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Bae Joo-Hyun

  
      A cabana era pequena. Totalmente coberta pela madeira. E muito bem aconchegante. Ao julgar,parecia uma simples moradia de um homem solitário. Haviam alguns quadros pelas paredes,quadros de pintores famosos,um mais belo que o outro. Existiam inúmeros livros pelas prateleiras pregadas na parede,eu não consegui indentificar o tema de nenhum,alguns,eram até com o título em outras línguas desconhecidas por mim. Os móveis eram em uma tonalidade escura de madeira,e a lareira deixava o ambiente quente e agradável. Eu não consegui encontrar seu quarto e o banheiro,mas quando passamos por um corredor próximo a escada que levava ao porão,pude perceber três portas trancadas. A cozinha era cheia de eletrônicos,e percebi que ele gostava de cozinhar. Próximo ao armário,haviam 5 edições seguidas,de livros sobre culinária. Em um universo totalmente paralelo e em situações diferentes,talvez,Kim e Jin fossem amigos. Ele não disse uma palavra sequer desde que me libertou lá debaixo. Apenas me guiou até o andar de cima.
    A porta principal,está devidamente trancada. Existem muitas trancas,e até uma de código. Tentar escapar por ela, é tempo perdido. As janelas me parecem estar apenas fechadas,mas destrancadas. Se eu conseguir apagá-lo por algum tempo,eu posso fugir facilmente. Aqui,eu tenho várias opções. Posso jogar a batedeira em sua cabeça,ou algum de seus livros pesados,tem até um videogame e uma enorme televisão. Como ele conseguiu eletricidade no meio da floresta? Isso é um pouco estranho. Contudo,vindo dele,eu não me surpreendo com nada.
   Kim me obrigou a sentar na mesa,o único móvel diferente e sem combinação com o resto da casa. Era de vidro,e os pés, rosas. Totalmente desconexo com o restante da decoração. Bati os pés no chão de madeira por impulso,e recebi um olhar de reprovação. Kim usava uma blusa de moletom preta,e uma calça jeans escura. Não usava sapatos. Estava apenas com uma meia nos pés. Seus cabelos estavam como sempre,jogados em seu rosto,mas dessa vez,penteados. Ele quer parecer um homem normal,que não tem nenhum segredo e que cansou do mundo e foi viver com os animais. Mas Jin não será besta e não irá se enganar por apenas aparências. Quando ele encontrar essa cabana,vai revirar ela de cabeça para baixo e me encontrar.

    -Se você tentar fugir,eu vou cortar seu dedo como castigo,entendeu? -Ele apontou uma faca em minha direção,enquanto me ameaçava. Concordei com a cabeça a movimentando para baixo e para cima em um único movimento. Kim voltou sua atenção para a cozinha e começou a pegar algumas carnes na geladeira. Ele vai cozinhar? Então para que me chamou? Isso está tudo estranho. Ele não é burro em me dar tanta liberdade assim e muito menos em me deixar perto de tantos objetos cortantes. Eu posso matar ele agora mesmo e ninguém nunca vai achar o corpo,depois eu posso inventar uma história doida e dizer que simplesmente me perdi na floresta. -Você não tem medo de mim.

   Kim comentou enquanto continuava a pegar materiais dentro da geladeira e do armário. Foi do nada. Eu não sei se ele soubendo disso,vai facilitar minha convivência ou dificultar,se ele achar que eu não obedeço suas ordens e não o respeito,ele pode considerar isso como uma grande afronta e eu posso acabar me prejudicando. Mas não posso deixar transparecer que tenho medo,isso nunca.

   -Todos os outros tiveram medo de mim. Assim que eu me aproximei deles,eles já começaram a gritar. Era tão irritante que eu acabava com aquilo de uma vez. -Existiram outros antes de mim? Isso explica muita coisa. Explica a casa toda preparada para manter alguém em cativeiro. Explica a localização no meio da floresta. Explica o jeito que ele age com as coisas e as ameças. Por que eu não pensei nisso antes? Porque eu não pensei que ele era um sequestrador? Era o mais óbvio em vez de um ladrãozinho. Tudo bem,agora,eu acho que posso começar a sentir medo. Kim continuava com a faca próxima a si e a cada movimento meu,ele levantava o olhar. Enquanto preparava algo estranho num pote. -A última mulher que eu matei,me achou terrivelmente sexy,e praticamente me implorou para foder com ela. Porque você é diferente em Bae?

