Viena tem vivido a vida de maneira cética e cínica, mantendo-se afastada de pessoas e sentimentos, sentindo-se insegura consigo mesma. Ao mudar-se para uma nova cidade e um novo emprego, sua vida dá uma reviravolta ao esbarrar em Alessio Vacchia, um...
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E o que eu mais temia, aconteceu. Embora esteja doendo, estou aliviado que ela esteja aqui, caso contrário, não suportaria. O peso seria demais para carregar sozinho. Viena me abraça fortemente, suas mãos pequenas rodeiam minhas costas, sinto sua respiração quente bater contra meus cabelos enquanto deposita um beija no topo da minha cabeça. Sua fragrância trás conforto. O fato de eu ter esvaziado várias garrafas de uísque faz com que eu perca a noção. Minha visão está turva e só posso ouvi-la.
— Estou aqui. Eu não vou te deixar.
Somos complexos, complicados e quase não temos nada em comum. Nossos mundos diferentes torna tudo mais interessante. Eu me irrito por ela sorrir com tanta facilidade para outras pessoas, enquanto pra mim, quase não separa os lábios. Gosto do seu cinismo ao lidar com sentimentos, e o sarcasmo ao falar sobre emoções. Sou apaixonado pela forma que ela se mantem calada enquanto um universo inteiro continua funcionando em seu interior. Há muito nela que eu detesto. Mas, há muito mais que eu amo. Que sou loucamente apaixonado.
— Viena... Eu gosto de você. — balbucio. Afasto-me do seu ombro, limpo os olhos com o dorso da minha e respiro fundo ao encará-la. O semblante indecifrável me confunde. Sinto-me como um adolescente perto dela. Não é muito fácil compreender o que se passa em sua mente. Pode ser qualquer coisa, ou simplesmente nada. — Eu gosto de você demais. E eu não estou falando sobre amor entre mulher e homem. Estou falando de amor sobre pessoa. Sobre quem você é. Estou completamente apaixonado por você.
Entre lágrimas, sorri. Está emocionada. O sorriso de felicidade toma conta de seus lábios. Se todas as pessoas do mundo compreendessem o que é o amor, seríamos felizes? É a coisa mais gratificante saber que alguém te ama como pessoa, e não como mulher, amiga ou família. Mas como pessoa. Estamos constantemente associando a maldade do mundo aos seres humanos, por isso, quando você se apaixona por alguém, você tem medo pois, sabe que isso significa que está entregando seu coração a alguém que pode quebra-lo. Mesmo assim, o faz.
É o que estou fazendo com a Viena. Estou confiando meu coração à ela, embora saiba que ela pode facilmente quebrá-lo e deixá-lo em pedaços. Em pedaços tão pequenos que jamais poderão ser colados novamente.
— Eu também estou completamente apaixonada por você, Arsen Vacchia.
Nossas declarações são o ápice desta relação. E nessa noite, ou no restante que sobra dela, a conto um pouco sobre minha infância. Conto o quanto foi difícil fazer amigos na escola, e em como gostava de sentar - no fim da tarde - na varanda de casa e conversar com meu pai. Revelo um fato cômico que a faz me olhar com admiração. Meus desejos e sonhos, sonhos esses que estão sendo realizados aos poucos. São nesses momentos que ela resolve se abrir um pouco e contar sobre ela também. E eu a ouço. Ouço como se fosse tudo o que mais quisesse ouvir na vida. E... é.
— E quanto a sua mãe? Percebi que a relação de vocês duas não é boa... — comento, analisando-a atentamente. Naturalmente sorri, provavelmente já a espera dessa pergunta. — Ela parece fazer de tudo para que você tenha uma vida boa...
