Entre o silêncio que emanamos, de repente, me dou conta do que está me deixando tonta. É ele. Esse olhar faz com que eu me sinta prestes a despencar. Ele me encara seriamente, parece esperar por outra resposta, ou uma série de perguntas. Mas eu não falo nada. E talvez ele tenha sido pego de surpresa por minha facilidade em aceitar algo tão crucial para as nossas vidas.
Lars solta uma baixa risada, quase inaudível. Parece se engasgar com a própria saliva, desacreditado.
— Aceita?
— Não tenho muito o que perder. Você mesmo citou cada coisa que venho perdendo. — abaixo a cabeça e desdenho de mim mesma, envergonhada ao ceder isso. — Mulheres lutaram por décadas pela igualdade... Veja só aonde me encontro agora.
— Essa não é uma questão de igualdade. Não estou tentando me igualar a você. — rebate, cínico. — É sua decisão. Isso se trata do que escolher. Elas lutaram para que você possa decidir sobre a própria vida, e é isso que está fazendo agora.
Novamente, sorrio.
— Não faça parecer que está me dando uma escolha. Você sabe que isso está longe de ser minha realidade.
— Tudo bem. Admito. Estou sendo mesquinho e egoísta. Me processe.
Lars passa as mãos no rosto, sorrindo em nervoso. A desaprovação quanto à isso é aceitável, não é algo que devemos fazer, mas vamos fazer. Temos que fazer.
— Os dois obviamente não estão raciocinando direito! É só eu que estou vendo a gravidade disso? É um casamento! Não é um encontro onde você pode arranjar uma desculpa esfarrapada e fugir. — pega o contrato de cima da mesa, apontando para a parte onde temos que assinar. — Não há volta depois que assinarem. Terão que conviver juntos. Vocês nem conseguem se olhar nos olhos, quanto mais acordar na mesma casa!
— Não somos crianças, Lars. Sabemos perfeitamente o que estamos fazendo. Tanto Viena quanto eu temos nossas razões. — profere naturalmente. A calma que ele exala é invejável, estou preste a me tornar pó, meu coração bate tão rápido que sinto como se fosse explodir.
— Arsen, você odeia conviver com outras pessoas, como acha que vai ser quando acordar numa bela manhã e se deparar com a Viena na sala ou, sei lá, no banheiro? — pergunta, arqueando uma das sobrancelhas. Então, só aí vejo a dúvida e a hesitação. Ele me fita, me analisa, pensa, reflete. Lars solta uma risada. — Você hesitou. E hesitação é um sinal de incerteza.
— Você sabe que após assinar esse papel, estaremos ligados por 6 meses, certo? — assinto, ainda nervosa. — O contrato é confidencial, o que significa, que só quem está nessa sala saberá a verdade...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um contrato com Viena. - 2
DragosteViena tem vivido a vida de maneira cética e cínica, mantendo-se afastada de pessoas e sentimentos, sentindo-se insegura consigo mesma. Ao mudar-se para uma nova cidade e um novo emprego, sua vida dá uma reviravolta ao esbarrar em Alessio Vacchia, um...