   Ele usa um vocabulário muito vulgar. Foder. Quem fala isso hoje em dia? Ele não pode deixar as coisas menos desconfortáveis e só dizer, "sexo"? E a "última mulher que matei" meus olhos se arregalaram quando notei a gravidade dessas palavras. Precisei colocar a mão em meu peito e impedir que meu coração pulasse para fora. Confesso que agora,eu estou terrivelmente desesperada e em pânico. Eu não estou conseguindo raciocinar direito. Ele matou. Matou uma mulher. Ele,ele é um assassino? Um maníaco? Por que ele não me matou ainda? É um hobbie,se divertir com suas vítimas antes de mata-las? Puta merda! Eu preciso fugir! Eu preciso mandar um sinal para o Jin!
   Calma Bae. Não entre em pânico. Ele vai perceber isso. Você precisa continuar com sua incrível ideia de não deixar que ele te intimide.

   -C-como assim? O que v-você é? Você ma-mata p-pessoas? -Eu tentei controlar,mas gaguejei diversas vezes. Kim levantou o olhar novamente em minha direção e sorrir de forma estranha. Comecei a apertar meus punhos com força. Minha unha começou a se cravar em minha pele,mas eu não conseguia parar. Eu precisava descontar meu medo em algo antes de começar a gritar.

  -Você ainda não percebeu isso querida? -Seu olhar me assustava e seu sorriso também. Ele se manteve fixo em mim,observando cara feição e cada movimento que fazia. Ele parecia se divertir com o meu medo e gostava do que via. Tentei parar de tremer,mas era impossível. Minha cabeça cogitava inúmeras possibilidades para o futuro,e em todas elas, Jin encontrava meu corpo já sem vida,jogado em algum canto. E eu tenho certeza,que minha morte não será rápida e sem dor. Ele vai querer me matar lentamente,aproveitar cada momento,e será doloroso,eu posso perceber isso em seu olhar. Ele me olha com um certo desejo. Nada sexual. Ele parece sempre estar me imaginando morta ou agonizando de dor. Acho que o cativeiro e meu sequestro, é algum tipo de jogo para ele. Kim se diverte fazendo isso. -Você gosta do rio Sky não é?

  Concordei lentamente e olhei para a janela atrás de si. Eu conseguia ver o rio perfeitamente bem por ela. Estava agitado hoje,a correnteza devia estar forte. Isso acontece raramente. Então, provavelmente,iria chover.

   -É muito bom saber disso Irene. Vai ser lá que seu irmão vai te encontrar. -Eu juro,que eu tentei ao máximo que eu podia,mas eu não consegui controlar meu corpo. Uma lágrima de medo e dor escorreu por minha face e eu tentei enxuga-la antes que ele visse,mas foi em vão. Ele sorriu vendo o quão amedrontada eu estava e me olhou com uma certa fascinação. Eu não entendo o que ele em mim. Minha falta de medo atiça ele? Ou, atiçava,porque agora eu estou me borrando. Que tipo de assassino ele é? Manipulador? Gentil? Agressivo? Eu não consigo indentificar. Ele pode ser um psicopata? Isso responderia muitas perguntas,mas ele parece se importar as vezes. Como,quando cuidou de meus ferimentos. Um psicopata não faria isso. -Você gosta de alguma bebida Irene?

  Eu não gosto que ele em chame assim. Apenas meu irmão e minha mãe tem esse direito. Se eu o contrariar em relação a isso,ele vai pensar que ainda,pelo menos uma parte,ainda não sente medo dele.

   -Não me chame assim. Você não tem o direito de me chamar assim. -Não gaguejei. Isso é ótimo. Apertei minha mão o máximo que podia e soltei logo em seguida quando a dor me impediu de continuar. Minhas mãos estavam com as marcas de minhas unhas e um pouco de sangue. Kim parou tudo que estava fazendo e voltou a me encarar. Com raiva.

   -Eu posso te chamar do que eu quiser. Você é minha agora Irene. Eu posso fazer o que eu quiser com você.

SociopathicOnde histórias criam vida. Descubra agora