Arsen: Me deixe ir.

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Se despede através de um aceno e sai

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Se despede através de um aceno e sai. Percebo o quão fácil é - para ela - ir embora. Não pensa no que posso fazer ou falar. Diferente de mim, não se importa com as consequências. Se quer fazer, faz. Se quer falar, fala. Esse é o conflito entre seus defeitos e qualidades que estão constantemente testando-me.

— Está tudo bem com ela? — Girassol pergunta, confusa com sua reação. Não é a pessoa mais esperta que conheço, não consegue reconhecer emoções. Cain toca sua mão e - silenciosamente - pede que fique em silêncio. Gosto de como conversam através do olhar. Admiro a conexão que possuem.

— Vá atrás dela. Está te esperando.

— Nos vemos quando eu voltar. — aviso ao levantar e seguir para a saída.

Não demora para que eu a encontre a minha espera. De braços cruzados, encostada em um poste qualquer, fita o céu. Aparenta estar pensativa. Estalo os dedos em frente ao seu rosto, chamando sua atenção. Demora um pouco, mas cede. Respira fundo ao me olhar. Há indiferença. Compreendo sua raiva, sua frieza comigo. Ela está certa sobre tudo. Me fez um único pedido e eu não atendi.

— Mesmo que seja pelos motivos certos, não pode ir embora como se estivesse me abandonando. — digo ao me aproximar.

— Por favor, não me faça participar de almoços em família. Não somos uma família.

— É só um teatro. Não se preocupe. Sei que não somos uma família. — replico. Noto que tem dificuldade de me encarar. É curioso perceber o que realmente a incomoda. — Não gosta da ideia de ter uma família?

Olho para ela e a vejo... quebrada. Vejo nela o mesmo olhar da minha mãe ao ser deixada pelo meu pai. A decepção de alguém que teve o coração partido e estilhaçado em milhares de pedacinhos.

— Quando você tem uma família, você sente a extrema necessidade de contar com eles mas... eles nunca estão lá quando precisa. Não, não gosto da ideia de ter uma família.

Não sei o que sinto ou o que é esse sentimento que me domina ao ouvir suas palavras. Estranhamente me encontro atraído por ela. Tudo nela é convidativo. Tudo nela me prende de forma inesperada. Me torno um garoto inexperiente conhecendo o "primeiro amor à primeira vista". Eu não acreditava que poderia vê-la com outros olhos. Mas, para minha surpresa, isso está acontecendo. Consigo enxergá-la através das paredes protetoras ao seu redor. Há algo incrível que me desperta uma vontade absurda de conhecer. Apanho sua mão e entrelaço nossos dedos. Viena trava, como se meu toque lhe causasse a mesma sensação. É como se nos unificássemos e nos tornássemos um.

— Serei sua família. Estarei aqui quando precisar.

Minha promessa é sincera. Nunca na vida tive tanta certeza de algo como nessas palavras. Eu quero ser a família dela e estar aqui para quando ela precisar. Em seus olhos percebo - por um rápido momento - que ela também deseja isso. Ela fica vulnerável e abre a porta do seu mundo para que eu entre. Mas, como tudo que é bom se torna mau, isso acaba. O sorriso decepcionado se estende em seu rosto, e só conheço a razão quando ela se aproxima e deposita um beijo nos meus lábios. Ao se afastar e me encarar - a centímetros - reconheço o quão longe cheguei com essa maldita decisão de "contrato de casamento.". É ruim quando colhemos o que não plantamos. Mas é ainda mais duro quando colhemos o que plantamos, porque sabemos exatamente as razões para o carma ser tão cruel, e mesmo assim, optamos por continuar errando.

Um contrato com Viena. - 2Onde histórias criam vida. Descubra agora