Dilemas de Mulher

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—Que música é essa? —Perguntou Beré, ao sentar no chão, ao lado de Mari e envolta do cartaz de nosso trabalho de biologia

—É ferrugem! —Disse Mari—Vai me dizer que nunca ouviu essa?

—Mano eu costumo ouvir rap ou uns trap

—Claro, gosta de homens com tatuagem no rosto e prefixo Lil no nome

Mari e Beré passaram a comentar sobre música e eu, estava prestando atenção de mais na letra do pagode que tocava, o cantor não era dos piores, mas considerei a música como péssima porque descrevia minha situação atual,  até mesmo a masturbação no banheiro de minha casa, homenageando Charlotte...

"Porra! "

Suspirei e antes que a música chegasse ao fim, a história relatada era como a minha, um moleque louco por uma mulher que, o considera criança de mais para tê-la, dei pause e procurei por qualquer outra coisa.

—Não tinha acabado! —Falou Mari revirando os olhos—Não ajuda a cortar uma imagem e ainda tira minha música

—Suas músicas são do estado rival! —Disse Beré rindo—Sei que seu pai é carioca, mas não envergonhe os paulistas, você nasceu aqui!

Mari riu—Você precisa largar essa obsessão!

Coloquei sunflower do Post Malone e colei algumas figuras que mostravam lixo no mar em nossa cartolina branca

—Heitor? —Gritou a mãe de Berè—Filho, venha aqui!

—Já vai! —Beré gritou de volta —Não morram saudades! —Disse ele, Mari jogou uma bolinha de papel nele que saiu do quarto apressado e rindo

Olhei para Marina e sussurrando disse:

—Você voltou com a Helen?

Fiz tal pergunta, pois assim que chegamos a casa de Beré,  Helen colocou algo disfarçadamente no bolso de Mari

—Mais ou menos, mas isso tudo é muito errado! —Coçou a cabeça, Mari tinha acabado de cortar o cabelo, que estava dividido de lado, deixando a parte da  direita, completamente careca a cima da orelha e uma franja até a maça do rosto no lado esquerdo. Era um corte interessante para uma menina.—Ela é irmã caçula do meu ex, que é meu melhor amigo desde a infância!

—Você não precisa se sentir mal por isso,  não dá para se controlar!

Mari tirou o celular do bolso do casaco preto largo—Ela é quase uma criança, quase criança e eu quase adulta! Não sei como deixei isso acontecer!

—Como isso começou?

—Ela me disse que nunca tinha beijado ninguém e que achava que gostava de meninas... Se eu a confundi?  Eu, eu não posso ter mexido com a cabeça dela dessa forma. Eu me assumi a quase dois anos e meio e ela quer um relacionamento, mas eu tenho medo! —Cortou parte do texto que estava em sua mão —Eu não quero que me vejam como uma canalha que a influenciou a algo. Sei o que passo com meu pai em casa, não quero isso para ela.

Marin estava desabafando e eu, não sabia como agir, Mariana sempre me parecia tão forte que, às vezes eu esquecia que ela era uma garota, cheia de dilemas e questões não resolvidas.

—O que pode ser pior do que isso?  Trair um amigo?  Não existe nada pior!  Eu sou horrível! —Falou sem olhar diretamente para mim

A encarei, buscando seus olhos castanhos e sinceros, prestes a dizer qualquer coisa que a fizesse se sentir melhor, mas não achava nada.

—Minha mãe está chamando para comer, ela comprou pães e queijo e refrigerante! —Disse Beré ao aparecer na porta

—Deixa só a gente terminar de colar —Falei

As 10 Lições Para o Paraíso (Hot)  Onde histórias criam vida. Descubra agora