O vento fresco de Santa Mônica bate em meu rosto levemente através da cortina aberta deixando reflexos do sol sobre a cama, diversos cheiros acompanham meu olfato, sal, mulheres, vinho. Vagarosamente abro os olhos, olhando ao redor, fixando na cabeleira loira ao meu lado. Está nua, apenas o fino lençol cobre a parte da cintura. Ela dorme tranquilamente. Olho o relógio na parede oposta, soltando um suspiro.
Passa do meio dia, e isso é ruim, não costumo dormir até tarde. Tento levantar mas um peso morto me impede, recordo da estressante noite de ontem, agora consigo entender o motivo do desconforto e de não poder abrir os olhos. Quero esquecer os problemas do Ale, os que me assombram.
O quarto de hotel parece estar com cheiro de sexo no ar, perfume, óleo de massagem, hidratante, velas perfumadas. O motivo de não estar na minha casa é muito simples, não mostro minha intimidade para alguém. O meu mundo é fechado pra pessoas fixas, são seletivas as pessoas que permito entrar. Nenhuma mulher conheceu meus lençóis negros, e acredito que não nasceu a que vai fazer da minha cama a sua.
A loira sensual acorda e sorri, beijando meu peito. O fato de agir naturalmente ao me tocar, me faz pensar no que se passa na sua cabeça.
— Bom dia. — murmura com a voz manhosa, deslizando os peitos sobre meu abdômen, alcançando minha boca, mordendo com força meu lábio pra si.
A afasto.
— Bom dia.
Me levanto em um pulo, catando minhas roupas espalhadas pelo chão, indo à direção do banheiro.
— Você já vai?
Eu nem devia estar aqui.
— Sim. Você pode ficar, a conta está paga.
Eu nem sempre quero agir como um idiota, mas é natural, automaticamente abro minha boca e falo besteira, ofendendo alguém. A garota esbraveja um palavrão, me xingando de nomes que prefiro não mencionar. Ignoro com maestria, acostumado com o belo tratamento amoroso após todas as manhãs que acordo em hotéis luxuosos. Tomo um banho e me visto, e ao sair do banheiro, vejo que já me encontro sozinho.
Procuro meu celular em meio a bagunça, o encontrando por debaixo dos inúmeros travesseiros jogados no chão. Apesar da bateria fraca, consigo ligar para Lars.
— Onde você está?
Um breve silêncio.
— Bom dia pra você também, chefe! Como está? A noite foi boa? Vi você indo embora acompanhado.
Reviro os olhos, apalpando o bolso da calça a procura das chaves do carro.
— Sem conversa fiada, Lars. Estou atrasado, desarrumado e com uma dor de cabeça infernal. Pode me dizer se os ingleses já chegaram pra reunião das duas horas?
— Não se preocupe, pedi para Naz mudar a reunião pra manhã. Você está de folga hoje, chefe. Aproveite seu dia!
Encerra a ligação antes que eu proteste. A eficiência dele às vezes passa dos limites.
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Um contrato com Viena. - 2
Roman d'amourViena tem vivido a vida de maneira cética e cínica, mantendo-se afastada de pessoas e sentimentos, sentindo-se insegura consigo mesma. Ao mudar-se para uma nova cidade e um novo emprego, sua vida dá uma reviravolta ao esbarrar em Alessio Vacchia, um...