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Bae Joo-Hyun


  Não havia nenhuma forma de ventilação naquela sala. Não havia nada,nenhum objeto ou móvel. Apenas um ralo no meio da sala. As paredes eram de concreto,e em algumas partes,haviam arranhões e sangue espalhados por elas. O chão era um azulejo que um dia foi branco,agora possuía uma cor estranha,escura,suja. O local cheirava a bicho morto,e a todo momento meu estômago se revirava. Mesmo estando vazio,era pequeno,e só havia uma porta no canto. Uma porta de ferro, extremamente pesada que fazia um som alto e agoniante,de doer os ouvidos,o chão próximo a porta,estava muito arranhado.
   Ele não me disse seu nome. Não me fosse nada a seu respeito e eu prefiro não saber. Prefiro que ele seja um completo estranho até Jin me encontrar. Eu vou sair daqui logo logo. Meu irmão não é bobo e vai perceber minha falta o mais rápido que eu possa esperar.
  Ele se faz de bonzinho. Neste exato momento,está limpando meus ferimentos na cabeça com um pano úmido e água. Tento me mexer a todo instante para dificultar seu trabalho.

-Fique parada! -Seus dedos apertaram minhas bochechas com força,afundando minha pele e me causando um desconforto. O pano ardia a cada vez que era passado em minhas feridas. Que tipo de monstro ele é? Machuca e depois vem fazer os curativos?

-Seu eu fosse você, é melhor não tentar fazer nada comigo por que meu irmão vai me procurar até debaixo da terra!

  Cuspi minhas palavras em seu rosto e continuei virando minha face para o lado oposto da dele. O homem em minha frente acabou rindo nasal e molhou o pano no balde com água novamente.

-Que bom que seu irmão sabe onde te procurar. -Ele me olhou por cima dos cílios,apertando o pano,deixando-o úmido novamente. Sua ameaça não me afetou nem um pouco. Eu sei que ele quer apenas me assustar,se fosse para me matar,eu já estaria morta. Temo,pelo que ele guarda para mim.

-Ele é delegado sabia? Delegado da cidade e ele é o melhor que tem! Quando ele te achar,vai te virar do avesso e te cortar em pedacinhos!

Novamente ele riu. Dessa vez,ainda mais audível,e apertou o pano contra meu ferimento,me fazendo soltar um grunhido de dor. Seu riso desapareceu em seguida e ele me olhou de uma forma inexplicável,mas que me fez estremecer e engolir em seco.

-Se ele não me encontrou esses meses todos,você acha que vai me encontrar agora? Não seja tola criança.

-C-como? Quem é você? Porque você está fazendo isso? -Encarei seu rosto tentando reconhece-lo de algum lugar. Eu conheço Hopeless como a palma de minha mão,conheço todos os rostos possíveis existentes nela,como não me lembraria de alguém como ele? Ele é extremamente ridículo e esse cabelo na cara é estranho. Como eu não me lembraria de alguém assim? Ah não ser,que ele não seja de Hopeless. Ele pode morar na floresta? Oh não,isso é impossível. De qualquer forma,ele teria que sair daqui e ir até a cidade comparar mantimentos,roupas,ou qualquer coisa. Uma pessoa não sobrevive só na floresta por tanto tempo. E ele me parece saudável,alguém que vive na floresta,só na floresta,não tem como estar em forma assim. -Você não vai me matar. Se fosse fazer isso,teria feito quando me viu entrando no seu terreno,isso nem deve ser seu terreno,você roubou não foi? Você deve ser um ladrãozinho e eu quase peguei você no flagra,agora você quer me manter presa para pedir uma recompensa. Olha eu já vou te avisando que o Jin não vai pagar nada!

-Você fala demais. -Ele se levantou com raiva e jogou o pano no chão. Meus pêlos se arrepiaram,mas eu não iria abaixar a cabeça. A porta de ferro foi aberta e eu tentei tampar meus ouvidos encolhendo os ombros. Ainda estava amarrada,e ele nem fez menção de me soltar. Quando percebi que estava sozinha,chutei o balde água com o calcanhar,derramando o líquido por tudo o chão até descer pelo ralo. Assim que a água escorreu pelo cano um cheiro horrível invadiu minhas narinas e fez meus olhos lacrimejarem. Tossi algumas vezes e acabei dando um pulo no lugar quando novamente,a sala foi ocupada por ele.

-Que porra tem nesse buraco? -Afundei meu nariz no ombro enquanto escutava seus passos se aproximarem novamente de mim. Minha cabeça foi levantada e ele me obrigou a olha-lo nos olhos. Qualquer pessoa no meu lugar,estaria em total caos,gritando,chorando,ou até mesmo implorando pela vida. Mas se tem uma coisa que Jin me ensinou,e perfeitamente bem, é nunca demonstrar medo,ou desespero. Ele vai de aproveitar disso e usar contra mim. Por mais desesperada que eu esteja,preciso manter a calma e nunca,deixar que ele tome o controle da situação. -Você devia limpar isso aqui,olha esse fedor,quem você matou aqui?

-Algumas pessoas.

Ele disse com tranquilidade me encarando. Sua íris estava latejando. O nervosismo fez minha cabeça voltar a doer,e eu tentei me concentrar em qualquer coisa para não desmaiar. Ele vai me deixar sangrando até morrer?

-Tão engraçado...-Imitei uma risada forçada e tentei não olhar diretamente em seus olhos. Isso me deixaria ainda mais nervosa e eu acabaria comentando algum deslize,talvez eu possa entrar em estado de pânico e começar a gritar. Eu nunca passei por uma situação assim,eu nunca me imaginei sendo sequestrada. Eu nunca tive tempo para planejar sequer uma fuga. E como eu iria fugir daqui? Pelo ralo? Te garanto que nem minha cabeça passada por esse buraco. Ou pela porta de ferro? Não tenho muita força física,eu no mínimo,a moveria apenas alguns milímetros. Resumindo minha situação,eu não tenho como escapar daqui. Na verdade,se eu ao menos sair dessa sala,eu consigo arranjar algum jeito de sair. A floresta será o de menos. Eu conheço cada árvore a cada grama. -Então...como você se chama?

Ele revirou os olhos e soltou meu rosto. Pegou o balde com uma mão e o pano com a outra. Depois disso,ele saiu novamente.
  Escutei o barulho da tranca da porta. Ele havia me trancado aqui. Qual era a dele? O que ele pretende fazer comigo? Eu espéculo,que queira recompensa. Quando o provoquei com esse assunto,ele saiu todo irritado.
  Não tenho certeza de quanto tempo fiquei ali. Deviam ter se passado horas,mas ele não voltou. Eu não aguentei ficar acordada por tanto tempo,eu não consegui. As pancadas que levei na cabeça ainda doíam,e eu não me lembro de mais nada.

Quando acordei,estava em outro lugar. E eu orei com todas as minhas forças para que ele me matasse ao em vez de fazer o que eu imaginava que ele faria.

SociopathicOnde histórias criam vida. Descubra agora