Perseguição

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Cresci na sobra de Júnior, que era como chamava meu meio irmão. Júnior que havia herdado o nome do pai que, foi o primeiro marido de minha mãe, um relacionamento falido, que fora deixado para trás assim que ela conheceu meu pai e resolveu se divorciar.

Bom, meu pai não era o fã número 1 do meu irmão, por isso, assim que minha mãe morreu e a briga deles se intensificou,meu mano não pensou duas vezes antes de subir em sua Harley e me deixar com o problema, chamado Jorge.

Mas,não o culpo. Eu quis ser como meu irmão,por tempo suficiente, para entendê-lo. Queria falar como ele, andar com a mesma galera que ele, ir para vários rolês e sair, sem olhar para trás, mas eu nunca consegui acompanhar o ritmo, talvez por nossa diferença de idade.

De qualquer forma, passava muitas tardes olhando a galeria "Fotos" e lembrando de como eu era feliz quando ele estava por perto, mas, era tarde para impedir as brigas e a gritaria de meu pai o mandando embora, eu só... Não esperava que ele fosse!

-Nícholas?

-Sim? -Disse a meu pai, sem olhá-lo, ainda deitado na cama de casal que estávamos sendo obrigados a dividir.

-A Mariana...

-É Marina! -O corrigi, ainda olhando para o celular

-Ela está aqui!

Fechei os olhos, sabia exatamente o que tinha a trago ali

-Pede para ela vir aqui

Meu pai sai e eu levantei, Mari com certeza deveria está querendo me matar. Esperei por pouco tempo até que ela entrasse

-Oi! -Falei com a mão atrás da cabeça, apreensivo

-Que porra você tem no lugar da merda do cérebro?

Olhei para ela fixamente

-Nico, a maluca da Ágatha está me enchendo de mensagens, sabe o que isso significa? -Não disse nada-Que as duas meninas mais tóxicas da escola estão putas, achando que eu e você temos um ardente caso de amor!

-Marina, eu...

-Você nada, quero que desfaça esse mal entendido!

Sentei na cama e olhei para minhas mãos -Não posso, elas ficarão em cima de mim, a Lisa e a Ágatha

Mari deu de ombros -Cada um com seus problemas! -Bateu a mão na própria testa-Se a Helen descobre algo assim?...Meu Deus, e o Beré, o que ele vai pensar quando souber disso? Eu... Acho que ele ainda sente algo por mim, vai nos odiar.

A encarei com surpresa não sabia que ela também notava isso

-Eu não sabia que isso iria te prejudicar tanto!

Mari sentou-se ao meu lado -Eu não beijo um cara há tempos, escolhi terminar com o Beré, me assumi e você vem com essa mentira achando que pode envolver meu nome sem me prejudicar? Que porra de pessoa egoísta é você?

Suspirei vencido -Desculpe! -Falei

Ela levantou -Por que mentiu e me envolveu?

Eu não queria assumir, mas não tinha escolha -A Lisa um vez me fez um boquete e eu gemi o nome de outra, fui me desculpar e a chamei de Ágatha, uma confusão, que fez a Ágatha pensar que eu gostava dela, mas a verdade é que... Eu acho que amo a Charlotte

Falei o nome dela entre sussurros

-Onde eu entro nessa história?

-Mari, usei seu nome porque é a garota mais incrível que eu conheço e também, não podia dizer a verdade... Eu estava sob pressão

Marina bufou-Essa mulher estava em um clima com seu pai, isso é nojento!

Revirei os olhos-Você não tem muita moral para falar, está tendo um caso com uma pré-adolescente!

Mari arregalou os olhos-Vai se foder, Nicholas!

Notando que havia dito merda levantei e toquei a mão dela-Desculpe! -Disse imediatamente -Pelo o que falei agora e pela mentira... Eu não sei o que está acontecendo comigo!

Peguei a mão dela e para minha surpresa, ela não recuou

-Resolva essa situação!

(...)

Aquele sábado, havia sido uma merda, pensei em milhares de formas de acabar com a farsa sobre meu relacionamento com Mari e sem solução aceitei ir fazer mercado com Charlotte, usando o cartão de meu pai que estava na casa de um cliente

Nunca gostei de ir ao mercado, mas com Charlotte era diferente, por mais que ela não tivesse dito nada durante os quinze minutos que passamos no carro e a situação não tinha melhorado durante as compras, na verdade, ela parecia preocupada

Tirei as coisas do carrinho e coloquei devagar na esteira para que a caixa pudesse passar os produtos. Charlotte jogou os produtos no carrinho sem utilizar sacolas e esperou pacientemente, que todas as coisas fossem registradas e pagas por mim

Fomos ao estacionamento e eu finalmente, decidi questioná-la

-O que está acontecendo? Nunca te vi tão quieta!

Ela abriu a mala e me olhou-Estou normal!

Neguei com a cabeça, colocando os produtos dentro da caixa de papelão que ela tinha no carro

-Você está enganado!

-Não adianta me tirar pra burro, o que acontece com você? Desde o incêndio você mudou! -Falei

Charlotte fechou os olhos e terminou de arrumar os produtos comprados na mala

-Se dedicasse toda essa curiosidade aos estudos, facilitaria minha vida!

Dei de ombros e coloquei a mão na cintura dela-Faz tempo que não me dá aulas

Ela fechou a mala-Chega! -Disse com impaciência ao se afastar e entrar no carro

Afastei o carrinho e fiz o mesmo, sentando no banco carona

Charlotte saiu do estacionamento devagarinho e com prudência. Ficamos em silêncio até pararmos em um cruzamento, onde a vi abrir o vidro e encarar o retrovisor, sua feição preocupada me assustou um pouco

-Que houve?

Ela me olhou-Você está de cinto?

-Sim! -Falei

Charlotte passou a marcha e subiu na calçada, artimanha perigosa, cortou alguns carros e ignorando os riscos entrou em uma rua e dirigiu na contra mão

-O que está fazendo?

-Abaixa! -Disse ela, passando no acelerador ao fazer uma curva densa e entrar na autoestrada, não estavamos mais a caminho de meu condomínio

-Charlotte... -A chamei diversas vezes, mas ela ainda parecia nervosa e focada em uma fuga que eu não entendia. Seu carro ia a cada vez mais rápido e meu coração acelerava

-Para... -Gritei para ela quando entrou em uma rua que eu não conhecia

Charlotte olhou no retrovisor e foi diminuindo a velocidade, a rua estava vazia, não haviam carros ali e eu com certeza nunca estive naquele lugar

-O que estava fazendo?

Ela parou o carro e finalmente me olhou

-Talvez, precisemos conversar!

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