É a vida

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Meu pai estava na sala há um bom tempo trocando mensagens com alguém que estava fazendo-o rir.

Antes de ir tomar banho, fui para perto do meu pai

—Essa semana você não foi aos alcoólicos anônimos. —Falei abraçado com minha roupa

Meu pai ainda sentado no sofá me olhou e respirou fundo —Eu estou bem!

Revirei os olhos—Até você ter uma recaída e mijar no chão ou tentar me bater ou fazer qualquer outra coisa...

—Sua desconfiança é um pecado, eu sou seu pai!

Dei de ombros —É a vida, isso não estava no meu controle. Família não se escolhe.

Meu pai levantou-se e me olhou perplexo

—Se você não for a reunião do AA amanhã, eu vou ligar para minha tia e aceitarei o convite que ela me faz todo ano. Irei para Noruega

Falei aquilo para fazê-lo pensar, o maior medo dele era ser abandonado por mim, eu sabia disso. Eu era a única família dele

—Nicholas, você não deixaria o Brasil!

—Para ficar longe do seu eu bêbado? Com certeza iria embora.

E se puder levo Charlotte junto-pensei

Dei as costas pro meu pai mesmo após ele me chamar, fui ao banheiro e após me aliviar bastante no chuveiro,fui a casa de Beré,pois não queria ficar próximo demais de meu pai.

Beré parecia um pouco cansado ou até irritado, mas sabia que todo aquele mal humor era fruto da nota recebida mais cedo.

—Você ainda está nessa? —Perguntei

—Eu não aceito aquele oito! —Falou ao largar a caneta preta sobre a mesa grande de madeira—Eu quero revisão de nota!

Acabei rindo de sua reação e recebi um olhar matador.

—Vamos voltar a física, essas grandezas vetoriais não irão se calcular sozinhas! —Falei tentando controlar a vontade de rir, as expressões dele eram maravilhosamente cômicas e até me faziam pensar em outras coisas que não envolviam Charlotte e meu pai.

Beré passou a ler a uma das questões do livro e tentei prestar atenção no que ele dizia a cerca da pergunta.

—Temos que traçar um triângulo entre os pontos p e b.

O observei fazer a questão e lembrando-me da aula consegui entender como calcular a medida.

Mas,mesmo que parecesse fácil algo em mim não podia deixar de perguntar o motivo de precisar estudar aquilo.

(...)

Terminamos por volta das cinco horas,enquanto juntava meus materiais,Beré foi ao banheiro.

—Posso falar com você?

Ouvi a baixa e doce voz de Hellen, a lembrança daquela menina de cabelo chanel e boca pequena aos beijos com Mari, surgiu imediatamente em minha mente.

—Claro! —Respondi

Helen passou a mão no cotovelo direito e olhou para o chão —Você esteve com a Mari hoje?

—Sim! —Falei colocando a mochila nas costas

—Você pode dizer a ela que eu não acho errado estarmos juntas? Eu preciso que ela venha conversar comigo.

Dei de ombros—Por que não liga para ela?

—Ela... Ela não atende. Não quer falar comigo desde ontem!

Olhei para os olhos desolados da menina —Conversarei com ela. Mas... —Hesitei—Helen, a Mari não é o tipo de garota que corre atrás ou que dá segundas chances

—Isso significa? —Perguntou e uma lágrima escorreu de seus olhos

—Que ela pode ter se afastado por causa do Beré e possivelmente,  não mudará de ideia quanto  a isso

Helen suspirou e me abraçou.  Me surpreendi com tal reação  ela era sempre tão  fechada, porém  retribui. Talvez ela precisasse de conforto, ser tão nova e ter uma paixão por uma garota que era amiga de seu irmão, devia ser difícil.

—Vai ficar tudo bem. —Acariciei seus fios escuros, não sabia como consolá-la

—Nico, eu acho que vou falar com a professora sobre... Que porra é essa? —Perguntou Beré ao me ver abraçado com sua irmã —Você está chorando?

Helen se afastou e passou por Beré em silêncio

—O que ela tem? —Perguntei me fazendo de desentendido

Beré me encarou com uma sobrancelha levantada—Ela deve está com algum problema feminino...

Apertei a alça da mochila e fomos até a porta, Beré a abriu e me olhou

—Só  te peço uma coisa Don Juan, mantenha seu pinto longe da minha irmã

O olhei com surpresa pelo seu tom —Ta louco?  Eu não faria isso!

Beré tirou os óculos e passou a limpá-los na camisa. —Só um aviso! Para você ficar ligado.

Ouvi aquilo e guardei qualquer sentimento de indignação. Me despedi e fui ao elevador.

Enquanto estava sozinho, notei que Mari tinha motivos reais para querer se afastar, quando se tratava de Helen, Beré era diferente.

(...)

Cap curtinho...  O prox será maior prometo.

#BeijosdaTina

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