Bae Joo-Hyun
Sempre ouvi,que desejar aquilo que vai lhe trazer ruína, é como assinar sua carta de suicídio,e eu sempre achei isso a mais pura verdade. Desde pequena,eu brincava com a morte. Nunca gostei de ficar quieta,e precisava de aventura,diversão,dançava com a morte todas as vezes que me aventurava pela floresta densa e escura,cada vez que nadava no Sky mesmo,a temperatura sendo baixa e ele sendo fundo. Não importa,eu sempre brinquei de morrer. E dessa vez,não está sendo diferente. Todos os dias, é como se eu acordasse com a própria morte ao meu lado.
Taehyung saiu cedo,como sempre faz,dessa vez levou o Billy e disse que traria algum livro novo para mim. Não me importo. Não é como se eu estivesse pensando em ler.
Por algum motivo,me sinto em uma ampulheta,e a cada minuto,a areia vai se acabando. É como se,minha vida disse a ampulheta,e ela estivesse chegando ao fim.
Por esse motivo,decide,que de alguma forma,eu não gostaria de morrer virgem,e que talvez,só talvez,isso me possibilitasse algumas mordomias a mais nessa casa,como digamos,poder abrir alguma janela,ou não trancar a porta até a última tranca.
Vender meu corpo? Não,seria apenas uma troca de favores. Eu desejo sentir o prazer de forma mais intensa antes que tudo aconteça.
Tenho sonhado com Jin. Vejo seu rosto. Ele está sempre em conflito,sempre triste e esgotado. Julgo,que ele esteja perdido sem minha presença,sem que eu possa conforta-lo e acalma-lo. Jin sempre fora um ótimo policial,me surpreende que ele esteja demorando tanto para me achar.
Estou aqui a quanto tempo? Um mês? Dois? Sei que já se passaram de apenas algumas semanas. Ou dias. Ou até,eu esteja aqui apenas 20 dias. Já que como não possuo nada para fazer,o tempo demora a passar e os dias são lentos.
Pelo vídeo da janela do quarto de Taehyung,eu consigo ver uma pequena parte das águas doces do meu querido amigo Sky. Hoje,ele parece tão calmo,que seria um dia ótimo para um banho se o clima fosse favorável. Posso ouvir o barulho da água,batendo nas pedras e umas nas outras. Tão magnífico e simples. Tão intenso. Se fechar o olho,consigo me lembrar muito bem,de como era acampar com minha família próxima a ele. Consigo até me lembrar da felicidade que sentia quando estávamos lá.
Um sorriso doce de implantou em meus lábios,que eu mal havia notado. Eu nunca senti muita saudade de minha mãe. Sempre acreditei que ela estava em um lugar muito melhor e que estava bem,porém,como disse,tudo estava estranho ultimamente,e eu sinto como se eu precisasse dela cada dia. Nós não éramos carinhosas uma com a outra,então eu não sei o que é ter o colo dela para chorar,mas,agora,eu gostaria de saber.
-Trouxe uma coisa pra você. -A voz grave e rouca de Taehyung apareceu no início do corredor. Lentamente,me afastei da janela e caminhei até ele com certo receio. Ao me aproximar da sala,notei que Billy estava em algo parecido com uma casa para cachorros e que Taehyung havia trago muitas sacolas. Assim que me viu,ele sorriu e começou a procurar de forma desesperada entre as sacolas. -Você vai gostar muito Irene.
Irene. Era o nome de minha vó. Paterna. Minha mãe me dizia que possuía o sorriso dela,e o espírito,que de certa forma,sempre se lembrava dela quando olhava para mim. Não cheguei a conhece-la,já que meu pais se separaram quando minha mãe engravidou de mim,e fugiu para Hopeless. É uma longa história,e eu nunca tinha parado para pensar no meu pai,até este momento. Por que eu nunca o procurei? Também não sei. Talvez,eu devesse tê-lo procurado.
