Noite de diversão

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Regina ficou estranhamente calada durante o sábado. Disse que tinha coisas de sua empresa para resolver e passou a maior parte do dia trancada em seu escritório. Deixou-me livre para explorar a mansão, tomar banho de piscina, usar a sauna, fazer o que eu quisesse. E fiquei na piscina, preocupada com ela, pensando em tudo que acontecera naquela manhã. Eu não conseguia esquecer sua fúria e seu desespero, causado pela tia dela. E não parava de me perguntar o que teria por trás daquilo. Dinheiro? Seria o fato de ela ser rica que causava o conflito entre elas? Mas eu sabia que era algo bem mais sério, pois eu nunca o vira tão descontrolada. Ao mesmo tempo, as imagens e sensações do que havíamos feito no carro, na noite anterior e no escritório dela também não saíam de dentro de mim, muito reais e vívidas.
Nunca pensei que pudesse sentir tanto prazer, ser tão arrebata assim por uma pessoa. Mesmo inexperiente, duvidava que fosse dessa maneira com todos ou até que eu sentiria aquilo com outra mulher. Era muito intenso e especial, como uma droga, que não saía do meu sangue, que me deixava dependente, entregue. Estranhava estar toda depilada, lembrava das roupas sensuais que Regina comprou e sentia calafrios ao imaginar as pornografias que eu ainda faria por ela.
Lembrei de Mérida e Ruby dizendo que ela poderia pegar pesado, mas não sabia até que ponto. Regina já deixara claro que não era sadomasoquista, então acho que fugiria ao menos da dor, que era o que mais me assustava. Mas de resto, imaginar outras pessoas me tocando, apesar de ser até mesmo excitante, também não era um desejo meu. Tudo que eu queria era Regina. Ela sim era a minha obsessão, a minha fraqueza.
No final da tarde, ela se juntou a mim. Conversamos banalidades, ela parecia mais tranquila e controlada, mas eu já a conhecia o bastante para notar a tensão em seus gestos, que ela não parecia inteiramente ali. Ainda estava preocupada, com resquícios de raiva. Fiz o possível para distraí-la e passamos um momento agradável, onde soube um pouco mais do trabalho dela e de suas preferências sobre música, arte e outros assuntos. Eu pensava que num dia comum estaria em casa lavando e passando roupa, fazendo o almoço só para mim, e depois leria um livro ou até veria um filme, sozinha, sonhando, me escondendo. Agora estava ali, naquela mansão, com aquela mulher por quem eu era completamente apaixonada e faria outras coisas, totalmente diferente do meu cotidiano. Não queria imaginar como seria meu futuro, quando fatalmente Regina me dispensaria. Como eu voltaria à mesma vida de antes?
À noite ela me informou que sairíamos. Encontraria com uns amigos em um clube exclusivo e foi tudo que me falou. Depois, deixou sobre a cama a roupa que eu deveria usar e foi tomar banho. Saiu linda usava um vestido preto, curto e justo, de mangas compridas. Seu cabelo estava ondulado, criando um volume do qual deixará mais sexy ainda. Sua maquiagem estava extremamente linda, seu batom vermelho despertou-me o desejo de beija-la ali mesmo, como sapato, estava usando um scarpin também preto. Assim que me viu, deu-me um leve beijo e disse que me esperaria na sala. Mas antes avisou:
- Vai ficar linda de vermelho, com essa pele branca, cabelos loiros e olhos verdes, Emms. - Não esqueça do batom vermelho.
Então me beijou e saiu. Tomei banho e me arrumei, nervosa. Por fim, olhei-me no espelho, pronta, sem acreditar que era eu. Engoli em seco, como se me preparasse para o sacrifício. Mas o pior era se eu gostasse de tudo aquilo. Pensei em meu pais, respirei fundo e decidi encarar. Agora, eu estava por minha própria conta.

