Arsen: Parti seu coração.

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O meu maior erro em relação a gente, foi tê-la usado como meu plano de contingência

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O meu maior erro em relação a gente, foi tê-la usado como meu plano de contingência.

Ao assistir as gravações que passam no grande telão, seu olhar é de alguém que perdeu o mundo. Provavelmente é o fim do mundo pra ela. Seus olhos transmitem tudo o que eu sempre temi: desprezo, decepção, dor e vazio. Eu sabia, desde o momento em que tomei essas decisões, que a perderia, e não fiz muito pra evitar, nunca foi minha intenção mantê-la ao meu lado (e não por não querer), mas por não poder. Por mais que continuemos negar esse fato, não dá, somos de mundos diferentes e não se trata apenas do que eu penso ou do que quero. E não digo isso me referindo ao meu dinheiro ou status. Digo isso sobre o modo como vivemos. Eu sempre terei que fazer escolhas difíceis, decidir entre quem amo e quem devo. Não posso me dar ao luxo de optar por amor quando tenho inúmeros funcionários para cuidar. Há muito tempo atrás escolhi esse caminho, em que teria que me responsabilizar por outras pessoas. Amar não estava nos meus planos. Amor foi uma consequência e a melhor consequência. Infelizmente, sendo boa ou não, ainda é consequência e lidar com ela é minha obrigação.

Viena não espera o fim do concurso, ela se vira e vai, e instantaneamente meu corpo treme, meu coração aperta. A vontade é correr atrás dela e implorar para que me perdoe. Dizer o quanto sinto tanto, prometer que jamais a farei sofrer novamente e que passarei o resto da minha vida tentando me redimir pelos meus erros. Mas percebo que sou atacado por olhares perplexos, e lembro do que acabou de acontecer, da bomba que explodiu. Me sinto sobrecarregado, totalmente exausto, cansado demais para ficar e explicar. Pensando bem, só por hoje, apenas agora, pensarei em mim e não nessas pessoas. Pensarei em Viena.

Sorrateiramente noto que Naz está preparada para me impedir, e mentalmente peço que não faça, pois não importa o que diga, ou o quanto me segure, eu não posso ficar. Se eu ficar e a deixar ir sem ao menos explicá-la o que acabou de acontecer, não só a perderei como também me perderei.

— Não faça isso! — grunhe, baixo. Ela sabe que não vou ouvi-la. — Você foi um idiota por machucá-la. Mas se for atrás dela, será um idiota ainda maior.

— As vezes, ser idiota por pessoas como ela... vale a pena. Não faça isso. Não tente me impedir, Naz.

E assim, giro nos calcanhares e corro para a escada na lateral do palco, subindo o auditório, alcançando a porta por onde Viena saiu. Corro com toda audácia e coragem, olhando para todos os lados a sua procura. Meus atos são observados atentamente por olhares curiosos e nem quero imaginar quais serão os títulos das reportagem que publicarão.

A encontro a espera do elevador. Pressiona o botão com desespero e pressa, batendo o pé direito no chão como um ato de protesto e inquietação. Ouso me aproximar por trás, temendo o que eu possa encontrar ao olhar em seus olhos. Antes de conhecê-la, achava que as pessoas não tinham coragem suficiente para manter o contato visual comigo. Mas após Viena entrar na minha vida, percebi que era eu a pessoa que não conseguia.

Um contrato com Viena. - 2Onde histórias criam vida. Descubra agora