-O que é? -Tentei parecer um pouco curiosa e me aproximei o ajudando a procurar. No fim,ele retirou uma caixa de DVDs e me entregou sorrindo. Haviam vários. De diversos gêneros. Ele deve ter pensado que eu estava enjoada de ver os mesmos filmes,e quis me dar novos. Admiro a força de vontade,mas devo dizer,que o melhor seria,que eu visse os filmes em minha casa. Porém,eu já estou me acostumando a tudo isso. Estou aceitando meu presente. -Obrigada Tae!
Ele ainda sorriu e selou meus lábios bem rapidamente antes de voltar a guarda as compras. Seus lábios estavam bem gelados. Mesmo que por instantes,eu pude sentir. Seria muito bom se ele me beijasse agora. Não nego que o beijo dele,e a sincronia que temos, é simplesmente incrível.
-Eu estava pensando em uma coisa Taehyung. -Caminhei até a estante que segurava a televisão,e comecei a organizar os filmes por ordem alfabética. Sei que Taehyung gostaria que fosse assim. Esperei que ele fizesse algo para que eu continuasse a falar,mas como não fez nada,eu apenas decidi por contar própria a prosseguir com meu diálogo. -Já fizemos algumas coisas certo? Tipo,nós beijamos,você já fez aquelas coisas com os dedos,sabe?
-Uhum. -Ele parecia não se importar muito. Olhava atentamente para a data de validade de um galão de leite antes de guarda-lo em seu devido lugar na geladeira.
-Então,eu pensei sabe,que...não sei...talvez você pudesse fazer algo a mais? -Gaguejei levemente e tentei esconder isso virando o rosto para a outra direção. Taehyung respondeu novamente de forma simplista,sem me dar tanta atenção. Respirei fundo antes de dizer o que eu finalmente queria. -Eu queria que a gente transasse Taehyung.
Dessa vez,tenho certeza que ele me ouviu. O galão de leite atingiu o chão com tanta força,que estourou,sujando todo o chão pelo líquido branco. Quando ergui meu olhar,e encarei Taehyung,ele parecia chocado. A boca aberta levemente,os olhos arregalados,e o semblante totalmente sem reação. Não o julgo,pois nem eu mesma,pensei que diria tal coisa.
Me levantei e peguei o pão no vão da porta o colocando sobre o líquido, Taehyung demorou um tempo até se mexer e me ajudar.
-Essas...essas coisas não são tão fáceis, Joo. Não é como se eu pudesse simplesmente transar com você. -Sua mão afastou a minha com cuidado e ele me pôs de pé voltando a limpar o chão em seguida. -Você disse que era virgem,então não deve me pedir essas coisas. Esses momentos,devem ser feitos com pessoas especiais.
-Vai bancar o romântico agora Taehyung? Eu não quero que seja especial,eu só quero transar logo para tirar esse fardo!
-Fardo? Ser pura não é um fardo! -Ele jogou o galão na lixeira e lavou o pano na pia antes de voltar a limpar a madeira.
-Pura eu sei que não sou Taehyung. Eu só quero morrer sabendo como é a sensação entende?
-Mas você não vai morrer. -Ele nem ao menos percebeu o que havia acabado de falar. Todas vezes,duas ameaças se resumiam em me matar.
-Você pode fazer o que estou pedindo?
Kim Taehyung ficou um bom tempo pensativo. Limpou o chão por completo,passando o pano várias vezes no local para que não houvesse nem uma hora sequer. Quando finalmente acabou,ele apoiou os braços na pia e me encarou por um longo tempo,como se estivesse analisando cada reação e cada traço do meu rosto. Um sorriso ladino apareceu em sua boca, enfeitando sua face.
-Posso pensar nisso depois.
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Sociopathic
FanfictionHopeless sempre teve seus dias miseráveis. A pequena e assustadora cidade esquecida pela sociedade, sempre fora temida até mesmo por seus habitantes. Rodeada por uma imensa e grotesca floresta, Hopeless ainda precisa se preocupar com um mal maior...