Testemunhar sua dor, talvez, doa mais em mim no que nele. O fato de me abraçar com tanta força enquanto chora como uma criança, faz com que eu perceba o quanto Arsen é solitário. É como se ele tivesse armazenado dentro de si milhares de dores, e finalmente pode se libertar delas.
Arsen afasta o rosto do meu ombro e leva a mão direita ao meu rosto. Sua mão é grande o suficiente para aconchegar minha bochecha. Os olhos estão mergulhados nas lágrimas. A respiração entrecortada, aparentemente desesperado por auto-controle. O silêncio se faz presença e tenho certeza de estar ouvindo as batidas do seu coração. Dos nossos corações. O polegar vai de encontro ao meu lábio inferior, assim como os olhos. É nova a forma que os olha. Diferente de antes, não há só desejo, há mais. Há sentimentos. Há emoção. Há algo intenso que faz com que eu abra a porta do meu coração e o deixe entrar. Quem sabe, ele já tenha entrado há muito tempo, mas só agora reconheço sua presença.
— Você está sendo a melhor coisa que já me aconteceu na vida, Viena.
Eu não preciso ouvir um "estou apaixonado por você", "gosto de você" ou, "eu te amo". Palavras perdem o significado com as atitudes. Elas só são levadas à sério quando são para destruir alguém.
Ele me beija e a paz nos rodeia. Somos unidos, unificados, abraçados. Nossas linhas tortas se entrelaçam, dão um nó. O beijo é calmo, com paixão e delicadeza. Suas mãos percorrem meu corpo, as minhas o seu. Sinto que estou nas nuvens. O peso do meu corpo se desfaz, assim como minhas preocupações. De repente, o beijo se torna veloz e feroz, tomando conta da força interior que nos mantem no limite. O controle vira pó e sopramos para longe. Tiro sua blusa e ele a minha. Arsen se afasta, olhando-me intensamente, diretamente nos olhos. Está pedindo permissão. Eu apenas permito, pois já não sou capaz de dizer 'não'.
E assim, sem muitas delongas, colocamos fim às nossas desavenças e nos amamos. Na parte de trás de um carro, em um dia caótico e triste, nos tornamos egoístas e fazemos o que desejamos. Esquecemos as cláusulas do contrato em que específica claramente que não devemos nos envolver emocionalmente. Sanidade deu férias a lógica.
Sinto um calor descomunal percorrer meu corpo quando suas mãos passeam pelo mesmo. Ele sabe o que está fazendo, aonde tocar para me fazer delirar. Morde meu ombro, beija meu pescoço, cheira meus cabelos. Faz com que eu me sinta única; a única que já deitou em sua cama. Me senta em seu colo, aperta minha cintura e joga a cabeça para trás quando começo a me movimentar. É preciso uma fração de segundo para irmos ao céu e ao inferno. Já não resta delicadeza, é uma luxúria avassaladora que preenche as paredes internas de nossos corpos. Ele geme e eu o retribuo.
Ao terminar, deito a cabeça em seu ombro, tentando controlar a respiração e formular o que acabamos de fazer. Não há arrependimento. Não há um pingo de autoconsciência.
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Um contrato com Viena. - 2
RomansaViena tem vivido a vida de maneira cética e cínica, mantendo-se afastada de pessoas e sentimentos, sentindo-se insegura consigo mesma. Ao mudar-se para uma nova cidade e um novo emprego, sua vida dá uma reviravolta ao esbarrar em Alessio Vacchia, um...