Arsen: Eu não a amo.

1.1K 176 39
                                    

E mais uma vez estamos no ponto de partida; respirações sincronizadas, olhos cruzados e sorriso estampado no rosto

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

E mais uma vez estamos no ponto de partida; respirações sincronizadas, olhos cruzados e sorriso estampado no rosto. Embora estejamos nervosos não permitimos que isso nos afaste. Minha intenção é superar essa crise que parece não ter fim. Em todos os momentos estou frustrado e ela também. Mesmo com as discussões constantes e as palavras rudes pronunciadas no meio das brigas, ela não disse que queria desistir. Por isso me mantive afastado. Tive receio de que ela pudesse - finalmente - cair em si e recuar. Como sempre, Viena juntou todos os cacos em que meu coração tinha se transformado, o remendou e concertou, da mesma maneira que ofereci o ombro para ela, quando parecia uma criança querendo colo, quando soluçava de tanto chorar. Eu fiquei, ela ficou. Eu me distanciei e ela também. Mas acho que ela nunca esteve realmente perto para ter que se distanciar.

Nesse mês, de todas as noites que cheguei tarde, ela nunca havia estado acordada. Mas hoje, nessa noite, quando a encontro sentada no sofá, tenho esperanças de que seja por minha causa. Seus olhos nunca transparecem nada além de indiferença, mas noto preocupação e até certa empatia.

A ligação da May causa o que tanto quero evitar: Nós dois afastados de novo.

Estou ouvindo.

Ouço sua respiração. May e eu tivemos um longo relacionamento que, por mais que gostássemos da companhia um do outro, não fui capaz de amá-la. Não a culpo por ter me traído. Quando não damos o que uma pessoa precisa, sempre há alguém que dar.

— Você saiu sem dizer nada. Acordei e não te encontrei.

Encaro a praia a minha frente, desço o olhar para a calçada onde pessoas andam, distraídas em seus mundos.

As coisas não são mais como antes. Não posso dormir fora. Tenho alguém a minha espera.

Ela ri. Sua risada faz com que eu perceba o quanto minha resposta é rasa e falsa.

Quer que eu acredite que me deixou por causa dela? — indaga entre o riso. — Volte. Durma comigo. Vamos apenas... ficar juntos.

Se fosse há quatro meses atrás, eu não pensaria muito sobre isso e iria encontrá-la. May foi importante na minha vida mesmo que eu nunca tenha a amado.

— Não posso.

— Não pode, ou não quer?

Não quero. Essa é a resposta sincera. Eu não minto. Não consigo por mais que tente. É como se eu sofresse da síndrome de Pinóquio e May sabe disso. Ela me conhece o suficiente para saber que a direi a verdade mesmo que doa.

Eu não quero.

Silêncio. Ela permanece por alguns segundos calada. Ouço sua respiração pesada.

Você a ama?

Sua pergunta direciona meu olhar para dentro de casa a procura de Viena. Ela já não está lá. A taça vazia sobre a mesa é o único vestígio de que esteve ali. Os momentos mais sinceros que passamos juntos vem nas lembranças; o sorriso, o olhar, seus braços, respostas cínicas e expressões cômicas.

Um contrato com Viena. - 2Onde histórias criam vida. Descubra agora