Narradora on****
Alice começa a dedilhar as notas no piano e o som ecoa por toda a biblioteca.
A melodia era calma e agradável, suas notas podiam ser sentidas no corpo de quem a ouvisse.
Cada dedilhar era limpo e suave, deixando a composição leve e sutil.
Ela transmitia emoções diferentes dependendo de quem a estivesse ouvindo.
Podia ser como uma declaração de amor para a pessoa amada.
Uma canção de ninar em uma caixinha de músicas.
Uma maneira de demonstrar perdão...para os corações pesados devido as amarras da culpa.
Dante sente sua pele se arrepiar, e sua mente é tomada por recordações e nostalgia.
A maneira como a música era tocada era tão semelhante a de sua Bella.
Logo o homem se lembra das noites chuvosas que a família passou dentro daquela biblioteca.
De Pietro pequeno deitado em seus braços enquanto Dante estava sentado no sofá em frente à lareira, Simon e Dandelion brincando no tapete enquanto Isabella tocava seu piano.
O criptar da madeira e o som da chuva pingando nas calhas da mansão.
Ele se lembra então das noites ao lado de Bella, apenas observando a mulher dedilhar as teclas do piano com maestria.
Como ele a amava, seus cabelos cor de ouro, seus olhos verdes como duas belas esmeraldas. A maneira como ela era boa em tudo, desde tocar piano à dançar ballet.
Dante se lembra de sua Bella ficando na ponta de seus pequenos pés e dançando contente no grande salão, a maneira como suas mãos se erguiam para o alto e como o sorriso em seu rosto nunca sumia.
A melodia fica mais agressva.
Dante sente novamente a dor de sua perda.
Se lembra de quando invadiram sua mansão e dispararam contra ele, e se lembra de ver aquele pequeno corpo o proteger das balas.
Seus cabelos loiros agora tingidos de vermelho, o sangue escorrendo pelo salão.
Ela ainda sorria, lágrimas escorriam em seu rosto.
Sua mão pequena, tremendo enquanto alisava seu rosto.
E a promessa, de nunca deixar nada acontecer com Pietro, o único que sobreviveu aquele massacre.
Os olhos verdes já não brilhavam, sua pele já não era rosada.
Os olhos de Bella se fechando para nunca mais se abrirem, sua mão caíndo no chão ensanguentado e seu último suspiro.
A música fica mais suave, como um sussurro.
Ele se lembra do enterro, e do ano que seu último filho passou aperfeiçoando uma estátua para sua mãe.
Como ele se empenhou para ser perfeito em tudo, artes, idiomas, notas.
A distância que surgiu entre eles, o frio que os corredores da mansão exalavam.
Nunca mais o piano foi ouvido, os pássaros não cantavam. As flores não floresceram.
Pietro acorda de seu sono num pulo, assustado com a melodia do piano ecoando pelos corredores.
Mamãe?
Ele se levanta e se veste como pode, o rapaz corre pelos corredores com seu coração batendo forte em seu peito.
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Um caso com o Diabo
RomansaAlice e seu pai, Benjamin Graham se mudam para Verona na Itália devido o trabalho do mesmo, um ano após a morte de sua mãe, Katharine. Porém nem tudo é um mar de rosas e Alice descobre isso da pior maneira.