POV Regina
Terminei o uísque e deixei o copo vazio sobre a mesinha do bar. Caminhei até a sala e parei em frente à janela, fitando o jardim lá fora. Mas quase não a via. Estava tensa, distraída, sem poder se concentrar direito. Gostava de viver só. Era quase uma exigência em sua vida. As mulheres vinham, ela se relacionava com elas por um tempo ou apenas as usava se divertia nas festas e em clubes, mas sua vida era separada de tudo aquilo. Era como um santuário, onde só ela tinha acesso. Não deixava de ser solitária, mas assim preferia. Casamento, filhos, eram coisas nas quais não pensava. Sua liberdade era mais importante do que tudo. Há anos jurara a si mesmo nunca depender de outra pessoa e tivera sucesso nesse departamento. Vivia exatamente do jeito que desejava.
Agora, Emma estava ali. Não era a primeira. Já passara um tempo em sua casa com outras mulheres, algumas das quais desfrutara muito da companhia, todas inteligentes, educadas, submissas, que faziam suas vontades sem reclamar. E que duravam apenas o tempo que ela queria. Emma também faria suas vontades. Era óbvio que estava apaixonada por ela e que se submeteria. Mas algo nela a diferenciava das outras e Regina ainda não compreendera bem o que, embora analisasse aquilo. Era sua inexperiência, suas dúvidas, o medo ao pensar em se entregar não só a ela, mas a outras pessoas. Além do fato de ser extremamente carinhosa. Regina se pegou gostando realmente de sua companhia, desfrutando de tê-la por perto. Seu jeito meigo, ingênuo, o encantava. Até mesmo a maneira como se entregava, tão completamente, sem nenhum tipo de subterfúgio ou sedução planejada, simplesmente sentindo e mostrando. Gostava especialmente do modo como a acolhia dentro dela, seus gemidos femininos, sua entrega doce. E naquele dia, quando a fúria e o desespero a envolveram, só de tê-la ali sentiu que poderia enfrentar tudo melhor.
Mesmo sem saber de nada, seu olhar e sua preocupação silenciosa o confortaram mais do que qualquer outra vez que tivera que lidar com Malévola. Pela primeira vez em muitos anos Regina se vira precisando de alguém e o alívio de ter Emma ali a preocupou mais do que tudo. Pois não queria se envolver. E ela era perigosa, o cercava mesmo sem perceber, fazendo-a desejar algo que não fazia parte dos seus planos. Precisava ter muito cuidado com ela. Cerrou o maxilar. Há anos Malévola não o procurava. Ela sabia bem do que Regina era capaz. Da última vez sofrera as consequências de sua insistência, ela e aquele maldito marido dela, resolveram se afastar e parar de insistir, pois o conheciam melhor do que ninguém e entenderam que estava em seu limite. Era muito rica e tinha muitos contatos. Em uma briga, eles perderiam feio. Inclusive a pensão que lhes dava sem a qual seriam pobres miseráveis. Agora Malévola voltava. Claro, estava viúva. Se informara que Tomás realmente havia morrido de um ataque cardíaco fulminante. Ela sempre o adorara, sempre fora louca pelo marido. Deveria estar realmente desesperada e ainda acreditando que, apesar de tudo, agora que estava viúva a antiga obsessão que tivera por ela a faria recebê-la. Era só chorar, dar uma de pobre coitada e retornar à sua vida como se nada tivesse acontecido. Como se tudo tivesse sido culpa apenas de Tomás. Furiosa, Regina deu as costas à janela e foi então que viu Emma descendo as escadas.
Ela a fitou um pouco envergonhada, seus olhos verdes e brilhantes parecendo maiores devido ao contorno do lápis preto e do rímel, que tornava seus cílios mais longos e espessos. Estava linda. Os cabelos loiros bagunçados levemente. A pele branca era impecável, valorizada pelo pequeno vestido de um vermelho vivo, com pequenas pedrinhas que refletiam a luz. O decote generoso modelava os seios pequenos, o tecido moldava-se à sua cintura fina e aos quadris arredondados. As pernas bem feitas estavam maravilhosas na meia calça preta até o meio das coxas e nos sapatos de salto alto. Nos lábios, o batom vermelho deixava-os mais carnudos. No pescoço, uma tira de tecido preta arrematava os detalhes, como uma pequena coleira. Regina ficou excitada só de olhar para ela, que se aproximou um tanto sem graça, com aquele seu jeitinho tímido de quem se esforça para ser corajosa.
- Usei tudo que deixou sobre a cama. Era isso mesmo
- Sim. Vire-se.
Ela obedeceu. O vestido tinha um decote em v até o final das costas. Marcava bem sua bunda empinada e arredondada, onde ela sabia ter duas covinhas lindas logo acima. Aproximou-se, afastou o cabelo dela para um dos ombros e percorreu o dedo em suas costas de pele macia, no contorno da coluna. Emma estremeceu e arquejou levemente ao mordiscar o lóbulo de sua orelha e murmurar em seu ouvido:
- Você está gostos, vamos sair logo daqui, ou vou desistir e te comer aqui mesmo.
- Faça o que quiser Regina.
- Porra, Emms. – Ela a virou para si, fitando seus olhos. A mão foi para seu seio, acariciando-o suavemente. Ela entreabriu os lábios, o prazer explícito em seu rosto, excitando-o mais. Sorriu, emendando: - Quer me seduzir para não sairmos? Está com medo?
- Para falar a verdade, sim. Como é esse clube?
- Apenas um clube um pouco mais liberal que outros. Onde há vários ambientes, uns mais tranquilos, apenas para conversar e beber. Em outros, encontram-se prazeres variados, à escolha do cliente.
- Você vai muito lá?
- Ocasionalmente. É de um amigo meu.
- Já levou mulheres lá ou as encontra no próprio clube?
- Ambas as coisas. – Sorriu de sua ansiedade.
- E o que... Terei que fazer?
- Tudo que eu quiser. Vai fazer isso, Emms?
- Sim.
- É uma promessa?
- É, Regina. Ela acariciou sua face. Por um momento, sentiu que ficar ali com ela seria uma delícia. Poderia transar à vontade, se fartar, dar-lhe prazer. Com outras mulheres sempre queria mais sacanagens, mais pessoas, mais excitação. Com Emma, aquilo não era bem uma necessidade. Só ela já lhe dava um prazer absoluto. Mas isso era mais assustador do que tudo. Uma mulher já o tivera nas mãos uma vez e Regina sabia o quanto isso podia ser ruim. Jurara nunca mais ser dependente de uma, controlar todos os relacionamentos e assim estava feliz. Emma, por mais encantadora que fosse não tiraria aquilo dela. Mais do que nunca Regina sentiu a necessidade de provar a si mesmo que Emma era apenas mais uma mulher que só passaria por sua vida. Naquela noite, ela faria seus mais baixos desejos, a olharia com outras pessoas, não teria pena, a usaria até se convencer que não era especial, que com o incentivo certo ela entenderia que sexo e amor não andavam sempre juntos. Inclusive faria um favor, libertando-a de seus medos, sua criação rígida, seu suposto amor por Regina, ela seria mais livre e feliz depois que tudo terminasse. E deixaria de lado aquela sua vidinha escondida e medrosa.
- Vamos. Quero que se divirta hoje.

Minha Tentação (CONCLUIDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora