Não fui eu – levantou as mãos em rendição, cambaleando um pouco, mesmo estando quase colado ao chão.

Chenle se aproximou pedindo para o outro se afastar enquanto catava os cacos de vidro, sentindo um cheiro característico logo em que levantou.

— Você bebeu?

— N-não, q-quem aplicou o fato desta vez, meu Deus eu esqueci de me despedir do Haechan, desde quando eu tenho dois Chenles – a voz embargada lhe entregava.

— Jisung... – só de imaginar que teria que cuidar dele daquele jeito sentia a dor de cabeça chegar.

— Eu... – não deixou o outro falar e caminhou até o lixo da cozinha, para jogar os cacos do vaso perdido.

Já Jisung sentiu a boa e velha vontade de vomitar e correu para o banheiro, vomitando tudo — ou quase tudo — dentro do vaso sanitário.

Chenle ouvindo tudo o que se passava no banheiro estava pensando seriamente em desistir e jogar tudo pra cima, mas ainda tinha seu próprio dom de ingenuidade para isso. Ele faria o mesmo por si, não faria?

— Oooi – Chenle virou o rosto dando de cara com um Jisung – qual o seu nome?

— Jisung, sou eu Chenle.

— Chenle... Hum, é igualzinho ao nome do meu namorado – falou ainda meio embolado – ou ex namorado né, depois do que eu fiz hoje.

— Hum – Chenle ignorou o que ele iria falar em seguida voltando para sala com uma vassoura e uma pá.

— Eu o amo tanto... E-e depois d-de hoje não sei o que v-vou fazer.

— Uhum, sim... Entendo – e voltou para a cozinha jogando os últimos vestígios de vidro na lixeira.

Em uma última virada, Chenle foi prensado contra a porta da geladeira.

— Chenle, ele fez isso comigo, meu Chenle, me fez sentir um merda, eu não queria ter magoado os sentimentos dele mano, poxa cara, eu não choro mas tô com uma puta vontade de chorar agora bro – Chenle conseguia sentir o hálito horrível de longe, com ele perto daquele jeito Chenle morreria de enjôo.

— Tá, tá Jisung, sai da minha frente – lutava para sair mas Jisung segurava seus ombros.

— Por quê fez isso comigo? Por quê? – Chenle se debatia até ver as antes não vistas, lágrimas de Jisung, que abraçou o menor e chorou por seu ombro.

O garoto estava imóvel, não conseguia sequer acreditar que Jisung chorava pra soluçar. Não que nunca visse o mesmo chorar mas... Não deixava de ser raro.
Então retribuiu o abraço tentando não surtar internamente por estar quase perdoando o namorado que agiu com impulso e chegou bêbado as duas da manhã, pelo simples fato de estar chorando. Deve ser por isso que Chenle nunca desistia do seu amor por Jisung, simplesmente por isso não jogava tudo para cima.

— Já passou... Calma, Sung...

Jisung levantou o olhar e encarou o outro nos olhos expressando um pouco da sanidade que ainda existia e que a pouco tempo deixou de existir.

— Eu te amo Le – e selou os lábios levemente rosados do namorado, acariciando suas bochechas doces e sentindo o gosto típico de hortelã da sua boca.

Beijavam-se calmamente, assim como aquela noite, serena de ventanias e brilhante como nunca, parecia o momento perfeito... Para Jisung estragar, sentindo sua ânsia de vômito voltar e separar de Chenle para então derramar todo o resto da bebida ingerida no chão, sujando assim o pijama de dormir favorito do baixinho e consequentemente os seus próprios pés.

— PUTA QUE PA-


[•••]



Já era manhã na casa de Mark, que por incrível que pareça amanheceu ao lado de Haechan, com uma forte dor de cabeça. Sentiu o corpo próximo a si se mexer e respirou fundo antes de encara-lo, o moreno bocejou abrindo um sorriso que ao ver de Mark era o sorriso mais magnífico do mundo inteiro.

— Bom dia dengo – formou um bico com os lábios.

— Bom dia príncipe – e Mark fez questão de selar os lábios.

— Está se sentindo bem? – Mark estranhou a pergunta.

— Sim, por quê?

— Ahn... Você não lembra?

— Lembro do que?

Haechan riu nasalado antes de encarar o chão próximo de si. O coração de Mark logo acelerou, sentando na cama sem nem acreditar no que estava vendo realmente naquele colchão ao chão, Jaemin e Jeno apenas com um lençol cobrindo suas partes íntimas.

— Haechan... – chamou o outro que encarava com um certo brilho no olhar o casal dormindo ao chão.

— Sim? – Haechan parecia tão pleno.

Mark encarou o pescoço do mesmo e deu de cara com mais de 7 mordidas e chupões nele, tendo a certeza e óbvia percepção de que não tinha as feito ontem, ou sim?

— Que porra é essa no seu pescoço?

— Você realmente não lembra?

— Não... – começara a sentir dores fortes no corpo todo e parou para tocar seu pescoço, que também continha marcas semelhantes as do namorado.

— Amor... Depois da festa, eu, você, Jaemin e Jeno transamos.

Mark engoliu em seco sentindo logo em seguida fortes dores na bunda e em sua garganta.

— V-você q-quer dizer um ao lado do o-outro? – Haechan riu com a pergunta, ele era tão lerdinho.

— Na verdade dengo... todos juntos.

Mark só faltou desmaiar quando encarou o espelho ao lado e viu os seus próprios cabelos bagunçados, diversas marcas de mordidas pelo seu pescoço e o mais intrigante, a dor forte que sentia bem na...

— PUTA QUE PA-


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Pois é Mark, pois é.

Todo dia Jamerson jogando uma bomba diferente e saindo como se nada tivesse acontecido.

Boa noite... Hihi

Oh, Daddy? •chensung•Onde histórias criam vida. Descubra agora