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Sun:

As últimas coisas que eu lembro antes de minha mente apagar e o grito de minha rainha e nosso guia despedaçado ao chão.

Não sei como, mas sinto algo quente no peito, um pulsar fresco como se me chamasse, fazendo enfim eu sair daquele estado.

Me fazendo me mover novamente.

Olho ao redor e vejo minha rainha uma estátua ajoelhada ao chão.

Me aproximo dela.

-Mi-minha rainha? - chamo temeroso, ela não respondeu.

Era uma estátua mesmo.

Vou até a janela e vejo meu rei olhando para esta janela em sua forma gloriosa de Dragão.

Olho para a cúpula onde devia estar nosso guia mas ela está quebrada e ao chão apenas pedaços negros do que um dia já foi nosso guia.

Olho novamente pela janela e vejo tudo, exatamente tudo que antes era do mais brilhante ouro puro virar pedra, as raízes das árvores sobrepujaram tudo destruindo nossas moradias, antes era tudo brilhante e tão vivo.

Sinto meu peito pesar e uma enorme dor se alastrar por meu corpo.

Estava sem reação, apenas recebendo o impacto pouco a pouco.

Como se estivessem arrancando minha pele aos poucos lentamente e dolorosamente.

Não tinha lágrimas ao qual poderia derramar.

Primeiro veio a tristeza com tudo.

E em segundo lugar veio uma raiva esmagadora, esses humanos nojentos.

Esses seres ardilosos e prepotentes.

Como ousam fazer isso com meu reino!

Desço rapidamente as escadas do castelo indo até o saguão, vendo lá uma pequena fada dormindo sobre a cabeça de ouro de um Dragão.

Pego ela entre as mãos fazendo ela acordar assustada.

-Q-quem é vo-você?.- ela me olha com os olhos arregalados e tremendo muito.

-Não lhe interessa, o que houve com meu Reino? O guia? O que aconteceu? Porque todos viraram pedra? Quantos anos se passaram? -

Aperto ela em minhas mãos que começa a engasgar, mas fala mesmo assim.

-De-depois que mataram o gui-guia to-todos viraram pedra, pa-passaram 500 anos de-desde do o-ocorrido, mas o guia ainda vi-vive.- solto um pouco do aperto vendo ela respirar com dificuldade.

-E você o que faz aqui? E como assim o guia ainda vive se mataram o mesmo? - sem o guia o meu Reino não volta.

-Mandaram eu deixar todos aqui em hibernação... foram ordens de cima... a cúpula na verdade tinha dois guias...mataram o primeiro mas o segundo ainda vive. -

Solto ela de minhas mãos que voa para longe de mim.

-Liberte todos agora. - Falo sério olhando mortalmente para a fada.

Ela se encolhe.

-O feitiço já se dissipou a muito tempo. - ela fala se encolhendo.

Solto um rosnado ao qual sai um pouco de fogo a fada começa a tremer imediatamente.

-E-eu juro pela minha ra-rainha que já não existe mais ne-nenhum feitiço aqui, por ficarem por tanto tempo como pedra o feitiço se anulou, apenas o guia pode trazer todos ao normal.- olho ela mortalmente.

-Onde está o guia? Se o feitiço acabou porque continua aqui? - pela primeira vez ela me olha nos olhos.

-Meu povo me despreza e fui renegada, o guia está no reino humano o mesmo ao qual atacou seu reino antes, o reino Gryfold.- ela abaixa a cabeça novamente ao perceber minha raiva.

Humanos malditos.

A escória de todos os seres já criado.

Viro de costas, mas antes de sair eu falo.

-Deixarei você viva até que ache outro meio de trazer o meu povo de volta, mas caso isso não ocorra eu te matarei.- ela balança a cabeça rapidamente e some.

Saio do Castelo e vejo tudo feito de pedra, sinto um gosto amargo na boca e a raiva explode no peito.

Chamo meu lado Dragão ao qual era temido por todos por causa de suas escamas negras e seu fogo, algo ao qual era chamado de impuro o último da raça.

Vôo até aquele reino maldito, queria destruir tudo, pagar na mesma moeda o que fizeram ao meu reino, mas primeiro devo achar o guia.

Grito alto avisando a todos que estava ali, soltei meu fogo para dissipar um pouco da minha raiva a qual não era pouca.

Vi várias flechas tentarem me acertar, mas é impossível minha armadura é impenetrável. Humanos tolos.

Queimava algumas e rugia alto para aqueles que tinham a audácia de levantar armas contra mim.

Vi aquele que eu acreditava ser o rei, era idêntico ao maldito que entrou no nosso Reino em um acordo de "paz".

Atrás dele vem um adolescente de cabelos roxos que me encarava com curiosidade, mas devia ter medo isso sim.

Exigi que devolvessem o que nós pertenciam, precisava trazer meu povo de volta. Porém o humano teve a audácia de dizer que já não estava mais entre eles. Eu sentia ele ali, solto uma respiração quente, a raiva era tanta que eu tinha vontade de deixar aquele humano maldito em cinzas, porém vi apenas sua pele vermelha, olho o ser de cabelos roxo que estava mais perto, esse ja deve ter virado cozido.

Ele anda normalmente até o outro como se nada tivesse acontecido, interessante. Sigo com o olhar e resolvo falar. Queria aquele humano, e que se ele não estivesse em seis dias na divisa da floresta voltaria e destruiria o reino inteiro.

Saio dali temendo que se ficasse mais um minuto ali ficarei igual aos humanos nojentos.

Assim que chego no Castelo sinto algo estranho, como se alguém me chamasse, olho ao redor.

O que é isso? Coloco alguma roupa enquanto penso.

Resolvo ignorar, saio na rua vendo os estragos e a primeira coisa que vejo é uma família despedaçada no chão. O mais dolorido de ver foi a criança com a rachadura na cabeça.

- E-Eu tentei tirar aqueles que estavam na rua para que não se quebrassem mais foi impossível, eles não saiam do lugar. E as raízes cresciam cada vez mais, tentei parar porém minha magia não surtia nenhum efeito. Acho que é o efeito da maldição sem o guia. Cada estátua tem vitalidade mas essas e várias outras não tem mais. - olho para trás e vejo a fada voando bem longe de mim. Assim que ela percebe meu olhar ela se esconde em uma estátua.

- Eu estava enterrando todos aqueles que estavam mortos. Conseguia fazer buracos no chão para enterrá-los com magia, mas não conseguia arrastar eles para enterrar. Porém aqueles que eu enterrei tenho o nome. E quando voltar ao normal, aqueles que estão vivos vão querer saber onde amigos ou ente queridos estão.- ela termina de falar e eu me levanto.

- E a rainha, tem vitalidade? - a fada sai de trás da estátua e me olha.

- Eu não sei, não consigo entrar naquela sala. Apenas o rei eu posso garantir que tem.- concordo com a cabeça.

Olho ao redor com uma dor no coração.

- Me leve aonde todos estão enterrados e me dê os nomes.- ela concorda rapidamente e sai voando.

Vou atrás dela observando os estragos, eram tantas coisas horríveis.

Sinto o peito pesar, porque teve que acontecer isso com o meu Reino? Porque?

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Continua...

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